É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.

Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







22 de dez. de 2016

NATAL É AMOR, FELIZ NATAL!


Mais um Natal, mais um novo ano.
Todos os dias, aqui no blog, recebo mensagens de pessoas que estão sofrendo muito. O desamor, a desarmonia, a falta de esperança, os problemas diários. E é, de modo especial, para vocês que chegam aqui a partir de uma pesquisa no Google e em outros sites de busca, sobre como resolver um problema, ou como encontrar a solução para um conflito pessoal, amoroso, familiar, que deixo os votos de Feliz Natal. Porque Natal é esperança, é paz, é luz. Ainda que não aconteça uma festa, ainda que o dinheiro esteja curto para roupa nova, presentes caros, que não esteja presente alguém especial, ainda assim, que seja Natal em seus corações. 
O amor está acima de todo e qualquer problema, todo e qualquer conflito. Não me refiro a quem tem uma religião, especificamente, mas a quem busca o amor como fonte, alimento de sua vida. Que esse alimento, esse pão, seja encontrado em palavras bem pensadas, atitudes serenas, reflexões que levarão a um bom entendimento com outras pessoas. Se nada é fácil, pois que o primeiro grande obstáculo - vencer os próprios impulsos - seja o mais lindo presente, entregue de si para si mesmo(a).
Feliz Natal, que os amores sejam correspondidos, que novos amores sejam plantados e colhidos, com todo o amor próprio, sempre.

Diva Latívia ( Cláudia)

23 de nov. de 2016

PAISAGEM DE CONCRETO

Uma xícara de café com um pouquinho de leite morno. Três gotas de adoçante.  Nos pés pantufas de cor lilás. Meus cabelos soltos e desalinhados, eu ainda vestida com o pijama amarelo de listras brancas. Lá fora o dia amanheceu nublado. Observo lá embaixo o cruzamento da avenida, o semáforo com defeito novamente. Motoristas apressados, as cores do farol mudam de vermelho, rapidamente, para depois verde. Os carros andam poucos metros, buzinam impacientemente. O mundo parece gritar. Bebo outro gole de café.
Quarta-feira, dia 23. Evito ler o noticiário político e econômico. Meu olhar parece ter esbarrado no olhar da moça que trabalha no escritório do outro lado da rua, ela disfarça, olha para o outro lado. Deve ter imaginado que sou boa vida, desocupada, o que faz uma mulher em casa, de pijama e despenteada, às sete e meia da manhã? Sinto pena da moça, começou cedo em sua lida, talvez seja secretária de algum executivo exigente, estressado. Começo mentalmente a escrever um conto urbano, a moça protagonista, personagem muda e triste. Lá se vai o ônibus elétrico, passa sempre nesse horário. Dentro dele trabalhadores e estudantes, gente com pouco tempo e muitos compromissos. Fecho o último botão da blusa do pijama, sinto frio.
São Paulo é mãe hostil, mãe que castiga injustamente, mãe desnaturada. Não há mais que poucos metros para meus olhos lamberem no horizonte. Edifícios encobrem as distâncias, não há paisagem a admirar, senão a de concreto. Buzinas, pressa, carros, concreto, pijama, a moça a trabalhar cedo, o jornal que evito ler, pantufas de cor lilás, meus cabelos a cair no rosto, o frio, as nuvens no céu, as cores do semáforo a colorir o asfalto úmido, São Paulo indiferente a mim, bebo mais um gole de café. Hoje é outro dia. Bom dia!

25 de out. de 2016

200 MIL ACESSOS


Hoje é dia de festa! O blog Diva Latívia acaba de alcançar 200 mil acessos.
Aqui deixo o meu agradecimento a cada um que pousa seu olhar sobre meus textos. A sua participação, seu comentário, sua presença aqui diariamente me inspira a escrever. Deixo meu agradecimento especial a você, Abílio Manoel, meu saudoso amigo.
Diva que brilha, que nasceu diva. Minha Diva Latívia!

