Natal lembra infância, a casa com aroma de alimentos
deliciosos preparados para a ceia, burburinho de gente feliz a conversar e rir,
muitos presentes, muita saudade. Esta
época do ano eu considero difícil de enfrentar, porque minha viagem ao passado tem passagem só de ida, preciso voltar a pé todas as vezes que vejo uma
árvore de Natal com luzes coloridas, que escuto as canções de Natal. Meus pais,
meus avós e bisavós, meus tios, meus irmãos. Muitos partiram deste mundo, em
direção ao infinito. Lembro de um Natal que deixou lembrança especial.
Talvez, eu tivesse quatro, cinco anos de
idade. No céu vi uma luz que se movia entre as estrelas. Talvez, fosse um
avião, ou um satélite. Pra mim era o Papai Noel, com seu trenó iluminado. Meu coração acelerou, eu pulava de
contentamento! Noite Feliz! Quase todos os anos eu pedia o mesmo presente: uma
nova boneca Susie.
Minha mãe e minha avó me levavam às compras, que faziam de
modo discreto, conseguiam me enganar direitinho. As lojas escolhidas,
invariavelmente, eram a Sears e o Mappin, aqui na cidade de São Paulo. A loja
Sears ficava localizada onde hoje funciona o Shopping Pátio Paulista, na Rua
Treze de Maio. O Mappin ocupava a esquina da Praça Ramos de Azevedo com Rua
Xavier de Toledo, no Centro da cidade. Nenhuma
dessas duas grandes lojas de departamentos sobreviveu ao passar das
décadas. Eu adorava ir à Sears. Havia no
fundo da loja um setor destinado aos gulosos e esfomeados, ou seja, um setor
feito sob medida pra mim! Guloseimas
irresistíveis, tais como amendoim e castanha de caju torrados na hora, eram
pesadas e acondicionadas em saquinhos de papel branco. Havia também um
chocolate branco, em formato de bichinhos, de sabor inesquecível. Balas
azedinhas da Sönksen. Tudo isso e mais
um pedido especial: Papai Noel, traga pra mim a minha boneca. A foto sorrindo
ao lado do bom velhinho é em preto e branco. Eu usava um lacinho de fita,
vestidinho rodado e sapato branco de pulseirinha. Zeca, meu irmão, ao meu lado, rostinho feliz
e sapeca. Esperar pelo Natal era o
melhor da festa.
O dia em que minha mãe buscava as caixas guardadas com todos
os enfeites natalinos era um dia mágico. Montar a árvore, aquela confusão de
bolinhas que quebravam, luzes do pisca-pisca que volta e meia não funcionavam.
Risos, alegria, esperança. O grande dia, a mesa caprichosamente posta, todos
reunidos para celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Anos mais tarde, vi o mesmo sorriso feliz, o
mesmo brilho nos olhos verdes do meu filho. A magia do Natal que passei
adiante, o doce encantamento da espera do Papai Noel. Outros dias virão, a vida segue em frente, o
tempo passa. Um dia, meus netos viverão o mesmo instante, feito uma brincadeira
de roda infinita, um laço bonito que enfeita a vida.
Natal, pra mim, é saudade. Saudade de você, Mami, que fez
dessas datas um momento inesquecível pra mim e meus irmãos. Saudade de você, Pai, Vó, Tia, Vô. Meus personagens reais, que me ensinaram a ser quem sou. Celebrarei mais uma vez, escondendo em uma
caixa bonita o meu coração quebradinho pela ausência de todos vocês. Celebrarei
buscando no Céu estrelinhas muito brilhantes, que acenarão pra mim. Meus “Papais
Noeis”, que tanta alegria me trouxeram ano após ano, lembranças que valem mais
do que todo e qualquer presente que alguém possa comprar.
A você, leitor, leitora, deixo aqui o meu desejo de um Feliz
Natal, com muito Amor, muita Paz. Que o ano de 2013 seja repleto de bons
motivos pra você celebrar a Vida, com saúde, harmonia, prosperidade.
Diva Latívia sai agora de férias. Até a volta!