Clareou o céu na cidade de São Paulo. Entre cinza e azul nuvens esfiapadas desfilavam sobre os edifícios.
No topo de um prédio vizinho, um passarinho cantava bem-te-vi. Bebi um gole de suco de laranja e continuei a ouvir o chamado insistente: bem-te-vi, bem-te-vi! Vieram mais dois pássaros da mesma espécie. Pareceram confabular sobre um plano de voo. Ajeitaram-se, abriram as asas, remexeram-se. Em sicronia perfeita bailaram em direção a uma árvore no cruzamento das avenidas. Bem-te-vi!
Um após o outro voou sobre o semáforo e rumou para o telhado da padaria. Ciscaram, piaram, esconderam-se atrás do edifício em construção. Meu olhar acinzentou e não mais os viu.
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