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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







30 de set. de 2012

À HEBE


É domingo novamente! As crônicas deste blog - quanta coincidência - aportam neste mar teimosamente aos domingos. Antigamente a inspiração era menos previsível, chegava em dias e horários inesperados. Domingueiras ideias me trouxeram hoje aqui.
Domingo ensolarado, a temperatura agradável, um típico dia para passear no parque,  quem sabe levar o cachorro para passear; visitar a mãe, a tia, a avó;  preparar um churrasquinho. Vale uma cervejinha, talvez uma caipirinha. Domingo é dia de reunir os parentes, rever a sogra, os cunhados, os sobrinhos. Dia de escolher qual será a sobremesa: sorvete, pudim, pavê? Difícil não engordar no dia de domingo, não trair a dieta, não ameaçar as taxas de colesterol, de glicemia, burlar as ordens médicas.  Um dia diferente, lento, enjoadinho, dia de preguiça. Sem pessimismo, de fato o domingo é véspera de segunda-feira. Assim que chega a noite a angústia é inevitável. Correria, organizar o  material escolar, separar aqueles documentos importantes, rever e-mails, anotar algumas coisas importantes na agenda. E é aí que o domingo já era! Não há pizza no jantar que salve o humor de quem cai na real no final do domingo.
Quando eu era criança eu inventava todas as doenças possíveis a partir das 18h00 de domingo. Gripe, dor de barriga, dor de garganta, até catapora! Peguei uma daquelas canetinhas hidrocor, de cor vermelha, e salpiquei meu corpo com minúsculas pintinhas. Perfeito, mas nenhum adulto acreditou na minha encenação. Talvez, meus pais tivessem feito o mesmo durante a infância, minha farsa foi descoberta  e o castigo foi cruel: já pra cama, menina!
O melhor dia de domingo é aquele feito sob medida para dormir. A gente se espalha confortavelmente na cama, ou no sofá da sala. Escolhe alguns filmes para assistir, pega um livro bom de ler, almoça fora de hora, adormece vestido de moletom sem nem perceber. Domingo ideal, sem muitas testemunhas e sem planejamento.
A vida transcorre de um jeito calmo e previsível quando temos felicidade no dia de domingo. É o descanso, a recarga da energia para muito mais que há de vir.
O leitor agora se pergunta: e a Hebe? Não vai falar sobre a Hebe? Nem todos os domingos são felizes. Abro aqui um parêntesis, com a licença de quem desceu o olhar até esta frase. Assim que acordei lembrei que ontem Hebe Camargo partiu para o infinito. Outra linda estrela a brilhar no Céu, uma estrela que é uma gracinha!  
Algumas pessoas parecem ter vindo ao mundo predestinadas: esta aqui vai ser especial, vai brilhar intensamente! Hebe foi assim, brilhou, aproveitou a vida, levou alegria para pessoas que não conheceu pessoalmente, alguém famosa e muito querida. Hoje, cedinho, aconteceu o enterro de seu corpo. E eu, enquanto isso, de olho no relógio, tecia este texto. Não gosto dos dias de domingo, mas admiro os dias de sol, admiro gente que tem luz no olhar e sorri escancarado. Hebe, querida, que Deus a receba com todo o Seu Amor Infinito. Obrigada, você alegrou momentos da minha família, momentos meus e eu  espero que a ciência vença a guerra contra o câncer em breve. Não foi em vão, não!
Aos leitores, bom domingo. Um dia que é gerúndio e rima com ingo!        




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