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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







9 de dez. de 2010

MEU PRESENTE DE NATAL


Papai Noel é um encanto que se desfez quando eu tinha apenas oito anos de idade. No centro da cidade de São Paulo havia um grande magazine, se você esteve por aqui há muitos anos atrás, talvez tenha conhecido o Mappin. Não era fácil acompanhar os adultos, com seus interesses geralmente desinteressantes pra mim. Filas, pagamentos, longa demora. A recompensa costumava ser um presentinho, um lanche ou sorvete. Depois, voltávamos pra casa, no bairro de Moema. Quase sempre de bonde ou ônibus ou, como diziam os antigos, de condução. Minha avó decidiu fazer as compras natalinas em uma tarde ensolarada. Puxada por sua mão firme, lá estava eu. Meus olhos não se desgrudavam da boneca Suzi vestida de noiva. Sim, eu com oito anos já tinha essa mania de querer me casar. Depois da compra veio a esperada recompensa: fomos conversar com o Papai Noel. Decepção total! Vestido de azul escuro, magro, a barba presa com um elástico bastante visível. Fraude que minha avó insistia e teimava em reforçar: - veja, filhinha, este é o verdadeiro Papai Noel. Ele vai trazer a sua boneca, peça a ele! E eu desconfiada, traída e indignada. Dois mentirosos e, um deles, tinha o meu DNA. Vovó, anos mais tarde, chegou a pedir desculpas pela sacanagem, mas creio que o avanço da idade versus a pressa a fez perder a sensibilidade momentaneamente. Saí da loja com a certeza absoluta que Papai Noel não existia.
Dezembro de 2010. Cansada, apressada, sem muito tempo pra perder no horário do almoço fui ao shopping center resolver um problema de trabalho. Ao passar pelo personagem natalino, um senhor gordinho e fantasiado de bom velhinho, quase paralisei com a viagem que fiz no tempo. Voltei quarenta e um anos e lá estava eu novamente, com oito anos de idade. A retribuição ao meu olhar foi o sorriso encantador daquele senhor. Papai Noel! Hoje eu poderia fazer muitos pedidos, creio que nenhum presente seja comercializado. Saúde, amor, harmonia, paciência. Preciso de tudo isso e muito mais. Em 2010 conheci o Álvaro. Em meus textos ele ganhou o status e a grife latívia: Divo. Esse presente eu pedia há quarenta e nove anos: o meu par! E ele é o meu par. Não contem pra ele, mas um dia ele vai se casar comigo. Eis a compensação pra todo o dissabor que tive no Mappin, quando a Suzi vestida de noiva ficou pra trás, na prateleira. Não cheguei a pedi-la, os adultos sequer desconfiaram que aquele era o meu desejo. De presente ganhei qualquer coisa que não consigo lembrar.
Segunda-feira, dia 06 de dezembro de 2010. Ao passar pela portaria do prédio onde ele mora, fui chamada pelo porteiro. Havia uma caixa e a etiqueta dizia: notebook. Era uma encomenda para o Álvaro. Já que eu estava ali de visita, ou nem tanto porque tenho a chave e entro quando bem entendo, fiz a gentileza de levar o embrulho pro apartamento. Curiosa, li e reli a etiqueta da transportadora. Tremendo notebook, coisa finíssima. Enviei um torpedo pro celular dele: “ está rico? Chegou aqui seu notebook”. Instantes depois ele telefonou pra mim. – “Abra a caixa, o notebook é o seu presente de Natal”.
Para finalizar esta história, eis aqui o primeiro texto que escrevo no meu presente. A única recomendação que recebi foi a seguinte: continue escrevendo coisas lindas.
Meu Anjo querido, este texto, tanto quanto o meu coração, é todo seu.

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