Um grande abraço da autora,

Cláudia

15 de out. de 2016

CASAMENTO: PREFIRO PRENDER O MEU DEDO NA PORTA

Acordei achando que já fosse de manhã. O quarto escuro, a rua silenciosa. Olhei para o relógio e passava pouco da meia-noite. Fui despertada por um sonho que tive. Em uma igreja decorada com flores brancas e azuis, eu estava vestida de noiva. Tocava a marcha nupcial. A igreja lotada de gente, flashes de câmeras fotográficas me cegavam. Sozinha, caminhei por um tapete de veludo branco até o altar. Então, ele apareceu: Frankenstein. Sorriu um sorriso de quem nunca tinha escovado os dentes e estendeu as mãos frias e ásperas para mim. Usava fraque e cartola, na lapela um botom com o escudo do Corinthians. O padre indiferente ao meu espanto, meus pais tranquilos, todos pareciam achar tudo aquilo lindo.
O padre: - Senhor Frankenstein, é de sua livre e espontânea vontade se casar com a Senhorita Diva Latívia?
Frankenstein: - Sim, dá ela logo pra mim!
O padre: - Senhorita Diva Latívia, aceita o monstro Frankenstein para ser seu marido?
Frank babava, cheirava mal, sua roupa estava suja de terra, suas unhas eram encardidas, seus cabelos oleosos, certamente sofria de dermatite seborreica e aquela cicatriz no meio do rosto estava coberta de purpurina.
Meus pais sorriam emocionados. Frank exalava seu mau hálito quando abria a boca e resmungava palavras incompreensíveis.
Eis que apareceu Dom Quixote de la Mancha! Montado em seu cavalo atravessou a galope a igreja, lutou bravamente com Frankenstein e, enquanto eles dois se socavam, saí correndo pela rua, entrei no primeiro ônibus lotado que passou. Os passageiros eram bem interessantes: Branca de neve e os sete anões, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho com a Vovó e uma ex-presidente, que prefiro não mencionar o nome. Não fosse a bondade de Santa Teresa de Calcutá, a Madre, que ali estava pedindo esmola para seus pobres, eu teria sido expulsa do coletivo na parada seguinte, pois não tinha dinheiro para pagar a passagem. Quando Madre Teresa já tinha me convencido que meu lugar era no convento, acordei achando que fosse de manhã.
Sonhos estranhos deveriam entrar em cartaz em nossas mentes somente em dias úteis. Aos finais de semana deveríamos sonhar com coisas amenas, assuntos que não nos levassem aos porões de nossas mentes, temas interessantes para psicólogos e psiquiatras em geral. Sei que monstros não existem, mas tem um monstro no altar me esperando. E vocês ainda querem falar comigo sobre casamento?
Penso seriamente em escrever um texto com o título mais ou menos assim: prefiro prender meu dedo na porta do que me casar. Coitado do Frank. Com tanta mulher no mundo dos sonhos, foi escolher Diva Latívia, a noiva mais ligeira na corrida dos cem metros de passarela de igreja.
Contei o sonho à minha auxiliar do lar, Zezé. Ela começou a rir e não parou mais. Achou que Dom Quixote fosse o Zorro, que Madre Teresa fosse minha parente e que aquilo era sinal de que alguém do outro mundo queria falar comigo. O que esperar de uma criatura que me perguntou quem é o atual presidente do Brasil e, quando respondi, se espantou: - quem é esse?
Agora não sei se vou ao psicanalista, se vou à igreja, ou se escrevo um texto e volto a dormir. De certo mesmo, apenas a semelhança que nunca notei: Zorro se parece com Dom Quixote e Madre Teresa se parece muito com minha tia Marieta. Tem jeito, não. Vou ter que marcar uma sessão com meu analista, antes que eu imagine que Frankenstein está aqui ao meu lado, só esperando que eu diga "sim".




13 de out. de 2016

Bob Dylan, Nobel de literatura de 2016

Bob Dylan, ganhador do prêmio Nobel de literatura de 2016.

