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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







24 de ago. de 2021

O PAÍS EM CINZAS

 


A cidade acordou mais cedo hoje. Choveu cinzas que cobriram as ruas, os edifícios e as roupas no varal.

No horizonte despontou a luz alaranjada, a aurora enlutada. Queimou a floresta, morreram as árvores, os animais silvestres. No vento viajou a fuligem, que se depositou na varanda do meu apartamento. Toquei o que eram folhas, delas restaram cinzas que se desfizeram entre meus dedos.

O fogo consumiu o Parque Estadual do Juquery, a poucos quilômetros de São Paulo. A dor de pesar na atmosfera mistura-se com o odor de fumaça, a névoa que causa ardor nos olhos e rasga o coração de quem tem sensibilidade e amor à vida.

Lancei meu olhar para muito distante, viajei no tempo, quando havia menos incertezas, quando podíamos respirar aliviados, quando acreditávamos no dia de amanhã.

Preparei o café forte, tentei escrever letrinhas que afugentassem a minha tristeza e abraçassem o coração de cada um de vocês. Em vão!

Há de existir um bom futuro! Nascerão novas árvores, brotarão flores, os pássaros voltarão a cantar, os animais povoarão de novo o que foi destruído. Um dia! Porém, haverá cura para a crueldade de quem desmata, para o egoísmo de quem causa tragédias ambientais? Será que o Brasil conseguirá renascer das cinzas? 

Não sei vocês, mas amanheço antes do sol. Todos os dias!


1 de ago. de 2021

REBECA ANDRADE, UMA DIVA REAL

 


Madrugada fria e insone na cidade de São Paulo. Na cama, parecia não haver aconchego. Decidi ligar o televisor. Cinco horas da manhã. Vejo a conquista da medalha de ouro de Rebeca Andrade, na prova de salto da ginástica. Choro comovida, estava ali a resposta para a minha insônia, coisa do destino. Ser plateia dessa conquista feminina, negra, de origem pobre, causou em mim a emoção de quem fazia parte de um momento importante e histórico do esporte mundial e da própria vida de uma garota que mostrou ao mundo que determinação, disciplina e coragem podem vencer altíssimos desafios e obstáculos.

O lacinho azul em seus cabelos, o sorriso e olhar inocente, a voz de criança, o jeito simples e humilde ao celebrar um feito de proporção gigantesca. Lágrimas correram pelo meu rosto, estava ali uma verdadeira Diva!

Fica aqui minha homenagem e carinho por você, Rebeca! Que seu amanhã seja mais que de ouro e prata e frutifique no exemplo que deixou para todos nós, que nem sempre somos atletas olímpicos, mas somos atletas da vida, essa desafiadora vida!