São Paulo tinha cor de terra. A terra anterior à
pavimentação de minha rua. A poucos metros de minha casa o bonde passeava
sonoro e lotado de passageiros.
O realejo e sua
sinfonia, a sorte tirada pelo bico de um pássaro. As flores pareciam
mais coloridas, salpicavam o jardim imenso, brotavam quase imortais.
Assim era o meu jardim, dentro da minha cidade, naquela rua
de terra, naquele tempo distante.
São Paulo cresceu, eu cresci, o tempo passou,
chegou o asfalto, o metrô, o trânsito, o mar de edifícios que encobriram o céu.
O realejo sumiu, o bonde passou, a casa foi demolida, as flores se foram, o
pássaro morreu. E eu?
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