Quando ele atirou a aliança sobre a mesa e foi embora, o aroma
masculino teimou no ambiente. Ela tentou
se livrar da dor e mudou o sofá cor de areia do lugar.
Naquela manhã o café adormeceu na xícara, enquanto seu olhar
tocava as paredes frias da sala e deslizava pelos edifícios cinzentos que
encobriam o horizonte. Nas mãos o folheto da agência de viagens. Tomou a
decisão: tiraria férias do dia a dia.
De malas prontas, certificou-se de não haver esquecido o
passaporte e saiu apressada, sequer deu água às plantas, que secaram órfãs.
Em Amsterdã descobriu ter consigo a saudade intrusa. Cada paisagem nova alimentava a esperança na reconciliação. Regressou
uma semana mais cedo, para assisti-lo a sorrir indolor. Seu coração secou feito
as plantas, em seu peito não mais
floresceu amor.
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