É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.

Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







29 de out. de 2010

PASSARINHOS NOS FIOS

Em plena primavera na cidade grande, acordei hoje muito cedo. Despertei com a algazarra de uma família de sabiás no telhado próximo à janela do meu quarto. Eles piavam canções bem entoadas, em alto e bom som. Não entendo muito bem o motivo disso, mas agora os passarinhos estão construindo ninhos, chocando ovinhos. Os bichinhos estão dando cria.
É sabido que coincidências não existem. Existe a famosa lei da atração. Estava lendo meus e-mails quando abri a mensagem de uma amiga. O conteúdo era este vídeo que aqui deixo publicado. O compositor, Jarbas Agnelli, viu uma foto com passarinhos pousados em fios elétricos. Algo parecido com a partitura de uma música. Leu essa pauta e eis a composição delicada, algo que remeteu meu pensamento aos anjos.
A poesia está dentro de nós, faz parte dos nossos sentidos. Senti-la e expressá-la é questão de postura e generosidade perante o próximo. Portanto, sejamos poetas!
Compartilho com vocês esse vídeo e repito a frase que minha mãe sempre dizia: VIVER É CELEBRAR A VIDA.

28 de out. de 2010

ALÔ, ALÔ!


Estava cansadíssima. A semana mal havia começado e eu precisava de um longo final de semana pra descansar. Coisas de Diva versus os tempos modernos. Cheguei em casa, escolhi música pra ouvir, abri uma garrafinha de água com gás. Quando me preparei pra tomar banho tocou o telefone. Atendi.

- Boa noite. Por gentileza a Sra. Bárbara Germânia “se encontra”?
(Aqui devo aos meus leitores uma explicação. Bárbara Germânia é minha mãe, que foi embora pro Céu há quase um ano).

- Quem está falando?
- Por gentileza, quero falar com a Sra. Bárbara Germânia. Ela não está?
- Não está, acho.
- A senhora sabe a que horas ela vai "estar chegando"?
- Olha, moço, não sei dizer, mas eu tenho tido a impressão de que ela anda por perto.
- Ela tem o cartão Credicoisa?
- Acho que tinha sim.
- Mas, se ela tinha é porque não tem. Quero oferecer as vantagens e facilidades do cartão.
- Claro, se ela aparecer e, desde que eu não desmaie quando isso acontecer, darei a ela o seu recado.
- A senhora é parente dela?
- Sou filha. Moço, ela não mora mais aqui.
- Entendo. Pode me dar o novo endereço de sua mãe? Assim "estarei enviando" por correio as vantagens e facilidades.
Eu já estava começando a me divertir com essa conversa. Mami que me desculpe, mas o cara queria o endereço dela! Eis, finalmente, a minha chance de me vingar da turma do telemarketing!
- Prefere o endereço mais perto ou o endereço mais longe?
- Os dois, por favor.
- O perto é no Morumbi. O longe é mais complicado, fica no Paraíso.
- Ótimos bairros. Tem o endereço completo?
- Ah sim: No Morumbi é quadra X, lote XXX, sepultura n. XXXXX. E o Paraíso, não sei explicar exatamente onde ela está, mas dizem que está pouco a pouco compreendendo que desencarnou. Ela é muito teimosa, acho que está vindo aqui em casa. Mas eu não tenho medo então, por mim, zuzubem!

O cara desligou, ou melhor deve "estar desligando"!

26 de out. de 2010

TELEGRAMA ( Zeca Baleiro)

Um vídeo criativo com Zeca Baleiro cantando Telegrama. Pra gente curtir!

DROGAS!


