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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







3 de jun. de 2017

DIA DOS NAMORADOS, SÓ QUE NÃO...

Dia dos namorados chegando. A pergunta que aqui chegou foi a seguinte: Diva, gente casada também comemora o dia dos namorados?

Caros leitores,

A imensa maioria das respostas para as suas indagações é por mim buscada no imenso arquivo de minhas próprias experiências. Aventuras, desventuras. Algumas antigas, outras recentes.
O último dia dos namorados, desse dia jamais esquecerei. Casada, enrolada e complicada, imaginei comemorar a data de um jeito econômico, porém romântico. Preparei um jantarzinho, acendi velas pela casa, ajeitei flores em um vaso de cristal e, para deixar o clima ainda mais festivo, escolhi música romântica, Seal cantando essas canções que a gente está cansado de ouvir.
Coloquei um vestidinho pretinho básico, salto alto, cabelos soltos, caprichei no perfume. Olhei para o relógio, passava das 21 horas e nada do meu marido chegar em casa.
Quase 21:30 achei estranho ele tocar a campainha, afinal tinha a chave da porta. Corri à frente do espelho, para checar o visual. Ele, impaciente, tocou mais duas vezes a campainha e pude ouvi-lo gritar qualquer coisa assim: - Abre logo essa porrr.... Porta ou outra coisa? Preferi entender “porta”.
Fiquei na pontinha dos pés e pude vê-lo pelo olho mágico. Havia algo em suas mãos. Fração de segundo e imaginei o que poderia ser: flores? Talvez, roupa da minha loja preferida? Champanhe?
Respirei fundo com ele chamando a porta de porra. Feio isso, dizer palavrão no corredor do apartamento, vai que as crianças do apartamento vizinho escutassem, não é mesmo?
Finalmente, com o coração aos pulos abri a porta e, antes mesmo de ouvir boa noite, ele me estendeu o que segurava nas mãos.
Sabe aquela sensação de ter tirado nota 5 na prova de matemática, depois de estudar dia e noite? Ou, a sensação de ter chovido no dia da festa preparada no quintal de casa? Foi mais ou menos essa a sensação.
O pacote enorme de rolos de papel higiênico, ele havia comprado em um atacadão, esses que vendem tudo em imensas quantidades. E havia mais: desinfetante, água sanitária, detergente e sabão em pó. Ia me passando a tralha toda, enquanto eu me equilibrava no salto alto.
Conforme ele ia me entregando a mercadoria, eu segurava o riso. Por fim, eu estava gargalhando. Provavelmente, riso nervoso. E ele, com ar indignado a me perguntar se eu estava louca. Demorou uns dez minutos para perceber que eu havia acendido velas. Tudo o mais precisei explicar, praticamente desenhar. Ele nem sabia que era dia dos namorados, aliás, não entendeu por que não o avisei previamente. Como se esse dia fosse algo exclusivo, pouco comemorado por aí.
Apaguei as velas, tirei o salto alto e calcei chinelos, prendi os cabelos e juntos bebemos a garrafa de Malbec por mim escolhida. Não antes de guardarmos toda a compra em prateleiras e armários diversos. Nada melhor que cumplicidade, fala sério, quanta originalidade, quem mais ganhou um fardo de papel higiênico nessa data? 

Casados celebram o dia dos namorados? Sim. Mas, às vezes, é melhor avisar com antecedência. Há exceções, mas só por precaução, fica a dica.