A bateria do meu relógio de pulso havia terminado. O relógio
ali parado, algo que me causava mal estar, a sensação de que a energia ao meu
redor estava paralisada e precisava, com urgência, voltar a fluir. Fui ao
relojoeiro e troquei por uma bateria nova. A hora certa, os ponteirinhos a girar e girar. Parecia que o controle do meu destino estava em meu pulso
esquerdo, novamente eu era dona de minha vida.
O tempo passou, vieram as festas
de final de ano, depois as férias de verão, a volta ao trabalho, os feriados,
finais de semana, todos os acontecimentos felizes e difíceis do ano. E as horas
a rodar e rodar.
Outro dia, quando olhei para o relógio, os ponteiros estavam novamente parados. A bateria havia, mais uma vez, terminado. Indignada, voltei ao
relojoeiro e reclamei: - Outro dia troquei essa bateria!
Foi assim que descobri que havia passado o tempo: um ano e dez
meses se foram, sem que eu percebesse. Com o relógio a trabalhar, sentei-me à frente do
notebook e cá estou a contar-lhes essa história.
O tempo é maratonista,
medalhista de ouro das olimpíadas da vida. Corre tão depressa que parece um
vulto a passar. Nesses vinte e dois meses tanta coisa aconteceu, algumas coisas
mudaram, outras deixaram de ser. Ficaram tantos planos de lado, coisas por fazer. Atire a primeira bateria de relógio quem nunca se assombrou com o tempo a voar. A vida passa sem a gente perceber, é preciso
viver.
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