11 de out. de 2016

INVEJA, SENTIMENTO CORROSIVO

Um dos temas mais abordados pelos leitores em e-mails e também em comentários neste blog é a inveja. Atendendo a muitos pedidos, falarei sobre esse sentimento corrosivo.
Inveja é o desejo de possuir o que é alheio. Assim, o invejoso quer se apossar de um bem de alguém, ou destruí-lo. Faz votos que o alvo de sua inveja engorde, morra, adoeça, se separe, empobreça, perca o emprego e assim por diante. O invejoso é incapaz de obter o que almeja de modo limpo, honesto: ele quer o que é de outrem, da beleza física ao casamento, do carro novo à viagem de final de semana, do emprego ao dinheiro.
Outro dia, casualmente, uma amiga me mostrou uma fotografia na qual aparecia irreconhecível. Foto tirada de baixo para cima, suas dimensões corporais tão agigantadas que parecia ter vinte quilos acima de seu peso real. Levava à boca o talher, um flagrante indelicado do momento em que se alimentava. Uma fotografia horrível, claramente proposital e divulgada na internet, aliás ela se referiu à pessoa que a fotografou como alguém que não sabia envelhecer e, claramente, a invejava por ser mais jovem.  Enfim, uma foto calculada e tirada por alguém invejoso da beleza dessa amiga. Sugeri que ela ignorasse o ocorrido e evitasse nova proximidade com a “fotógrafa”.  Esse apenas um exemplo do que pode causar esse tipo nefasto de criatura. Tentar “engordar” uma pessoa fisicamente bonita, para sentir-se realizado.
Como se proteger de gente invejosa? Sugiro que esteja sempre alerta, afinal nem todos os invejosos usam como arma uma simples câmera fotográfica, ou celular. Os riscos podem ser ainda mais graves. Escolher bem as companhias é importante. Saber discernir quem é e quem não é amigo pode ser demorado, mas é essencial. Em ambientes corporativos é muito comum desejarem o cargo alheio, as vantagens e salário de outra pessoa. Ter um bom escudo, não falar muito de si, de suas conquistas, de sua vida pessoal. Evitar ostentar o que possui. Proteger-se e proteger sua privacidade. Quanto menos o invejoso souber, mais ileso você sairá de suas investidas.
Afastar-se, dentro do possível, desse tipo de pessoa pode significar sua paz, sua segurança. Todo mal praticado, desejado, se multiplica infinitamente e volta para quem o desejou com uma potência muito grande. Não seria mais fácil lutar de mãos limpas para conquistar aquilo o que deseja? Cuidar bem de si, de suas finanças, estudar, trabalhar? Claro que sim. Mas, o invejoso, acima de tudo, é incompetente. Incapaz de enxergar seus dons, tenta tomar de outras pessoas os frutos que nunca plantou.
 Natural seria que todos admirassem as façanhas e a beleza alheia sem desejar destruir o que não lhes pertence. Quando o mundo estiver em harmonia, toda essa energia negativa perderá sua força e cada um compreenderá o próprio valor. Esse dia deve demorar a chegar. Então, cuidado com as fotografias tiradas de baixo pra cima e fiquem bem longe de quem não lhes quer bem. Para completar: sem entrar no mérito desse assunto, quem é fotografado tem direito de imagem. Se, por acaso, a vítima se sentir ofendida com a fotografia, que não autorizou ser tirada, ou divulgada, poderá buscar uma compensação indenizatória na Justiça. Mais um motivo para o invejoso pensar duas vezes, antes de clicar novamente. Toda inveja será punida, resta sentar-se e esperar, de preferência sem pressa e divertidamente. 