Ele era jovem. Tinha prestado vestibular e começado a faculdade de engenharia. Nos finais de semana ia pra balada com os amigos, gostava de motos e tinha uma namorada.
Desde pequeno evitou ser o centro das atenções. Não gostava muito de falar, era um bom ouvinte. Segundo os pais, era um ótimo menino.
Parecia tudo perfeito, a família estava orgulhosa e despreocupada. Era o filho mais velho, depois dele nasceu uma irmã, 3 anos mais nova. Gente de classe média, o pai era arquiteto, a mãe lecionava inglês.
Quando os pais fizeram um esforço e compraram em 24 prestações um carro novo, motor 1.0, foi imensa a surpresa. O presente de aniversário mais desejado e melhor que recebeu em toda a vida. 19 anos e a vida boa, simples e confortável.
Um dia desapareceu de casa o Playstation 3. Primeiro desconfiaram da faxineira. Foi dispensada sem acusações, simplesmente a despediram. Semanas depois, sumiram duas canetas-tinteiro, algo de coleção e que tinha pertencido ao avô materno.
A mãe procurou pela casa toda, em vão. Intrigados, os pais não tinham mais de quem desconfiar. Qual dos filhos teria subtraído aqueles objetos?
Uma noite ele não voltou pra casa. A família desesperada, telefonaram muitas vezes para o celular que não atendia. Procuraram a namorada, que não sabia onde ele estava. Os amigos também nada sabiam. Depois de dois dias ele voltou pra casa e sem o carro.
Já desesperados, os pais imaginaram um assalto, seqüestro. Não deu explicações, trancou-se no quarto.
Confusos e aflitos, os pais não conseguiram falar com ele até muitas horas mais tarde, quando passou pelo corredor em direção ao banheiro, calado, a barba por fazer, descabelado.
Não explicou onde esteve, o que houve, onde estava o carro. Passou alguns dias assim, o comportamento estranho, às vezes agressivo. Os pais foram à delegacia e prestaram queixa do sumiço do veículo. E foi assim que tudo começou a vir à tona.
Pergunta vai, pergunta vem, o delegado cismou que o garoto poderia estar envolvido com algo que chamou de “barra pesada”: drogas.
Incrédulo e um tanto indignado, o casal deixou a delegacia sem dar ouvidos ao que consideraram um insulto. O filho, garoto bem criado, calouro da faculdade de engenharia, não faria isso. Não tinha amigos drogados, não freqüentava lugares de “gente desse tipo”.
Tentaram esquecer o episódio, apesar da perda patrimonial que sofreram.
Uma semana depois, sumiu o notebook do pai. Assim, sem mais nem menos. E foi aí que, finalmente, passaram a considerar possível que o filho estivesse envolvido com drogas. Estaria, talvez, furtando esses objetos para pagar um traficante.
Em sua ausência, entraram em seu quarto. Reviraram gavetas, bolsos, tentaram descobrir esconderijos. E foi dentro do bolso de uma jaqueta que encontraram o que procuravam. Um tubinho, algo minúsculo. Cocaína.
O céu pareceu ter desmoronado. Por que? Essa era a pergunta que os pais se fizeram. Como isso foi acontecer em sua família? Se eram felizes, se nada lhes faltava, então por que?
Quando o filho voltou da faculdade, não sabiam por onde começar a conversa. Limitaram-se a entregar-lhe o que encontraram. Prometeu não mais usar drogas, abraçaram-se e despreocuparam-se.
Ele ainda some ocasionalmente, fica dias e dias sem voltar pra casa. O tratamento médico e psicológico que começou parece dar resultados graduais. Recusou-se a ser internado, mas os pais não perdem a esperança de que poderão convencê-lo. Tudo depende apenas dele, uma escolha que pode levá-lo ao recomeço ou ao fim.
Trancou a matrícula na faculdade, terminou o namoro e alguns amigos de infância não mais o procuraram. Os pais deixaram de dormir tranquilos e a paz mudou de endereço.

Este texto é ficção. Não foi inspirado em fatos reais e não vivenciei nada parecido. Drogas, a escolha é de cada um e o sofrimento é de muitos, especialmente da família. Acho que quando acontece um problema, seja ele qual for, por maior que seja, a postura de quem está enfrentando a dificuldade é que pode começar a produzir mudanças. Se o dependente químico se ajudar, vai sim voltar à vida. Se você tem problemas com drogas, se alguém que você ama tem esse problema, deixo aqui alguns links de lugares onde você poderá encontrar mais informações e ajuda, o Narcóticos Anônimos e o grupo de apôio aos pais, parentes e amigos dos dependentes químicos, Nar-Anon. Espero que meu texto seja útil pra alguém, em algum lugar.

