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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







4 de set. de 2014

TAL MÃE, TAL FILHA

Sabe como é mulher, não sabe? Mulher é naturalmente vaidosa. Pode ser branca, negra, amarela, azul. Pode ser terráquea, ou marciana.
Minha vaidade foi colocada à prova recentemente. Estava no estacionamento do shopping quando encontrei ninguém menos que ele, o Zé Raylton. Pra quem não sabe, ou não consegue lembrar do dito cujo, Zé Raylton me abandonou em uma tarde fria e levou consigo o meu rádio. Sim, o rádio mesmo, que eu havia comprado em dez prestações. Levou e declarou: - o rádio é meu!
Claro que eu o mandei pra aquele lugar impublicável. Deve ter ido, porque levou o rádio e desapareceu.  Anos e anos de sumiço. Até que nos encontramos naquele estacionamento. 
Devo ter esbugalhado os olhos, ele estava enorme de tão gordo. O topetinho que ele usava de lado e fixava com camadas generosas de gel para cabelos, simplesmente caiu. No lugar havia uma careca lustrosa. Pensei: - será que ele usava tic-tac na franja e eu nunca reparei?
Percebi que ele encolheu a barriga pronunciada, prendeu a respiração. Lembrei que ele sofria de dor de barriga incurável e progressiva. Fez cara de quem precisava ir ao banheiro. Não deixei por menos:- Oi, Zé, há quanto tempo!
Ele se agarrou firme às sacolas de compras e respondeu algo rapidamente, não escutei muito bem. Fui atrás. – Não sabe quem eu sou?
Parou de andar, me olhou de cima abaixo. – Dona Bárbara Germânia! Há quanto tempo, como vai a senhora? E sua filha, a Diva, como ela está?
Bárbara Germânia era minha mãe. Comecei a rir. – Tá falando sério, Zé?
- A sua filha se casou?
Não aguentei. Ele realmente estava doido, ou cego, algo assim. Resolvi entrar na onda dele. – Casou e teve dois filhos. Mudou para a Indonésia!
- Que coisa boa. Menino ou menina?
- Menina e menino.
- Parabéns, Dona Bárbara. Foi um prazer encontrar a senhora, mande um abraço pra Diva.
Entrei no meu carro me sentindo literalmente zoada. Será que o Zé Raylton resolveu me sacanear? Será que ele ficou maluco? Ou... Ou será que estou assim tão parecida com minha finada mãe?
Minha autoestima despencou no chão, coisa que nem mesmo um litro de botóx conseguiria consertar.
Dois dias depois recebi um convite de amizade no Facebook. Quem era? Sim, ele, o Zé. Aceitei. Primeira conversa: - Diva, sobre aquele nosso encontro no shopping, preciso falar com você.
- Zé, minha mãe me disse que encontrou um cara parecido com você no shopping. Só não era você porque era careca e gordo.
Foi a amizade mais rápida que fiz naquele tal de Facebook. Durou 5 minutos. Fui deletada e bloqueada,
Coisa boa ter falado com o Zé.

Este texto se parece muito com tudo aquilo o que escrevíamos no antigo blog, Janela das Loucas. Escrevi pensando em você, meu saudoso amigo Abílio Manoel. Uma trapalhada de Diva Latívia, para adoçar os nossos dias. Saudade!

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