13 de jul. de 2016

A VISITA INESPERADA ( Vejo nuvens esverdeadas)

Não entendo o motivo disso, mas minhas tias, com exceção de Tia Ingrid, se tornaram absurdamente azedas, insuportáveis. Se existe uma tia que jamais foi com a minha cara é a tia Violeta. Ela cismava com minha postura, dizia que eu era corcunda. Implicava com meu peso, me chamava de gordinha. A todo instante batia nas minhas costas e dizia: - endireita isso, menina! - De vez em quando batia na minha barriga: -encolha isso, menina! -  Eu não podia passar perto dela que lá vinha um tapinha, às vezes um tapão. Peguei raiva dessa tia durante a infância e adolescência, portanto não é implicância, é trauma de verdade.  
Domingo é aquele dia feito sob medida para dormir muito. Minha caminha aconchegante, quentinha, eu totalmente despreocupada, relaxada. Que coisa boa que é a paz, o sossego! Ainda que meus finais de semana sejam todos urbanos, afinal o sítio foi vendido e já era, eu faço do meu apartamento o meu refúgio, com direito ao canto dos passarinhos que vem daquelas árvores perto da banca de jornal. 
Creio, escutei um som e não eram os passarinhos. Talvez, proveniente de algum apartamento vizinho. Um alarme, talvez o telefone. Que gente inconveniente, domingo a essa hora? Que horas seriam? Ah, isso não importava. Virei-me, arrumei o travesseiro de um jeito tão bom que o sono me abraçou novamente. 
Despertei. Teria sido o interfone, ou a campainha? Meu cãozinho, Bono, latiu estridente. Sem acreditar no que ocorria, zonza, caminhei sem rumo. Bati aquele ossinho do pé na quina da porta do quarto. Esmurrei a porta de tanta raiva: - porta filha da ....!!! Divo falou qualquer coisa: - Oi? Eu? 
Antes que eu chegasse à cozinha, o interfone disparou duas vezes. Atendi e escutei a voz de Lindomar, o porteiro. – Dona Diva, tem uma muié aqui embaixo dizendo que é sua tia, ela pode subir? 
Bono latia, o pé latejava, pensei em dizer ao porteiro que inventasse qualquer desculpa, dissesse que não tinha ninguém em casa. Eu estava meio dormindo, meio  morrendo de dor no pé.  Bono decidiu por mim, ao abanar o rabinho todo satisfeito.  - Qual o nome dela, Lindomar? 
- Pera aí que vou preguntá. 
- É Violeta. 
Tudo o que eu não queria naquele domingo começava a acontecer. Olhei pro relógio da cozinha, 08h15 da matina. O sono era tanto que, se eu pudesse, dormiria em pé. 
-Manda subir! 
Nem tive tempo de escovar os dentes, a titia apertou a campainha diversas vezes seguidas. Bono voltou a latir. Saí do banheiro mancando, de camisola, despenteada. Fiz o esforço máximo: – Bom dia, titia, seja bem-vinda! 
Sequer respondeu, atirou-se sobre o sofá, com seu guarda-chuva. – Ai, estou muito cansada. O que você tem pra beber? 
Busquei água pra titia. Admirada, repreendeu-me. – Menina, a esta hora da manhã você deveria estar vestida. Eu prefiro café, onde está o café? 
Tinha começado o inferno do meu domingo. Um domingo ensolarado. Pra quê aquele guarda-chuva? 
- Titia, vai chover? 
- Está louca, garota? Não vê que está fazendo sol? 
- Mas, esse guarda-chuva... 
- O que tem? Eu uso o guarda-chuva pra minha proteção! 
Achei melhor não fazer mais perguntas. Proteção contra raios solares? Contra ladrões? Talvez, já caduca, ela estivesse vendo inimigos imaginários! 
