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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







7 de jun. de 2013

AMOR QUE ALIMENTA A ALMA

Todas as vezes que eles se encontravam acontecia a mesma coisa. Ela podia ensaiar um jeitinho de quem nada queria, ele podia fazer ar de difícil, estufar o peito e ganhar ainda mais centímetros de altura. De nada adiantava tanta pose e postura. Bastava seus olhares se cruzarem e faíscas pareciam riscar o ar. Seus corações pulsavam secretamente mais depressa, suas mãos ficavam frias. Sintomas claros de paixonite crônica. Porém, se afastavam ligeiro e tempos depois inventavam desculpas para um novo reencontro, uma conversa qualquer, um motivo leve. E lá estavam novamente a provar o friozinho na barriga, a delícia de se ver no brilho do olhar um do outro.
Às vezes deixavam passar meses e meses até o próximo encontro. Porém, nem sempre conseguiam conter seus sentimentos. Mais de uma vez se renderam ao irresistível beijo, aquele beijo que parece magnético, uma atração irresistível com total compatibilidade química e anatômica.
Anos se passaram nesse jogo de sedução, instantes breves de pura adrenalina que alimentava durante dias e meses suas almas. A cada novo encontro parecia que recarregavam sua energia para sobreviver às agruras do dia a dia. Eles eram a vitamina, o energético um do outro. Havia amor, mas não havia um relacionamento amoroso, eram amigos, apenas amigos.
Assim foi até o dia em que ela surgiu com uma aliança dourada no dedo anular esquerdo. Ele fingiu nada ver, mas a todo instante lançava um novo olhar para o adereço. Casada, ela tinha se casado e sequer havia lhe contado. O encontro foi rápido, caminharam algumas voltas juntos no parque, ele deu uma desculpa e foi embora. Foi pra casa, evitou retornar para o escritório. Deitou-se no quarto escuro e chorou feito menino. Ela tinha se casado com outro!
O tempo passou. Ele ficou sozinho e o casamento dela logo acabou. Inventaram um novo pretexto, um café para conversar a respeito do enguiço do computador. Experimentaram a mesma sensação, tudo igual. Seus olhos se encontraram, faíscas pareciam soltas no ar. Seus corações dispararam, suas mãos ficaram frias. Novos beijos, energia renovada. Naquela tarde de verão eles dois resolveram não mais se separar, casaram durante o inverno do mesmo ano e suas vidas seguem  de olhar em olhar, na batida forte de seus corações, um relacionamento apaixonado, desses feitos para durar. Amor que alimenta a alma.


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