Narcóticos Anônimos: http://www.na.org.br/

Nar-Anon: http://www.naranon.org.br/

25 de out. de 2010

EX!


O notebook diante de si e ela praticamente paralisada, lendo e relendo o e-mail do ex.
Já tinha deletado “o criatura” de seu MSN, Orkut, Facebook e tirado seu e-mail da lista de contatos. Porém, lá estava a mensagem daquele que costumava chamar de “falecido”.
Ele apenas queria comunicar que iria se casar com aquela morena gordinha, baixinha, mais feia que a situação. E que iria viajar em lua-de-mel para a França, um mês inteirinho. Portanto, não poderia visitar as crianças, filhos da extinta união, durante esse período.
Pensou em responder, desejar que ele e aquela gorducha viajassem pro inferno, mas se conteve. E lá estava ela em estado catatônico, olhar fixo no nada, seus pensamentos pareciam ter congelado.
Há quanto tempo não conversavam? Desde que o filho menor caiu na escola, isso há oito meses. A pensão alimentícia ele pagava em dia, as crianças ele buscava em finais de semana alternados. Tocava o interfone, ela atendia, o porteiro avisava que ele estava lá embaixo e ela mandava a empregada levar os pequenos até o pai. Evitava um contato visual com ele, preferia ser a ex-mulher-invisível.
Ficou imaginando: como seria a cerimônia de casamento deles? A mocreia usaria vestido de noiva? Tentou imaginar a futura esposa de seu ex. Certamente ficaria parecida com uma couve-flor, gorducha e cheia de babados e rendas. Riu sozinha, depois sentiu vontade de chorar. França? A lua-de-mel que tiveram, há mais de dez anos, foi no apartamento de seus pais, em Santos. Não tinham dinheiro pra quase nada.
Dois meses depois, ele se casou com a tal da mulher-couve-flor. Não foi convidada, evidentemente. Quando vestiu os dois filhos torceu pra que as crianças não se comportassem durante a cerimônia, chamassem a madrasta de bruxa quando o padre perguntasse se havia alguém que soubesse de algum impedimento. Naquela noite, ela tomou todas. Abriu uma garrafa de vinho e depois mais outra. Dormiu no sofá com o televisor ligado no canal de filmes.
Acordou ao meio-dia, o sol entrando pela vidraça e batendo em seu rosto. A cabeça doía, as costas doíam. Meio cambaleante, aos poucos lembrou da realidade. Na cozinha a empregada já estava preparando o almoço. Os meninos tinham acabado de chegar, trazidos por algum parente.
Não resistiu, perguntou aos pequenos “como foi o casamento do papai”.
- Manhê, que demais, a gente tirou uma foto com o celular, quer ver?
Hesitou alguns instantes, buscou seus óculos de grau e, pasma, visualizou um casal de meia-idade, ela vestida de noiva, parecendo um repolho e não uma couve-flor, e ele com um smoking vermelho, algo que considerou ridículo e quase surreal.
Deu-se por satisfeita, mas já que ex é ex e a natureza é algo imutável, passou a torcer pra que Paris estivesse fria, cinzenta, pra que o elevador da Torre Eiffel sofresse alguma pane momentânea, pra que o corcunda de Notre Dame ressuscitasse inesperadamente e a lua-de-mel se transformasse em puro fel.
A última notícia que teve de seu ex foi na semana passada. Aos quarenta e cinco anos, a tal da fulana está grávida. Agora ela está imaginando com quem vai se parecer a criança. Espera que com a mãe, um pequenino repolho que futuramente vestirá smoking vermelho, igualzinho ao papai.
Por essas e outras, penso o seguinte: a maioria dos(as) ex deveria ser abduzida por alienígenas. Evaporar, sumir!

22 de out. de 2010

CÂNCER!