Divo acordou com todo aquele barulho.Titia, ao vê-lo na sala, não se conteve. – Nossa, você está horrível, meu filho. Precisa emagrecer, ou vai morrer do coração. 
Divo olhou-me atravessado. Não tive dúvidas, peguei aquele comprimidinho tranquilizante natural que a médica homeopata havia prescrito pra mim. Tomei logo dois de uma vez. Homeopatia, segundo eu imaginava, era algo leve, inofensivo, quase docinho pra criança. Sentei-me à mesa e observei titia mastigar avidamente pão integral com requeijão. O som que produziu ao beber café com leite fez Bono rosnar. 
- Diva, menina, quem vai buscar minha mala na portaria do prédio? 
-Sua mala? 
-Claro, como acha que vou passar uma temporada na sua casa sem trazer minhas coisas? Mande seu marido ir buscar!  
Mal terminou de falar, tirou a dentadura, sem a menor cerimônia e, com dificuldade, caminhou até a cozinha, escolheu um dos meus copos favoritos e lá colocou a dita cuja.  
Homeopatia é coisa natural. Feito maracujá, erva doce, essas coisas. Tomei mais um comprimidinho de calmante e não lembro muito bem se falei com Divo, ou não. O que sei é que consegui chegar até minha cama. 
Sonhei que eu voava, que a montanha-russa tinha asas e que as nuvens eram esverdeadas. Acordei às 17h23, assim marcava o relógioMeu quarto silencioso, tudo muito confortável. Onde estaria Divo? Cheguei à sala, titia fazia crochê e assistia Silvio Santos. Divo e Bono deixaram um bilhete assim escrito: fomos almoçar na casa da mamãe. 
- Diva, sua irresponsável! Uma mulher tem deveres, quer perder seu marido pra outra? Como que você dorme até essa hora?  Por isso que você está assim, gorda e corcunda! Seu marido ficou sem almoço e eu estou faminta! O que vamos ter para o jantar? 
Fugi de volta pro quarto e telefonei pra prima Rosa. – Rosinha, pelo amor de Deus, me ajude! 
Titia, para meu alívio, foi exportada pra casa da Rosinha, ela e sua mala. Passei dois dias meio avoada, calma demais. Homeopatia, éBad tripAquilo era uma bomba-calmante!  Comigo agora é assim: na portaria do prédio deixei ordem de jamais, nem mesmo em caso de incêndio, o interfone tocar antes do meio-dia. 
Quinta-feira, dez horas da manhã, chegou o televisor novo, comprado por Divo no sábado. Lindomar, o porteiro, não recebeu a compra e nem me chamou, afinal não era meio-dia. Sacana! 
Pensei em tomar outro calmante homeopático, mas concluí que aquilo dava barato, com nuvens esverdeadas e tudo o mais. Melhor enfrentar a realidade a seco. E tudo isso eu devo à tia Violeta, que de casa em casa, de parente em parente, causa confusões familiares incríveis. 
Hoje cedo telefonou a prima Rosa. Queria, de todo jeito, me convencer que agora era minha vez de ficar com a tia Violeta. Segundo propôs: uma semana cada uma, um revezamento. Mais do que depressa eu inventei uma desculpa: - Vou operar, não posso! 
 – Operar o quê? 
 – É... ... Não seja indiscreta, Rosinha! 
 – Ah, já sei, vai colocar silicone na bunda, né? 
O desaforo de Rosinha me fez entender que melhor do que calmante homeopático são exercícios físicos regulares. Escrever, meu esporte preferido, é um bom tranquilizante e não tem efeitos colaterais, mas tem nuvens esverdeadas e me faz voar pra qualquer lugar. Santo calmante! 


