Não sei definir com exatidão o que agora sinto. Falta luz, escrevo à luz de velas. A taça de vinho tinto reflete tons luminosos das chamas tímidas que se agitam levemente no ar. Não há silêncio, senão o calado da noite. Meu coração padece inquieto, preciso escrever, ou meu sentimento inexato transbordará de dentro de mim e se derramará na penumbra da noite.
Tento encontrar em minha arritmia um indício, uma explicação para o meu desassossego: você! Perco-me em lembranças remotas, mas tão recentes, um paradoxo atemporal. Dor, a dor de sua ausência, a mescla de saudade e impotência. Lacuna!
Você! Seu perfume parece ter invadido cada linha, cada letra, todas as palavras. Você! Tento me agarrar a instantes nossos que pareceram imortais. Você! O amor que tranquei no peito, transformei em versos e exorcizei em textos. Você! Minha alma na sua... Volta... Vem!
Bebi toda garrafa de vinho e li essas anotações. Um texto, um novo texto escrito do jeito mais absurdo possível: sozinha! Chorei, chorei, lembrei de nosso último beijo, a conjunção mais do que perfeita entre duas bocas.
Tento recordar-me à luz do dia, tento renascer de minhas poucas cinzas, tento sobreviver ao seu tácito adeus. Você, saudade!
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2 comentários:
Lindo texto!!!!
Obrigada, Isis!!!
Beijo.
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