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O passado deveria ser uma pilha imensa de tijolinhos que edificam um ser. Cada experiência, cada momento, cada romance e eis a fortaleza na qual nos transformamos. Porém, parece ser muito difícil não trazer marcas do passado pros dias atuais. Complicado ter ao lado alguém que tem marquinha de aliança na mão, resultado de um casamento desfeito. Marcas. As mais fortes são invisíveis!
Quando meu olhar se lançou rapidamente sobre fotos do apartamento de seu tempo de casado, precisei ser forte. Incrível, o perfume de outra mulher pareceu ter invadido o meu espaço. Quantos sonhos eles sonharam? Quantos momentos mágicos viveram? Quanto amor havia? Marcas... Ajeitei-me na cadeira, a sensação era desconfortável. Estranho, eu me senti deslocada. Uma invasora, uma espécie de penetra na vida daquele casal que um dia deixou de existir.
Somos aquilo o que construímos pouco a pouco, ao longo de toda a nossa vida. Somos a alegria da união, somos a tristeza da separação. Somos os filhos que tivemos, as loucuras que ocasionalmente cometemos, os bens que adquirimos e aquilo o que deixamos pra trás. Voltei à realidade quando ele segurou levemente minha mão. Naturalidade em seu gesto.
Quisera que os amores durassem para sempre, que os casamentos fossem cercados da doce ilusão de felicidade full time. Meu coração apertou. Intrusa? Sim, naquele segundo eu me senti assim. Também protagonista de uma história semelhante, meu casamento se desfez após duas décadas. Virar a mesa sem ferir-se ou causar ferimentos em terceiros, difícil tarefa.
Olhei fixamente em seus olhos, tentando decifrar sentimentos. Sentiria saudade? Seria eu, em algum instante, comparada à ex? Afinal, por que estava eu ali sentada vendo aquele cenário do amor desfeito? Precisei respirar fundo, reunir forças da sabedoria dos meus quase cinquenta anos de vida.
Sim, senti ciúme do passado dele. Ciúme de termos nos encontrado há pouco tempo. De não termos tido filhos em comum. De não termos juntos planejado a casinha da praia e nem termos nos casado com direito a lua-de-mel, festa. Ciúme do passado dele. Uma vida, uma história. O tempo jamais apagará. Pra quem chega no segundo tempo da vida de alguém, resta conformar-se. Vida, você o trouxe a tempo, mas as marcas ficarão eternamente. De tudo aquilo o que não vivemos, o que ainda teremos? Só você, tempo, dirá.
Naquela tarde, o resultado dessa emoção nociva, foi o mal estar físico que me invadiu. Pressão baixa, estômago revirado. Quando a cabeça não pensa, o corpo padece. Aos poucos coloquei as ideias de volta em seu lugar e brotou este texto.
Quero meu presente, quero meu futuro. Quero tudo o que a vida não me trouxe, aquilo o que não vivi, o que perdi e muito mais. Quero ser feliz! Tempo, agora você é pouco, devolva os meus sonhos de felicidade!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
20 de jan. de 2011
APELO AO TEMPO
O passado deveria ser uma pilha imensa de tijolinhos que edificam um ser. Cada experiência, cada momento, cada romance e eis a fortaleza na qual nos transformamos. Porém, parece ser muito difícil não trazer marcas do passado pros dias atuais. Complicado ter ao lado alguém que tem marquinha de aliança na mão, resultado de um casamento desfeito. Marcas. As mais fortes são invisíveis!
Quando meu olhar se lançou rapidamente sobre fotos do apartamento de seu tempo de casado, precisei ser forte. Incrível, o perfume de outra mulher pareceu ter invadido o meu espaço. Quantos sonhos eles sonharam? Quantos momentos mágicos viveram? Quanto amor havia? Marcas... Ajeitei-me na cadeira, a sensação era desconfortável. Estranho, eu me senti deslocada. Uma invasora, uma espécie de penetra na vida daquele casal que um dia deixou de existir.
Somos aquilo o que construímos pouco a pouco, ao longo de toda a nossa vida. Somos a alegria da união, somos a tristeza da separação. Somos os filhos que tivemos, as loucuras que ocasionalmente cometemos, os bens que adquirimos e aquilo o que deixamos pra trás. Voltei à realidade quando ele segurou levemente minha mão. Naturalidade em seu gesto.
Quisera que os amores durassem para sempre, que os casamentos fossem cercados da doce ilusão de felicidade full time. Meu coração apertou. Intrusa? Sim, naquele segundo eu me senti assim. Também protagonista de uma história semelhante, meu casamento se desfez após duas décadas. Virar a mesa sem ferir-se ou causar ferimentos em terceiros, difícil tarefa.
Olhei fixamente em seus olhos, tentando decifrar sentimentos. Sentiria saudade? Seria eu, em algum instante, comparada à ex? Afinal, por que estava eu ali sentada vendo aquele cenário do amor desfeito? Precisei respirar fundo, reunir forças da sabedoria dos meus quase cinquenta anos de vida.
Sim, senti ciúme do passado dele. Ciúme de termos nos encontrado há pouco tempo. De não termos tido filhos em comum. De não termos juntos planejado a casinha da praia e nem termos nos casado com direito a lua-de-mel, festa. Ciúme do passado dele. Uma vida, uma história. O tempo jamais apagará. Pra quem chega no segundo tempo da vida de alguém, resta conformar-se. Vida, você o trouxe a tempo, mas as marcas ficarão eternamente. De tudo aquilo o que não vivemos, o que ainda teremos? Só você, tempo, dirá.
Naquela tarde, o resultado dessa emoção nociva, foi o mal estar físico que me invadiu. Pressão baixa, estômago revirado. Quando a cabeça não pensa, o corpo padece. Aos poucos coloquei as ideias de volta em seu lugar e brotou este texto.
Quero meu presente, quero meu futuro. Quero tudo o que a vida não me trouxe, aquilo o que não vivi, o que perdi e muito mais. Quero ser feliz! Tempo, agora você é pouco, devolva os meus sonhos de felicidade!
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2 comentários:
Durante muitos anos senti-me um estranho em minha casa... Um estranho na minha vida... Talvez por isso segui essa vida de almocreve... Talvez por isso me prendi a pessoas com quem me cruzava apenas por umas horas, alguns dias, às vezes meses. Algumas já partiram... Marcas? Ficaram, sim!... É certo que o tempo jamais as apagará... Mas o tempo também não apagou de todo a estranha sensação de ser estranho na minha própria vida... É por isso que é urgente viver! Viver sempre mais... em busca de nós... em busca de alguém que, por estranho que pareça, não nos pareça um estranho... e que nos faça sentir... em nossa casa... Eu procuro sempre... Sempre!... Todos os dias!... Às vezes nas fotos... Às vezes em você... Às vezes nesse mundo de seu Deus, às vezes em minha casa... Mas sempre... Afinal a felicidade está na procura... Sempre!... E quando se encontra?!... huuummmmmmmmm! Ena!!!... É tanta a felicidade que parece até que não cabe na nossa vida!!!... Que estranho!...
Victor Manuel
A vida fica tão mais bonita quando temos verdadeiros amigos! Adoro você, Victor Manuel, poeta voador.
Beijo
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