8 de jun. de 2016

AOS NAMORADOS ( Feliz Dia dos Namorados)

Que os beijinhos sejam muitos, os abraços sejam tantos, o afeto seja doce e o namoro seja eterno.  Amar é a razão maior desta vida: amem-se!

Feliz Dia dos Namorados!





7 de jun. de 2016

AOS SEM NAMORADO (A)

Beijos e abraços, afeto doce de fé e flor.
Paixão sem quimera, ai quem me dera não ser só.
Saudade, de colo e dó.
Quem ama não dá trégua, amor faz laço e se enrosca em nó.
Sem aconchego neste frio, ai que dor!
Saudade do enrosco, sou barco sem remo, quanta falta me faz um amor!

18 de mai. de 2016

EU: DIVAGANDO

São Paulo tinha cor de terra. A terra anterior à pavimentação de minha rua. A poucos metros de minha casa o bonde passeava sonoro e lotado de passageiros. 
O realejo e sua sinfonia, a sorte tirada pelo bico de um pássaro. As flores pareciam mais coloridas, salpicavam o jardim imenso, brotavam quase imortais. 
Assim era o meu jardim, dentro da minha cidade, naquela rua de terra, naquele tempo distante. 
São Paulo cresceu, eu cresci, o tempo passou, chegou o asfalto, o metrô, o trânsito, o mar de edifícios que encobriram o céu. O realejo sumiu, o bonde passou, a casa foi demolida, as flores se foram, o pássaro morreu. E eu?


14 de abr. de 2016

LEMBRANÇAS LAVADAS E ALVEJADAS ( Eu: minha vida em Downton Abbey)

Sou dessas poucas criaturas que não precisaram, desde a infância, lavar a própria louça, limpar a casa, lavar e passar as roupas e cozinhar. Afortunada, nasci em uma família que tinha muitos empregados para realizar essas tarefas. Algo parecido com Downton Abbey, talvez.
O tempo foi passando, da infância para a adolescência. E nada mais era como antes. Com poucos empregados e menos dinheiro, cada membro da família precisou sair para a luta, ou seja, trabalhar. Quando digo trabalhar, eu me refiro às tarefas do lar, doce lar. E eu, que sabia lavar meus cabelos e olhe lá, aprendi rapidinho, e na prática, que água de lavadeira era alvejante de roupas poderoso. Estraguei roupas caras, misturei vermelho com branco, preto com cor-de-rosa e até esburaquei peças de roupa delicadas, ao depositar a bunda quente do ferro de passar roupas sobre suas tramas delicadas e sintéticas.  Bom mesmo foi aquele dia, quando reuni toalhas de banho, calças jeans, camisetas, meias, lotei a capacidade da lavadora de roupas até acima de seu limite máximo. Caprichei na quantidade de sabão em pó, algo em torno de duas xícaras de chá, girei o seletor de comando e fui sonhar com a vida, admirar-me no espelho, tentar me recompor do trabalho que considerava extenuante e injusto para a grandiosidade de minha beleza. Não demorou muito, gritos vieram ao meu encontro. Mãe, avó, tias, todas gritavam em coro coisas do tipo: segura, cuidado, pega e socorro. A máquina, com as peças de roupa mal acomodadas em seu interior, isso aliado ao peso desproporcional das roupas e ao excesso de sabão em pó, havia se movido, pulado, espumado, como se estivesse enlouquecida. Girou, rodou e tombou. Quando cheguei na lavanderia, nada havia o que fazer. Era um mar de água com sabão e espuma. A lavadora jazia inerte em posição horizontal, visivelmente falecida, despachada desta para a melhor.
Foi assim que aprendi que toalhas de banho não podem ser lavadas juntamente com calças jeans. Que sabão em pó não pode ser usado em excesso. Aprendi também que, para comprar uma nova lavadora de roupas é preciso ter dinheiro, muito dinheiro. Na semana seguinte, sob o olhar severo de minha mãe, comecei a trabalhar em meu primeiro emprego: recepcionista de um consultório veterinário. Cada centavo que recebia no final do mês era destinado ao pagamento das prestações da nova moradora de nossa casa: a Brastemp gorducha e muito branca.
Pensando bem, foi durante esse meu primeiro emprego que despertou em mim a afinidade com os animais (todos, exceto os humanos). Mas, isso é outra história que lhes contarei mais adiante.
Hoje, muito cedo, quando liguei minha lavadora de roupas, lembrei desse episódio. O tempo passou, ainda não inventaram a máquina que lava e passa roupas. Já imaginaram? Colocar roupas sujas dentro da lavadora e de lá, em instantes, sair a roupa limpinha, passadinha, cheirosinha. Entre um gole de café e outro, escrevi este texto. Mas, não me distraí um só instante do barulho suave que fazia a lavadora. Trauma não superado de que ela sambe, gire e caia dura na lavanderia.  Da sala de estar para a cozinha, sem drama ou excesso de nostalgia, tudo o que tenho a reclamar é: às vezes sinto uma pontinha de falta de toda antiga mordomia.