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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







27 de jan. de 2013

LUTO!


25 de jan. de 2013

PARABÉNS, CIDADE DE SÃO PAULO!

Lembro da minha cidade quando eu era criança, eu na pontinha dos pés tentava visualizar o bairro do Morumbi, com as mãozinhas apoiadas no parapeito da janela. Moema, naquela época, era um bairro de passagem, entre o centro da cidade e Santo Amaro. Aos poucos fui crescendo, ao meu redor a cidade, também crescendo. Um edifício, outro, outro e mais outro. Com as pessoas que foram chegando, também chegaram problemas. Assaltos, trânsito, mais edifícios e menos casas, menos árvores, mais sujeira. Tanta gente, uma espécie de formigueiro humano.  São Paulo!
Hoje, aniversário dessa aquariana temperamental, genial, misteriosa, sedutora, linda e feia. Maravilhosa "mistureba". Como não amá-la, São Paulo querida? Irresistível paixão. Seu espaço, de gente apressada à luz do sol, de gente estilosa à luz da lua. Eclética e sensacional.
Deixo aqui o meu reconhecimento. São Paulo, meu berço, meu lar, minha vida toda em seu cenário.Parabéns, meu chão!

19 de jan. de 2013

NAMORAR X FICAR

Começo de namoro, aquela coisa gostosa, o tempero da paixão. Que momento bom de viver! Mas, será que é namoro, ou apenas estão “ficando”? Pergunto isso porque namoro é algo muito sério, assumir que está namorando é quase assumir que se casou! Namoro se tornou algo comprometedor ultimamente.  Então, estar apaixonado, ou apaixonada, estar vivenciando um relacionamento amoroso com alguém pode significar que você seja “ficante”, coisa que antigamente receberia uma preconceituosa  tarja preta: “caso”! Nossa, Fulaninha, aquela lá, está tendo um caso com Fulaninho, aquele lá! Mulher tendo caso era sinal de “pouca vergonha”. Desavergonhada! Hoje em dia estar tendo um caso significa que ela está ficando.  Ficando com quem? Sei lá, provavelmente nem ela mesma sabe com quem ela ficou.
Como diz aquele refrãozinho popular: ema, ema, ema, cada um com seus problemas! Para todo mundo o tempo passa, após os 25, 30, 40 anos de idade não assumir a responsabilidade de assumir um namoro, isso é demonstração de falta de maturidade. Eternizar adolescência, além de ser ridículo, demonstra irresponsabilidade. Talvez, a raiz do problema esteja na falta de experiências durante a vida dessas pessoas. Ter bons exemplos ao longo da vida ajuda muito a aprender, ainda que sem namorar, o que é ter um compromisso amoroso  com alguém. Pai e mãe, pra começo de conversa. Quem viu os pais se abraçando, beijando, se declarando apaixonados, ainda que em altos e baixos do relacionamento, sabe que relacionamento amoroso, ainda que depois de muitos anos, pode e deve ser feliz.
Medo de se envolver por que? Talvez, a necessidade de não se sentir preso a alguém seja confundida com a falsa ideia de liberdade. O que é a liberdade, afinal de contas? Liberdade é poder escolher. De que adianta ser livre e não assumir suas escolhas, não cuidar daquilo o que escolheu? Relacionamentos breves, superficiais, que sequer chegam a florescer. Ficar. Ficar com um, ou com uma. Com dois, ou duas. Com três, quatro. Multiplicidade de parceiros, sem compromisso, aquela coisa do “quero mais é beijar na boca!”. Isso cansa e, pior que isso, alguém acaba se machucando. Duvida disso? Experimente apaixonar-se por alguém, descobrir que essa pessoa está ao seu lado apenas para ter bons momentos. Descubra que se apaixonou por alguém que não quer um futuro ao seu lado, uma vida em comum. Relacionamento descartável, de quinta categoria.
Medo de envolvimento, medo de repetir erros do passado, medo de sofrer. Arrastar consigo os fantasmas do passado, os ex, as ex.  Aí aparecem os quarentões, cinquentões e gente mais velha querendo também ficar. Talvez, o ideal fosse correr pro divã de um psicanalista. E, então, depois de alguns anos a gente reencontra aquela amiga, aquele amigo de tantos anos e pergunta: e aí, você casou novamente? Resposta: Nem pensar, agora eu quero mais é viver!
Pois que vivam, mas penso eu que aqueles que não se aprofundam nos relacionamentos não vivem, apenas sobrevoam a vida. Ema, ema,ema...

15 de jan. de 2013

OH, CUPIDO!


