Pouco falo dele, mas é meu primeiro beijo, meu primeiro
sorriso ao despertar, a certeza de que serei recebida com alegria assim que eu sair do
elevador e andar na direção da porta do meu apartamento. Ele é o recepcionista
esfuziante, o sujeitinho que me recebe entre pulinhos e latidos de felicidade.
E eu esqueço o cansaço, os aborrecimentos e o pego em meus braços.
Ele é meu
beijo derradeiro antes de dormir e se deita aos meus pés e vela meu sono, todas
as noites. Suas lambidinhas alegres me fazem deixar o mundo lá fora e eu
agradeço aos Céus: ser tutora do Bono me tornou alguém melhor e muito mais
feliz!
Ser mãe de um cãozinho demorou mais de 40 anos. Adotei
vários animaizinhos ao longo da minha vida, amei cada um deles, mas a afinidade
maior, essa somente chegou agora. Bono, um shih-tzu preto, branco e cinza,
completou recentemente dois anos de vida. Ele me ensinou a ser mais cão e menos
gente. Depois disso, tudo mudou
completamente.
A lealdade de um cão – não apenas cães, mas gatos e outros
animais – pode transformar o roteiro de alguém. Se eu voltar o filme da minha
vida, há dois anos eu me sentia alguém solitária, sem sorte na vida, o peso das
obrigações familiares, sociais e profissionais pareciam desabar esmagadoramente
sobre mim.
Uma noite, para relaxar, enquanto jogava Song Pop e Candy
Crush Saga em meu iPhone, recebi um e-mail. Era de uma amiga que queria me
mostrar um lugar que vendia cachorrinhos. Preocupada ela me avisou: estão à
venda, pode isso? Feito escravos!
Essa é a realidade dos animais neste momento de nossas
vidas. São considerados irracionais, bichos que podem ser sacrificados a favor
de nossa fome, nossa vaidade, nossa ruindade, que podem ser entregues a alguém
como presente, brinquedo, algo assim. Digo nossa fome, vaidade e ruindade
porque o erro humano é coletivo sempre. Nós! Eu me incluo nesse plural vergonhoso.
Lá estava Bono, na foto emburradinho, expressão facial de
quem estava mesmo de saco cheio quando tiraram sua foto. Lindo, muito lindo o
cãozinho. Meu coração disparou, paixão à primeira vista. À venda. Quando custaria? Entrei em contato com o vendedor e era
caro, muito caro. Pensei um pouco, admirei longamente o olhar daquele bichinho.Ele parecia me dizer: por favor, me salve! Decidi: irei buscá-lo.
Adotar um animalzinho abandonado é um dos mais bonitos
gestos de amor que alguém pode praticar. Abaixo relacionarei links de ONGs que
acolhem, tratam e entregam animaizinhos em adoção. Porém, o Bono eu comprei.
Melhor que isso, o Bono, que quando vi pessoalmente chorei, como toda mãe chora
emocionada quando pega pela primeira vez seu filhinho recém-nascido nos braços,
eu paguei, comprei. Bono eu alforriei! Meu cachorrinho da internet! Meu filho de quatro patas!
Meu amigo que me espera, que faz graça quando estou triste,
que trança minhas pernas quando estou distraída e quase me derruba, que me pede
colo, que me leva para passear e me apresenta novos amigos. Bichinho que aquece
meu coração com o calor autêntico de seu amor. Meu coração não bate, ele late.
Meu grande amor de quatro patas, que me tornou mãe de novo e alguém melhor,
muito melhor.
Se você não pode alforriar um cãozinho de raça, não pode
pagar caro por um cachorrinho à venda, o melhor é adotar um cão, um gato, ou o
bichinho que mais gostar. Pode ser aquele cachorrinho pulguento e magrinho que
passou por você na rua, pode ser o gatinho que estava perambulando no parque. O
que importa, realmente, é que você, que é um ser humano, abra seu coração, sua
casa e mude sua vida pra melhor. Seja pai, mãe, irmão de um pet! Há ONGs que
acolhem, recolhem das ruas animais abandonados, vítimas do descaso humano, de
maus-tratos. Esses bichinhos, ansiosos, aguardam um lar! Que tal ter ao seu
lado um amigo de alma?
ONGs de proteção animal que admiro:
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