Você nasceu poesia, dentro do supermercado. Sentimento inesperado.
Olhei para os lados: feijão, ervilha, lentilha, testemunhas em grãos da
inspiração inusitada. Busquei dentro da bolsa uma caneta, dedos aflitos a
dedilhar chaves, bala de menta, batom, moedas. O lenço de papel serviu de lousa,
o grão de bico pareceu sorrir pra mim. Rabisquei o que brotava de mim.
Amo-te enfim, após
morrer em mim. Amo-te em teus defeitos, ser imperfeito que és.
Anotei rapidamente, debruçada no carrinho de compras. Sorri
satisfeita e exclamei qualquer coisa em voz alta. Inspiração, coisa rara e
breve. Paguei as compras, esqueci o alvejante de roupas.
Feliz da vida publiquei um novo texto no blog. Inspiração,
respiração, coração, paixão. Vida em “ão”, poesia que voltou pra mim.
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