O telefone tocou e quando escutei a palavra “câncer” senti que meus pés saíram do chão. Lembro que meu pensamento viajou até junho de 1964, aquela manhã fria, o dia em que ele nasceu. Rechonchudo e com olhinhos muito verdes, meu irmão do meio veio ao mundo.
A vida nos tornou adultos e cada um seguiu seu rumo. Vidas paralelas com um laço forte de sangue e afeto. E eu escutei a palavra “câncer”.
No primeiro instante eu não soube o que fazer. Sentei no chão aos prantos. Acabamos de assistir à partida de nossa mãe pro Paraíso. Ela também foi vítima dessa palavra que repito aqui, pra amanhã não mais mencioná-la: câncer.
Acredito em milagres e acredito no amor. Acredito em Deus e acredito que Ele está assistindo a isso tudo.
Diva Latívia, ou Cláudia, esta que escreve pra vocês no Janela das Loucas e também neste blog, está sem inspiração. Minha energia está completamente voltada pra um pedido de cura e redenção. Cure meu irmão, Senhor!
Enquanto eu estiver ausente, ou enquanto minha inspiração falhar, peço a você que acompanha meus textos, que faça uma prece. Reze por mim, por ele, por todos nós.
Irmão é pedaço do corpo e da alma da gente. E esse irmão é pra mim um amor imensurável. Não estou apenas triste, estou partida em milhões de pedaços.
Mano, você vai sair dessa e eu vou estar o tempo todo pertinho de você. Juntos vamos vencer esse tal de “câncer”! Dar um pontapé no traseiro desse monstro! Eu te amo e vou cuidar de você!

Que me desculpe o protagonista desta história, mas escrever me ajuda a respirar e forma-se aqui uma corrente de pensamento positivo e muita fé!

21 de out. de 2010

NO DIVÃ OU NO TERREIRO?


Estava sentada na cozinha tomando uma xícara de café e pensando na vida.
O pensamento viajava pelos tópicos TOP-TOP: família, trabalho, grana ( falta de...), namorado que não apresenta a mãe nem com reza brava, o telhado da casa que precisa de reforma... Aí tudo recomeçava: família, trabalho... E, quando eu estava calculando quanto gastaria na reforma do telhado, escutei o seguinte de Maria José, minha cozinheira: - Xi, Dona Diva, isso é encosto!
Quase engasguei com o café. Já que tudo vira texto, quis saber detalhes sobre o tal do encosto. Quem sabe surgisse uma nova história para lhes contar?
- É a finada senhora sua mãe, Dona Diva, ela num qué que a senhora se case com seu Divo não!
Pobre Divo Latívio, sei que ele é um tanto complicado – homens são mesmo complicados -, mas a Mami não encostaria em mim, não dessa forma, claro.
- Sabe, Zezé, eu hoje não estou muito bem. Preocupada com as contas e com os problemas da casa.
- Isso é falta de sexo, Dona Diva. Seu Divo tá cumparicendo não?
- Que é isso Maria José? Te dei essa liberdade por acaso?
- Dona Diva, por que a senhora num participa daquele programa de televisão que dá uma casa nova?
A essa altura eu já tinha perdido as contas. Uma casa com quase 300 metros quadrados de área construída vezes milhares de telhas. O valor esqueci! Já estava com a calculadora em mãos quando fui novamente interrompida.
- Dona Diva?
- Diga Zezé.
- Sabe aquele médico que cuida de doente da cabeça?
- Psiquiatra?
- Esse mesmo. Por que a senhora não vai lá, deita naquele sofá e bota pra fora seus pobrema?
- Não estou doida, Zezé.
- Mas tá pobre, né Dona Diva?
Ela desapareceu da cozinha quando perdi a paciência.

Termino o texto com o diagnóstico feito pela Zezé. Sem dinheiro, sem conhecer a quase-futura-sogra, com o telhado pingando em mim, quiçá encostada pelo espírito de minha mãe. Pra completar tenho uma cozinheira que, além de preparar quitutes maravilhosos, recomendou um divã e um terreiro pra me livrar de encosto.
Creio que a solução ideal seria eu fazer macumba no telhado de casa.

19 de out. de 2010

PRA QUÊ CASAR?


