É domingo novamente! As crônicas deste blog - quanta coincidência
- aportam neste mar teimosamente aos domingos. Antigamente a inspiração era menos
previsível, chegava em dias e horários inesperados. Domingueiras ideias me
trouxeram hoje aqui.
Domingo ensolarado, a temperatura agradável, um típico dia
para passear no parque, quem sabe levar
o cachorro para passear; visitar a mãe, a tia, a avó; preparar um churrasquinho. Vale uma
cervejinha, talvez uma caipirinha. Domingo é dia de reunir os parentes, rever a
sogra, os cunhados, os sobrinhos. Dia de escolher qual será a sobremesa: sorvete,
pudim, pavê? Difícil não engordar no dia de domingo, não trair a dieta, não
ameaçar as taxas de colesterol, de glicemia, burlar as ordens médicas. Um dia diferente, lento, enjoadinho, dia de
preguiça. Sem pessimismo, de fato o domingo é véspera de segunda-feira. Assim
que chega a noite a angústia é inevitável. Correria, organizar o material escolar, separar aqueles documentos
importantes, rever e-mails, anotar algumas coisas importantes na agenda. E é aí
que o domingo já era! Não há pizza no jantar que salve o humor de quem cai na
real no final do domingo.
Quando eu era criança eu inventava todas as doenças
possíveis a partir das 18h00 de domingo. Gripe, dor de barriga, dor de
garganta, até catapora! Peguei uma daquelas canetinhas hidrocor, de cor
vermelha, e salpiquei meu corpo com minúsculas pintinhas. Perfeito, mas nenhum
adulto acreditou na minha encenação. Talvez, meus pais tivessem feito o mesmo
durante a infância, minha farsa foi descoberta
e o castigo foi cruel: já pra cama, menina!
O melhor dia de domingo é aquele feito sob medida para
dormir. A gente se espalha confortavelmente na cama, ou no sofá da sala.
Escolhe alguns filmes para assistir, pega um livro bom de ler, almoça fora de
hora, adormece vestido de moletom sem nem perceber. Domingo ideal, sem muitas
testemunhas e sem planejamento.
A vida transcorre de um jeito calmo e previsível quando
temos felicidade no dia de domingo. É o descanso, a recarga da energia para
muito mais que há de vir.
O leitor agora se pergunta: e a Hebe? Não vai falar sobre a Hebe? Nem todos os domingos são felizes. Abro aqui um parêntesis,
com a licença de quem desceu o olhar até esta frase. Assim que acordei lembrei
que ontem Hebe Camargo partiu para o infinito. Outra linda estrela a brilhar no
Céu, uma estrela que é uma gracinha!
Algumas pessoas parecem ter vindo ao mundo predestinadas: esta aqui vai
ser especial, vai brilhar intensamente! Hebe foi assim, brilhou, aproveitou a
vida, levou alegria para pessoas que não conheceu pessoalmente, alguém famosa e
muito querida. Hoje, cedinho, aconteceu o enterro de seu corpo. E eu, enquanto
isso, de olho no relógio, tecia este texto. Não gosto dos dias de domingo, mas
admiro os dias de sol, admiro gente que tem luz no olhar e sorri escancarado. Hebe,
querida, que Deus a receba com todo o Seu Amor Infinito. Obrigada, você alegrou
momentos da minha família, momentos meus e eu
espero que a ciência vença a guerra contra o câncer em breve. Não foi em vão, não!
Aos leitores, bom domingo. Um dia
que é gerúndio e rima com ingo!