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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







23 de abr. de 2014

MÃE É MÃE, ORAS!

Estava saindo de casa apressada, mal tranquei a porta do meu apartamento e minha vizinha também saiu para o corredor. Em seu colo o pequeno Bernardo, um bebê de dez meses de idade. Gorduchinho, olhinhos muito vivos. A jovem mãe sentiu-se orgulhosa quando elogiei a beleza e graciosidade da criança. Enquanto aguardava a chegada do elevador brinquei com Bernardo, fiz gracinhas. Passou ligeiro em minha lembrança o tempo em que meu filho era assim tão miudinho, suas primeiras palavras, seus primeiros passos. Estávamos no andar térreo quando escutei Bernardo balbuciar: "Ma, ma, ma".... A mãezinha se desfez em sorrisos lindos.
Ma, ma, ma... Mamãe! Mãe é uma palavra tão doce, tão bonita! Assim que voltei pra casa tentei encontrar um livro muito antigo, tão antigo que está amarelado pelo tempo.Pra dizer a verdade, é uma verdadeira antiguidade. Minha mãe deixou o “álbum do bebê”, com fotos minhas desde quando nasci até os primeiros anos da minha infância. Tudo registrado: peso e altura que eu tinha quando nasci, o nome do médico, qual era a maternidade, as gracinhas que eu fazia. Tudo escrito com letrinha materna e caprichada. Encontrei uma mecha de meus cabelos loiros e a anotação carinhosa: “cabelinhos cortados pela primeira vez”. Busquei a informação que precisava: a primeira palavra que eu pronunciei. Imaginei que tivesse sido “Ma, ma, ma...”. Qual o quê! A primeira palavra que eu disse foi “Pa, pa, pa...”. Coitadinha da minha mãe!
Talvez, o destino tenha dado em mim o troco. Vinte e seis anos mais tarde, mais precisamente em 1987, meu filho pronunciou a primeira palavra: “Au-au”. Ma, ma, ma? Isso ele falou somente depois dele ter aprendido a falar: “pa, pa, pa”. Fiquei em terceiro lugar, medalha de bronze pra mamãe aqui.
E eu, que em um instante voltei cinquenta anos no tempo, imagino agora o futuro. Pegar em meus braços meus netinhos e ouvi-los dizer: “vó, vó, vó”... Claro, primeiro dirão au-au; pa,pa,pa; ma,ma,ma; vô, vô, vô e, se eu duvidar, até "paralelepípedo" falarão antes de dizerem palavra "vovó" os moleques. Assim é a vida. Ao menos, os últimos serão os primeiros. Mas, prefiro sair da fila desse imenso check-in e apenas curtir as delícias da vida. Ser mãe, isso é fonte inesgotável do mais profundo amor.

Ma, ma, ma... Saudade de você, mãe!

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