Quanto tempo pode durar um namoro? Eis que amanheci pensando nisso. É tão farta a oferta de gente, de pretendentes, de facilidades! Somos tão estimulados a viver sem depender da companhia fixa de alguém! As tentações estão em toda a parte. Ao que parece, ter uma namorada ou um namorado está fora de moda. Tenho escutado com relativa frequência a seguinte pergunta: pra quê casar?
Faço então a mim mesma e a você, leitor que passa pelo mesmo dilema, a pergunta que martela em minha cabeça: então, pra quê namorar? Namoro deveria ser a ante-sala de um casamento. Quem precisa de mera companhia poderia contentar-se com um cão-guia, ou então com alguns amigos bebedores de cerveja no happy hour. Se não quer casar, não deveria perder tempo com isso.
Quanto tempo pode durar um namoro? Um mês? Dois? Aí a coisa começa a ficar mais séria, ela vai querer conhecer a senhora sua mãe. Ah, mas é possível protelar isso, ir levando numa boa. Três meses? Quatro? E o que fazer pra se desvencilhar de cobranças, pra que sonhos tolos de felicidade – felizes para sempre – não passem pela cabecinha romântica do incauto par? E dá-lhe baldes de água fria! Pra quê casamento? Isso não serve pra nada, não é mesmo? Tire da moça o sonho de ter um príncipe, um castelo, um cavalo branco. Comece a dizer que vai morar sozinho, que tem “pipas” pra resolver fora do horário de trabalho.
Pra quê casar? Todos nós sabemos morar sozinhos, pagamos nossas contas sozinhos, cuidamos de nossas vidas sozinhos. Pra quê casar? Casamento é uma tremenda dor de cabeça. E quem garante que, amanhã, ela não irá traí-lo? Trocá-lo por alguém com o dobro da sua conta bancária e a metade de sua idade? Quem garante que será fácil aturá-la ao seu lado na mesma cama durante anos a fio? É muito risco, muito aborrecimento. Separar-se de novo é impensável! Advogado, fórum, juiz, chateação. Então, pra quê casar-se?
Namoro deveria ser doce feito mel, suave feito brisa, tão belo quanto o amanhecer. Porém, ficar é bem mais fácil. Quem fica não precisa incluir a pessoa em sua família. Evita o vexame de ter que apresentar uma nova namorada a cada mês. E não perde o status de solteiro bem resolvido.
E tudo isso tem um preço muito alto, que nem sempre é estimado em tempo hábil: solidão. Depois, quando a idade chegar, não se queixe que a felicidade não bateu à sua porta. O que era doce, você dispensou. Pra quê casar, não é mesmo? E nesse egoísmo, de quem tem a pretensão de imaginar que tudo de bom já ofereceu a alguém, que a fonte se esgotou, perde-se a oportunidade de, talvez, ser feliz com alguém que vale a pena. Pra quê?

Este texto foi inspirado no desabafo de alguém, que depois de meses de namoro escutou do seu par esta pergunta: “pra quê casar”? E você, sabe pra quê?

17 de out. de 2010

ESTRADA NOVA ( Oswaldo Montenegro)

Oswaldo Montenegro, um compositor-poeta que muito bem retrata sensações, sentimentos. Nesta música sinto em seus versos a solidão que me invade, talvez que também já tenha lhes tocado. Bela música! Deixo aqui o vídeo, espero que gostem!


