Em plenas férias resolvi assistir a filmes mais ou menos
antigos e que passaram por mim inéditos.
Escolhi de modo aleatório o argentino Medianeras. Filme delicioso que conta
a história de duas pessoas que moram
pertinho uma da outra, na Avenida Santa Fé, Buenos Aires. Os dois não se conhecem e , conforme passam um
pelo outro sem se notarem, o enredo se torna mais e mais interessante.
Quem sou eu para criticar cinema? Mas, gostei tanto que
passei a imaginar quantas pessoas potencialmente compatíveis se cruzam pelas
ruas, esbarram umas nas outras sem se notarem. Como seria se, finalmente, se
conhecessem? É tão comum em grandes centros urbanos as pessoas não saberem quem
são seus vizinhos, caminharem pelas ruas sem olharem pra ninguém. Medianeras me
conduziu a refletir sobre o inverso: atrair gente incompatível a curto, médio
ou longo prazo. Tenho uma teoria que explica isso.A sensação de estar sozinho no meio da multidão é uma das
maiores vilãs que pode invadir alguém. Sentir-se ímpar, sentir-se mal ao
concluir que não tem um par amoroso, ou que seu par não é o ideal, afugenta as chances de encontrar Wally, de enxergar alguém que realmente valha a pena ser conhecido.
Acredito que
o amor romântico escolhe aqueles que estão bem consigo mesmos, os que se bastam e são
capazes de naturalmente viajar sozinhos, morar sozinhos, até mesmo passar datas
especiais sozinhos sem entrar em parafuso. Quem está de bem consigo mesmo torna-se apto para formar um dueto.
Não adianta procurar o amor, ele é
fruto doce que brota inesperadamente e amadurece lentamente. Será que isso depende de sorte?Tudo o que pode
ser feito é cuidar bem da árvore da vida, alimentando-a com os melhores
nutrientes possíveis: integridade, responsabilidade, bondade, espiritualidade e uma dose extra de paciência.
Um dia haverá de frutificar. Tudo o mais é para ser visto na vitrine, coisas
que o tempo leva rapidamente. Medianeras me encontrou, como quem encontra
Wally: eu, no meio da multidão.
MEDIANERAS
MEDIANERAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário