Dia dos namorados chegando. A pergunta que aqui chegou foi a
seguinte: Diva, gente casada também comemora o dia dos namorados?
Caros leitores,
A imensa maioria das respostas para as suas indagações é por mim
buscada no imenso arquivo de minhas próprias experiências. Aventuras,
desventuras. Algumas antigas, outras recentes.
O último dia dos namorados, desse dia jamais esquecerei. Casada,
enrolada e complicada, imaginei comemorar a data de um jeito econômico, porém
romântico. Preparei um jantarzinho, acendi velas pela casa, ajeitei flores em
um vaso de cristal e, para deixar o clima ainda mais festivo, escolhi música
romântica, Seal cantando essas canções que a gente está cansado de ouvir.
Coloquei um vestidinho pretinho básico, salto alto, cabelos
soltos, caprichei no perfume. Olhei para o relógio, passava das 21 horas e nada
do meu marido chegar em casa.
Quase 21:30 achei estranho ele tocar a campainha, afinal
tinha a chave da porta. Corri à frente do espelho, para checar o visual. Ele,
impaciente, tocou mais duas vezes a campainha e pude ouvi-lo gritar qualquer
coisa assim: - Abre logo essa porrr.... Porta ou outra coisa? Preferi entender “porta”.
Fiquei na pontinha dos pés e pude vê-lo pelo olho mágico.
Havia algo em suas mãos. Fração de segundo e imaginei o que poderia ser:
flores? Talvez, roupa da minha loja preferida? Champanhe?
Respirei fundo com ele chamando a porta de porra. Feio isso,
dizer palavrão no corredor do apartamento, vai que as crianças do apartamento
vizinho escutassem, não é mesmo?
Finalmente, com o coração aos pulos abri a porta e, antes
mesmo de ouvir boa noite, ele me estendeu o que segurava nas mãos.
Sabe aquela sensação de ter tirado nota 5 na prova de
matemática, depois de estudar dia e noite? Ou, a sensação de ter chovido no dia
da festa preparada no quintal de casa? Foi mais ou menos essa a sensação.
O pacote enorme de rolos de papel higiênico, ele havia comprado
em um atacadão, esses que vendem tudo em imensas quantidades. E havia mais:
desinfetante, água sanitária, detergente e sabão em pó. Ia me passando a tralha
toda, enquanto eu me equilibrava no salto alto.
Conforme ele ia me entregando a mercadoria, eu segurava o
riso. Por fim, eu estava gargalhando. Provavelmente, riso nervoso. E ele, com
ar indignado a me perguntar se eu estava louca. Demorou uns dez minutos para
perceber que eu havia acendido velas. Tudo o mais precisei explicar,
praticamente desenhar. Ele nem sabia que era dia dos namorados, aliás, não
entendeu por que não o avisei previamente. Como se esse dia fosse algo
exclusivo, pouco comemorado por aí.
Apaguei as velas, tirei o salto alto e calcei chinelos,
prendi os cabelos e juntos bebemos a garrafa de Malbec por mim escolhida. Não
antes de guardarmos toda a compra em prateleiras e armários diversos. Nada
melhor que cumplicidade, fala sério, quanta originalidade, quem mais ganhou um fardo de papel higiênico nessa data?
Casados celebram o dia dos namorados? Sim. Mas, às vezes, é
melhor avisar com antecedência. Há exceções, mas só por precaução, fica a dica.