16 de out. de 2010

POLE-TANQUE


Acho simplesmente o máximo isso! Procurei imagens para ilustrar os textos que publico e deparei-me com a imagem que aqui está. Uma senhorita, quiçá uma senhora? Pendurada em um poleiro ou poste. É a tal da pole-dance, ou dança do poste. Uma marca famosa de isqueiro tem essa ilustração. Vou procurar, quero um igual. Bola, rebola, se enrosca... E não é que na academia de ginástica estava assim escrito: “Parabéns Professora Fulaninha, campeã nacional de Pole-Dance”. Campeã?
Pois acabo de lavar quatro máquinas de roupa suja. Claro, eu primeiro esfrego a roupa à mão. Sabão no colarinho das camisas dele, sabão com carinho nas minhas blusas de lã. Quantas calorias devo ter eliminado? Sei lá! E o que isso tem a ver com a dança do poleiro? Não sei! Apenas me senti ultrajada. Campeã de pole-dance? Durante anos a fio estive em aulas de ballet. Algo forçado, não via a menor graça naquilo. Quando pude impor minha vontade, larguei aquilo.
Feito muitas garotas da minha geração, eu achava divino assistir às chacretes rebolando na Buzina do Chacrinha. Já imaginaram uma garota de classe média alta, filhinha-de-papai, transformar-se em bailarina da Hora da Buzina? Impossível. E foi assim que suportei sapatilha, tutu, fru-fru. Meus irmãos praticavam judô. Inveja boa! Era tudo o que eu queria.
E todo esse meu blá-blá-blá é só pra lhes contar que hoje assisti a uma matéria na TV na qual um médico afirmava categoricamente que nós, mulheres, não temos o menor senso de direção. Disse que, se mostrar-nos o mapa mundi, seremos capazes de apontar o Leste no lugar do Oeste. Vontade de entrar pela tela da TV e dizer poucas e boas ao doutor. Comparou os humanos aos macacos. E... Macacos me mordam, já falei demais. A roupa está agora no varal, as camisas dele secando ao sol. E que importa meus diplomas, meu título de doutora? Lavar roupa é, pra mim, tal e qual lavar a alma. Curto e relaxo. Amélia Latívia atacou novamente ou... Finalmente! Sem poste, mas feliz da vida à beira de um tanque. É mole ou querem mais?

11 de out. de 2010

TANTA TINTA!


Sentei-me diante do computador e tentei lembrar: quando será que surgiu o primeiro fio de cabelo branco em minha cabeça? Lembrei! Eu tinha 25 anos de idade. Muito cedo a natureza decidiu ser malvada comigo. Corri pro salão do meu cabeleireiro quase aos prantos. Loira natural, fiz reflexos mais claros em minhas madeixas. Hoje somente recordo a cor original dos meus cabelos ao rever fotos antigas. Algumas vezes estive mais loira, outras vezes quase morena. Cabelos longos e lisos, cacheados, curtinhos ou repicados. Meu visual mudou diversas vezes.
Inventaram a tal da escova progressiva. Estica, puxa e lá está: cabelos mais lisos, ao menos durante algum tempo. Não arrisquei, meus cabelos são fininhos e já sofreram demais com o excesso de química.
Cheguei a uma conclusão: a cada mudança na minha vida, mudei meu penteado. Talvez, uma demonstração inconsciente de que mudei também. De loirinha que usava tranças aos 5 anos de idade a esta senhora que beira os 50 anos, uma longa trajetória. Quanto será que desembolsei em idas ao cabeleireiro, cremes, xampus, isso ao longo de toda a vida? Porém, economizar com a aparência não é o meu forte. Se puder, gasto pra valer, tudo em nome do meu sorriso feliz diante do espelho.
Pena que ainda não inventaram, ou comercializaram, alguma pílula mágica que elimine os fios brancos de nossas cabeças, pra sempre! Eu seria a primeira a experimentar.
Quando me perguntam qual é a cor dos meus cabelos, evito dizer que sou loira natural. Piadinhas maldosas sobre Tico e Teco, os dois neurônios em conflito nas cabecinhas aloiradas, prefiro dizer que meus cabelos são castanho-claros. Nem loira, nem morena, muito pelo contrário. Com idade pra ser vovó, afinal meu filho está com 23 anos de idade, perdi o medo de envelhecer. Com tantos recursos estéticos, o último problema que terei será com a minha aparência. O que vale mesmo é ter saúde, paz de espírito e sentir alegria de viver. E ir ao cabeleireiro regularmente, claro!

