É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.

Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







12 de nov. de 2012

OUTRORA


Nem sou tão velha assim, mas sou de outro tempo. No “meu” tempo os homens usavam cueca samba-canção ( qualquer coisa parecida com uma bermuda, um cuecão), eram provedores ( pagavam todas as contas), usavam bengala, chapéu, bigode e... Nossa, viajei no tempo!  O “meu” tempo antecede a mim.
Naquela época, antes de mim, os homens cortejavam as damas, faziam serenatas sob as janelas, os casais suspiravam apaixonados à luz do luar. Usavam terno risca de giz, lenço no bolso do paletó, abriam as portas para as senhoras passarem, eram galantes, cavalheiros. O “meu” tempo, que nem vi, eu li em livros, assisti em filmes, escutei em histórias de avós, tias velhas, gente que teve a sorte de chegar ao mundo cinquenta anos antes de mim.
Quando nasci havia neste mundo uma revolução feminina, as moças queimavam sutiãs, os hippies pediam paz e amor e os Beatles cantavam Let It Be. Não, aquele não foi o “meu” tempo, cheguei atrasada meio que perguntando “cadê todo mundo?”.
E hoje, ah... Hoje eu vivo em um mundo mais maluco que qualquer história de ficção científica. Um mundo cinzento onde tudo é eletrônico. As pessoas passam umas pelas outras nas ruas, todas apressadas, ninguém abre a porta pra ninguém. Os homens andam dentro de seus carros, não fazem serenatas, nem usam chapéu. Quase ninguém observa a lua. E eu percebo que estou fora de moda, sou de outro tempo, do tempo em que o homem curvava-se respeitosamente, estendia sua mão à amada e a convidava a dançar. Do tempo do vestido rodado, da flor nos cabelos, do tempo em que o tempo parava para dar lugar ao romantismo, entre rosas e suspiros. E nem sou tão velha assim...

Nenhum comentário: