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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







18 de fev. de 2016

AO SOM DE AT LAST! ( Eu, romântica)

Ouvi a nossa música. Antiga, mas tão atual. Ao escutar seu primeiro acorde, aumentei o volume do rádio. Fechei meus olhos e dancei com o invisível, balancei meu corpo suavemente para lá, para cá, no ritmo lento da melodia. Cantarolei desentoada: “And here we are in heaven, for you are mine at last”.
Tentei imaginar o mundo interior de quem escreveu a letra da canção At Last. Corri à Wikipedia e encontrei muita história. At Last! é escrito assim, com ponto de exclamação, de acordo com o site. A música foi composta em 1941 por dois autores: Mack Gordon e Harry Warren, para um filme chamado “Orchestra Wives”.  Não diz ali qual dos dois escreveu a letra, mas merece aplausos em pleno século 21.  Em 1961, a cantora americana Etta James lançou seu primeiro álbum, que é considerado pela revista Rolling Stone um dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, com o mesmo nome da canção: At Last!
Tirei meus óculos de leitura. Ri de mim, para tudo preciso de pesquisa, informações muitas. Curiosa, talvez. A música já havia parado de tocar no rádio há alguns minutos quando resolvi escrever o texto. At Last!  Senti estar em um tapete mágico, sonho de mil e uma noites. Se a vida durasse um instante, o amor seria eterno. Lágrimas pingaram sobre o teclado do notebook. O mundo real me chamou de volta, tratei de lavar o rosto. No rádio tocava Djavan, “Se”. Eu, nessa de horror, tratei de seguir o roteiro do resto do meu dia. Sem mais cantarolar, dançar ou divagar. Isso faz tantos anos, se fosse um retrato estaria amarelado pelo tempo. Decidi adquirir o álbum de Etta James, algo tão antigo quanto eu, tão atual quanto o que inspirou esta história.
Para vocês deixo o vídeo com a bela canção, aqui interpretada por Beyoncé. Dancem, sonhem, balancem os pezinhos, curtam... At Last!




17 de fev. de 2016

IDEIAS EM BRANCO ( a desilusão de uma blogueira com mania de escrever)

Escrever é algo natural, para quem viveu entre livros e poetas muitos. Mas, escrever e publicar em um blog, isso é questão de ...
Estava nesse trecho do texto quando, sem mais e nem menos, padeci do que, popularmente, é chamado “branco”. Deu branco, as palavras sumiram. Sim, fugiram, foram para o mesmo lugar onde sempre estiveram. Correram todas juntas para dentro dos livros da imensa biblioteca do meu avô José.  Talvez, estejam agora em algum tratado de Direito Internacional, ou na primeira edição de O Único Amor de Ana Maria, de Isa Silveira Leal. Brincaram de esconde-esconde em algum dos muitos volumes do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato. Observam-me agora do alto de uma das imensas estantes de madeira perfumada de meu avô, a fingir que não existo. E eu, que teimo em escrever, agora pergunto: onde estão os parágrafos, as rimas, o ponto final? De que vale a vida sem expressar-me em letrinhas?
Tentei continuar o texto: isso é uma questão de fé. 
Sim, é preciso ter fé para acreditar no próprio texto. Fé na ponta dos dedos, fé na vida que fica registrada em contos breves e, tantas vezes, ninguém lê. Hoje em dia ninguém tem tempo. Quem tem tempo, não perde o tempo. E eu? Ah, eu escrevo no blog.
Tentei novamente: isso é uma questão de fé e coragem.
Coragem, porque sou uma escritora desconhecida, com textos e mais textos escritos, alguns perdidos em blogs por aí, ideias roubadas, pirateadas. Há um livro que escrevo e está pela metade, porque não salvei em pendrive os meus arquivos, o computador se foi, os textos desmaiaram com ele. Sou alguém que alguns consideram uma blogueira com mania de escrever, de vez em quando perco a coragem, vejo minha fé ficar miudinha como a chama de uma vela quase no fim. E as palavras todas correm para um esconderijo distante, demoram a ressurgir. E, mesmo assim, eu escrevo.
Fé, coragem. Aqui está mais uma história breve, sem qualidade literária, de acordo com os entendidos, mais um registro do que eu escrevi. Eu, a blogueira persistente com sua fé, coragem e mania de tanto escrever.  Talvez, minha lagoa seja outra. Talvez, no meio literário eu seja o patinho feio. Gosto mesmo é de teledramaturgia, coisas que se escreve sem os aplausos dos eruditos. E aplausos, isso eu dispenso. O que eu quero é escrever. Até que enfim, encontrei o ponto, falta agora encontrar a rima.

14 de fev. de 2016

O AMOR NO DIA DE SÃO VALENTIM

A energia mais sutil de nossa existência é o amor. Amor eternizado, que sai do peito e se traduz em gestos, versos e beijos.
Além do infinito está o amor, que ultrapassa as barreiras do que é tangível. Amor delicado, fortaleza singela que vence obstáculos e frutifica em adversidades muitas.
Amor simples e belo, poderosa força invisível que salva vidas e enfrenta a própria morte. Para o amor não existe impossibilidade. Amem-se e que esse amor seja puro e sem fim.