Acordei muito cedo hoje. Fui cutucada pela pontinha da flecha de Cupido que, irreverente e indiferente ao meu sono, exigiu um texto a respeito do amor, o doce amor.
Amor, o sublime estado de alma que nos torna detentores da pretensão de sermos a espécie animal superior às demais espécies. O amor mortal, humano, essencial.
Amor, aquela onda energética que vem não sei de onde, dá voltas na barriga, percorre a espinha, arrepia a pele e deixa a criatura com o sorriso bobo, o olhar brilhante, a respiração ofegante. Quase loucura.
Falo do amor romântico, iniciado à revelia de alguém incauto. Do amor persistente, latente, daquele amor que permanece em stand by a aguardar pacientemente a sua vez de subir ao palco de nossas vidas para fazer a sua sensacional apresentação.
Amor que tira o sono, que distrai o pensamento de assuntos cotidianos. Amor que tira a fome, eis um jeito bom de entrar em forma. Amor que causa suspiros, ais, uis, lágrimas, risos, algo que pode ser confundido com indícios de insanidade mental.
Amor que brota em versos, estrofes, acordes, cores em telas, cinzeladas em brutas pedras. Amor que tudo modifica, que renova, revigora e dá sentido à vida.
Acordei cutucada pela ponta da flecha de Cupido. Há tempos não nos encontrávamos. Acordei pensando no amor que nasce em meu peito e se transforma em letrinhas, em palavras.
Amor, a delícia que nos torna mais vivos, mais belos, que nos faz felizes. Sorte a dos flechados, dos alvos do deus do amor. Sorte de quem atravessa esta existência com o coração quente, pronto pra ser entregue a mais alguém. Sem amor a vida não faria sentido, não teria a menor graça.

13 de jan. de 2013

O REENCONTRO

O nosso reencontro seria inevitável. Eu sabia disso, não tinha jeito: um dia teríamos que nos reencontrar. Ter amigos em comum, coisa complicada depois de uma separação. Amigo é território neutro. Amigo pra valer está contigo, comigo, com ele? Está ali, do lado, pro que der e vier. Vale tudo: altos papos madrugada afora, uns porres de whisky, ou de café. Amigo escuta tudo, responde uma coisa e outra. Ainda bem, eles existem. Nossos amigos em comum já tinham desencanado. No começo, achavam que iriam nos reconciliar. Tramaram nossos reencontros, nos aconselharam, praticamente nos empurraram de volta um pro outro. Não teve jeito, ele estava namorando aquela loira 10 kg mais magra que eu, 20 anos mais jovem, a tal da Vandinha. Credo, esse nome ganhou rapidinho um apelido que inventei em um momento de fúria, era a “viadinha”. Feio, mas sincero.
Evitei reencontrá-lo. Fugi dos aniversários, festas surpresa, happy hours, viagens de final de semana com a turma. Por fim, quando o Cléber foi atropelado – Cléber era o nosso amigo mais novo- não teve jeito. Nós dois acabamos nos reencontrando no saguão de um hospital público. Ele, mais magro, barba crescida de dois dias. Um tesão, não menos que isso foi o que na hora calculei. Nas mãos, dedos longos, um anel no dedo anular direito. Notei, porque ele segurava o capacete da moto. Que moto? Ele nunca tinha pilotado uma moto!
-Oi, Diva.
- Oi, Del.
- Falei com a enfermeira, ela disse que ele está sendo operado.
- Que coisa, né? Será que o motorista o socorreu?
Ele não respondeu, ficou me olhando. Aquela olhada que deixa a gente nua. Eu, que sempre o evitei, estava ali, do avesso, a meio metro dele. Pude sentir seu perfume, Armani. Ele sempre usou o mesmo perfume. Delícia.
Ficamos em silêncio durante um tempo indefinido. Pensei em sair correndo, fugir, sumir. Resolvi telefonar pra Paty, ela deveria estar ali. Onde estariam todos? Telefonei pra um, pra outro. Tudo caixa postal. Droga de celular!
- Tá nervosa?
- Del, dá licença, eu vou lá fora fumar.
De fato, eu precisava respirar, ainda que fosse a fumaça do cigarro. Minhas mãos estavam suadas e geladas. Acendi o cigarro, dei duas tragadas, joguei fora. Caminhei alguns passos. Resolvi ir ao banheiro. Quando me olhei no espelho notei que eu estava horrível. Meus cabelos presos de qualquer jeito, eu com a camiseta que usava em casa. Um lixo. Que aliança seria aquela na mão direita dele? Teria se casado? Estaria namorando alguma garota?
Fui tomar um café. Lá estava ele na lanchonete do hospital. Não me viu chegando, pude secá-lo, literalmente. Alto, cabelos grisalhos. Ele sempre ficou bem assim, usando jeans e camiseta. Como será que fomos nos perder um do outro? Não queria pensar nisso, não queria mais lembrar.
- Diva, senta aqui.
Achei demais ele me chamar pra perto de si. Sentamos juntinhos, eu ao lado dele na mesma mesa. Segurou minhas mãos. Meu coração disparou acelerado. Passou as mãos nos meus cabelos e falou baixinho, com os olhos cheios de lágrimas: - Vieram falar comigo, ele não resistiu à cirurgia, o Cléber morreu.
Chorei pelo Cléber, chorei por mim, chorei pelo Del, por todos nós. No dia seguinte, no enterro, vi o Del com um cara loiro, alto, bonito. Os dois de mãos dadas. Disse a Paty que eles dois moram juntos, que o Del namora o sujeito.
Preferi não mais pensar no Del e comecei a cuidar de mim. Vida curta, vida breve. Adeus, Del.