O MEU AMOR


Todas as noites, assim que me deitava, eu fazia minha prece de agradecimento pelo dia. Em seguida, mesmo sem ser adepta da meditação, tentava sintonizar minha energia com a de alguém: o homem que seria meu par definitivo. Não sei quantos anos fiz isso, mas tornou-se uma espécie de ritual necessário, uma demonstração de fé e esperança. Quando me sentia sozinha, era nele que pensava.
Nem sei dizer quantas vezes meu coração apertou: com quem ele estaria, onde e quando nos encontraríamos? Cheguei a vê-lo, não sei dizer se em sonhos ou se houve uma espécie de premonição. Moreno, cabelos rareando, fortinho, mais ou menos 1,80 de altura e doce olhar castanho. A minha alma se consolou inúmeras vezes, ao receber alento que chegava em forma de música, de uma borboleta que pousava nas bromélias do meu jardim, sempre algo sutil mas que pra mim era a confirmação de que ele existia e um dia entraria na minha história.
Há um ano tornei-me inquieta. Havia sinais de alerta: ele! Eu sabia que o reconheceria em uma fração de segundo. Estive atenta em todos os momentos. No trabalho, entre amigos, na internet, no trânsito, até mesmo no supermercado. Demorou quase cinquenta anos de vida, mas quando o grande dia chegou, tudo aquilo o que sonhei se realizou. As flores que recebi no primeiro encontro, quantas vezes eu o visualizei nos meus sonhos me trazendo aquelas flores? E lá estava ele, do outro lado da minha rua, me esperando com um sorriso vitorioso e trazendo um buquê de flores do campo pra mim.
Fé? Pensamento positivo? Creio que foi um misto desses dois poderosos ingredientes.
Hoje somos dois. Várias vezes alguém nos perguntou se somos casados. Não somos, estamos namorando. Porém, existe tamanha afinidade de alma, tanta ternura e sede de felicidade, que parecemos nos conhecer há séculos. Quem sabe tenha sido um reencontro e não um simples encontro de um casal? Quem sou pra compreender esse mistério que é a vida?
Este texto é pra você que está sozinho(a) e acredita em uma força maior que te abençoa e protege. Alguns chamam de Deus, também chamo assim. Não importa o seu passado, nem mesmo o longo período de sua solidão. Seu par existe e vai chegar, basta acreditar.
Este texto, especialmente, é pra ele, o meu par. Minha vida mudou, minha fé se reforçou e tudo o que peço a essa força iluminada que me conduz é que eu me torne mais e mais digna do Amor que trouxe docilidade e sentido maior pra minha vida. Amo você, meu querido Mr. Divo Latívio. Não estamos sozinhos, não mais!

6 de out. de 2010

ESCREVINHANDO


Voltei do trabalho parecendo alguém que retorna de uma guerra. Cansada, os pés doendo. Não leitor, não uso salto alto para trabalhar. Porém, a caminhada foi longa, percorri a Avenida Paulista de ponta a ponta. Piadinhas sobre advogados à parte, trabalhar na área jurídica requer muito mais que estudo constante: é preciso ter fôlego e nervos de aço. Relaxei alguns instantes e corri pra frente do meu computador. Nada melhor que a paixão pra tonificar o músculo cardíaco. Não me refiro a um homem e sim ao prazer infinito que é escrever.
Lembrei de quando aprendi a ler e escrever. Tinha cinco anos de idade, minha mãe ensinou as letrinhas de forma. Depois veio a escola. Minha letra era redondinha, caprichada.
Quando na adolescência escolhi minha profissão, fiquei diante de um grande dilema. Talento ou segurança? Doce ilusão da juventude, escolhi a carreira seguida por quase toda a minha família. Deixei de lado o sonhado curso de jornalismo. Guardo um diploma universitário, cursei Direito.
Fui incentivada a escrever por um escritor e jornalista que já está entre as nuvens: Lourenço Diaféria. Sugeriu que eu jamais deixasse de ser autêntica. Entre códigos e leis, abandonei alguns sonhos, ignorei o chamado constante da minha alma. Durante anos a fio meus textos couberam dentro de processos judiciais. Assim foi até o dia em que um amigo me convidou pra participar de um blog com nome engraçado: Janela das Loucas. Abílio Manoel era criativo, tinha humor ácido e um coração que lembrava algodão doce. Ganhei dele o apelido: Diva Latívia.
Apaixonada pela leitura, pela escrita, já não sei viver sem escrever. Creio, será assim até o fim. Um dia, estarei velhinha. Em alguma cidade serrana, cercada de muito verde e calmaria, continuarei me alimentando com palavras que brotam aos montes. E você, que acompanha minhas histórias, está convidado a segui-las durante as décadas que me restam.
A isso chamo de felicidade. Vem do céu, invade minha alma e cá está o resultado: mais um texto pra você, leitor.