Aqui no Brasil o Dia dos Namorados é celebrado no dia 12 de junho, que é véspera do Dia de Santo Antônio, o Santo Casamenteiro. Em outros países hoje, 14 de fevereiro, é o Dia dos Namorados, ou Dia de São Valentimhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_dos_Namorados

13 de fev. de 2016

PREFIRO PIPOCA ( Eu, na contramão dos fatos)


Como dizia meu saudoso pai, depois de um certo tempo neste mundo, tudo aquilo o que não arde, dói. E eu, com algumas décadas de vida e uma certa dorzinha na coluna, que não sai de mim, não sai, preciso tomar uma medicação que alivia os sintomas da hérnia de disco, instalada na região da coluna lombar.
Amanheci e, quando me virei de lado para sair da cama, a coluna fez créc. Não, não direi aquele clichê que pode estragar qualquer bom texto. Não direi que amanheci crocante, de modo algum!
Fiquei onde estava, tentando respirar cuidadosamente, porque até mesmo o ar que entrava e saía de meus pulmões cutucava a lesionada espinha, a caixa de ossos, o esqueleto. Enfim, eu estava travada, se me erguesse a dor me derrubaria. Se tentasse voltar para a posição inicial, ficaria na cama o resto do dia.
Gritei por ela: Zezé, minha auxiliar do lar. – Zezé, corra aqui!
Depois de dois minutos, mastigando o que imagino ser pão, Zezé entrou no meu quarto, sorridente e sossegada. Expliquei a situação.
- Ave, dona Diva, a senhora precisa mesmo é de uma benzedeira. Isso é mau olhado, coisa dessa gente invejosa.
Se inveja causa hérnia de disco, isso não posso afirmar, mas há muitos anos não ouvia alguém falar sobre benzedeiras. Isso, de certa forma, pareceu atraente. Quem sabe, uma oração pudesse me livrar do forte incômodo que, naquele exato segundo, me deixava dividida entre enfrentar a dor, ou permanecer deitada e imóvel.
- Zezé, me ajude a sair daqui.
Demoramos vários minutos até eu, curvada e sofrida, caminhar alguns passos na direção do banheiro. E depois de tomar o café da manhã, sempre acompanhada de minha fiel escudeira, fui ao pronto-socorro. O médico me examinou, pediu algumas radiografias, olhou os exames com ar de dúvida. – A senhora tem hérnia de disco.
Pois é, ele descobriu que o fogo queima, que a terra é redonda e que eu tenho hérnia de disco. Isso eu já tinha dito muito antes dele olhar as radiografias. – E a senhora precisa tomar uma injeção para a dor, uma outra medicação que vou receitar e faça repouso durante três dias. Nada de exercícios físicos e nem carregar peso.
O peso que eu carrego é o meu. Natal, ano novo, aniversário, carnaval. O resultado são os quilos a mais. Porém, quanto aos exercícios físicos, é promessa que fiz no ano novo de 2012, quando brindei com champanhe e disse que eu faria academia. Se a academia fosse de letras, eu estaria saradíssima. Nas academias de ginástica não suporto: o barulho daquelas anilhas batendo no chão. Aquela barriga para dentro e peito para fora dos saradões e saradonas.  E não suporto gente suada e nem música alta. Sinto muito, eu sou assim. Exercícios físicos eu gosto sim, mas algo do tipo yoga, caminhada no parque, natação, andar de bicicleta. E na boa, sem cobranças ou muitas metas.
Saí do hospital, caminhando com dificuldade e apoiada no ombro de Zezé, que de vez em quando proferia alguma de suas frases incomparáveis: - A senhora agora está mancando do outro lado, acho que é porque o médico lhe deu uma injeção desse lado da bunda.
Fomos à farmácia. Mal ali cheguei, fui passada à frente de outras pessoas, o que achei estranho, até injusto. O farmacêutico pegou a receita, trouxe o medicamento. – A senhora tem desconto de aposentada? – Epa! Isso me deixou sem fala. Não sou velha, que história é essa de olhar para mim e deduzir que sou aposentada? O pior é que tenho mesmo desconto de aposentada, o que é ótimo para fazer economia e péssimo para meu ego.
- A senhora gostaria de levar algum outro medicamento? Veja esta lista, todos os nossos medicamentos para controle da hipertensão estão com um ótimo desconto.
Vontade de mandar o farmacêutico para aquele lugar impublicável. Voltamos para casa, Zezé e eu. Tomei o remedinho, voltei para a cama, passei o resto do dia tentando afastar de mim todo e qualquer pensamento negativo. - Não, não estou velha. Não, não aparento ser aposentada. Esse foi um tipo de mantra que repeti até adormecer. Sonhei com uma aula dessas bem puxadas de aeróbica. Música alta, todo mundo suando e eu, comendo pipoca e assistindo à distância. Isso mesmo, eu comia pipoca e assistia à aula, como se fosse a um filme.
Acordei decidida: não passaria vontade nunca mais. Não ficaria novamente assim, sofrendo e pensando o tempo todo na mesma coisa. Estava resolvido. Chamei Zezé e pedi: - Faz pipoca pra mim?
E tem coisa melhor do que ter um sonho inspirador?