Há vinte anos, em 1994, segurei firme a mãozinha do meu
filho, um menino de sete anos de idade, e alcançamos a pé a pista central da
Avenida 23 de Maio, aqui em São Paulo. Ao nosso redor a multidão formada por
tantos outros fãs do piloto Ayrton Senna, falecido em um trágico acidente no
dia 1º de maio, no autódromo de Ímola, Itália.
A dor era profunda, havíamos perdido um grande amigo. Um
amigo que visitava nossa casa aos domingos e, invariavelmente, nos acordava a
tempo de recebê-lo em torno das 9 horas da manhã. Um amigo que, lado a lado,
meu pequeno e eu, assistimos quando se acidentou. Ao vivo, impotentes. Em
seguida o telefone da minha casa começou a tocar, era meu pai aos prantos. O
acidente foi tão grave que, tomara, Ayrton não sofreu e nem se deu conta do
fim.
Juntos, meu filho e eu, na Avenida 23 de Maio, assistimos a
uma das cenas mais comoventes de nossas vidas. A multidão sentida, enlutada,
silenciosa. O cortejo fúnebre aproximou-se lentamente, acompanhado da
cavalaria. O único som que ouvíamos era dos cascos dos cavalos a estalar no
asfalto da Avenida. São Paulo parou e calou-se. Respeito!
Meu menino acenou, um adeus inocente e sincero para aquele
que fazia parte de nossas vidas. Não pude me conter, eu chorei abraçada ao meu
pequeno.
Hoje, vinte anos mais tarde, quando levo flores ao túmulo de
minha mãe observo o túmulo de Ayrton Senna sempre florido, homenagem de gente
feito você, feito o meu garoto, feito eu, gente anônima. Sob uma árvore, no
Cemitério do Morumbi, o corpo de Senna repousa.
Domingo triste, inesquecível. Acredito na continuidade da vida, acredito em anjos e creio que um
deles usa um capacete com a bandeira do Brasil estampada e sorri de um jeito
tímido, meio de lado. É Ayrton a cruzar a linha de chegada, entre estrelas e
cometas.
Saudade, muita!
3 comentários:
Ayrton Senna forever!
E como está a Princesa de São Paulo?
Ayrton deixou muita saudade, assim sempre será!
Victor, cá estou na mesma São Paulo. Como deve ter notado, escrevo e escrevo sem parar.
Bjs
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