3 de out. de 2010

NAMORO NOVO


Encontrar alguém e começar a namorar é algo maravilhoso. Depois da primeira fase de beijinhos e muitas descobertas sensacionais, passamos pra segunda etapa: apresentar o par aos amigos e parentes. Pronto! É nessa hora que o caldo pode entornar.
Quem tem 20 anos de idade, costuma estar com a quilometragem zerada. Pouco ou nada namorou, não costuma ter filhos, nem ex, quase não tem passado amoroso. Já os mais velhos têm história pra contar. Já foram casados – há os que foram casados várias vezes –, alguns têm filhos.
Não é raro ouvirmos de pessoas próximas os seguintes palpites infelizes: cuidado, você já quebrou a cara: com tanta gente no mundo, pra quê escolher apenas um (a); agora troque aquela de 40, 50, por duas de 20!; é cedo demais, tente ficar sozinho(a) mais tempo.
É nesse momento que lembro que, quando tenho sede, sou eu quem bebe água e não os palpiteiros de plantão. E é assim que eu sugiro que você, que está passando por isso, também pense. Reflita: se você está sozinho(a) é porque algo triste aconteceu em sua vida. Pode ter sido uma separação, por exemplo. Você tem a chance agora de ser feliz novamente, não importa se sua família, se seus amigos vão inicialmente se opor, fazer força contrária. Eles têm que engolir, afinal você é o(a) dono(a) do seu nariz.
Acho que é preconceito vetar alguém, deixar de admitir um(a) novo(a) cunhado(a), genro, nora, só pra atender aos caprichos de sua ( falsa) moralidade. Não basta ter visto o irmão, irmã, filho ou filha, sofrendo com o final de um namoro ou casamento? É preciso ainda esperar que ele(a) cumpra um longo período de solidão? Isso é punir alguém, fazer dele(a) o paradigma do fracasso. Depois, quando termina o almoço do domingo, que você compareceu sem levar o(a) novo(a) namorado(a), você volta pra sua casa e todos dizem: - ai, coitadinho(a)! ficou sozinho(a)! E as mamães repetem incansavelmente: estou tão preocupada com ele(a)!
Pois o conselho de Diva Latívia é que você assuma o seu namoro. Ainda que as opiniões sejam variadas, que falem algo desagradável, que torçam o nariz pro seu par. Enfrente isso, porque namoro não assumido é algo equivalente ao que fazem alguns jovens: é ficar. E ficar não requer esperança de futuro, ficar é algo de momento, quem fica não tem compromisso, nem precisa esperar ou oferecer fidelidade.
Seja firme, seja forte e enfrente tudo, porque o amor é assim: pra quem é corajoso, pra quem não se esconde e, muito menos, larga a mão do ser amado pra ir comer frango na casa da mãe, viajar pra casa do parente no feriado ou passar datas especiais fazendo de conta que é sozinho(a).
Não se deve tratar o(a) amado(a) como se ela fosse a Jeannie, do seriado Jeannie É Um Gênio. Lembra-se? O Major Nelson trancava a Jeannie dentro de uma garrafa quando surgia uma visita. Ela era a grande companheira, a alegria de viver do cara, mas ele não se dava conta disso e a escondia de quase todos. Engraçado no seriado antigo, triste na vida real. Destampe sua garrafa, apresente o(a) namorado(a) aos amigos e, principalmente, à sua família. Na pior hipótese, não gostarão dele(a). Problema deles. Quem tem que ser feliz é você, afinal as lágrimas de solidão quem chorou foi você e não eles. É a minha opinião!