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O notebook diante de si e ela praticamente paralisada, lendo e relendo o e-mail do ex.
Já tinha deletado “o criatura” de seu MSN, Orkut, Facebook e tirado seu e-mail da lista de contatos. Porém, lá estava a mensagem daquele que costumava chamar de “falecido”.
Ele apenas queria comunicar que iria se casar com aquela morena gordinha, baixinha, mais feia que a situação. E que iria viajar em lua-de-mel para a França, um mês inteirinho. Portanto, não poderia visitar as crianças, filhos da extinta união, durante esse período.
Pensou em responder, desejar que ele e aquela gorducha viajassem pro inferno, mas se conteve. E lá estava ela em estado catatônico, olhar fixo no nada, seus pensamentos pareciam ter congelado.
Há quanto tempo não conversavam? Desde que o filho menor caiu na escola, isso há oito meses. A pensão alimentícia ele pagava em dia, as crianças ele buscava em finais de semana alternados. Tocava o interfone, ela atendia, o porteiro avisava que ele estava lá embaixo e ela mandava a empregada levar os pequenos até o pai. Evitava um contato visual com ele, preferia ser a ex-mulher-invisível.
Ficou imaginando: como seria a cerimônia de casamento deles? A mocreia usaria vestido de noiva? Tentou imaginar a futura esposa de seu ex. Certamente ficaria parecida com uma couve-flor, gorducha e cheia de babados e rendas. Riu sozinha, depois sentiu vontade de chorar. França? A lua-de-mel que tiveram, há mais de dez anos, foi no apartamento de seus pais, em Santos. Não tinham dinheiro pra quase nada.
Dois meses depois, ele se casou com a tal da mulher-couve-flor. Não foi convidada, evidentemente. Quando vestiu os dois filhos torceu pra que as crianças não se comportassem durante a cerimônia, chamassem a madrasta de bruxa quando o padre perguntasse se havia alguém que soubesse de algum impedimento. Naquela noite, ela tomou todas. Abriu uma garrafa de vinho e depois mais outra. Dormiu no sofá com o televisor ligado no canal de filmes.
Acordou ao meio-dia, o sol entrando pela vidraça e batendo em seu rosto. A cabeça doía, as costas doíam. Meio cambaleante, aos poucos lembrou da realidade. Na cozinha a empregada já estava preparando o almoço. Os meninos tinham acabado de chegar, trazidos por algum parente.
Não resistiu, perguntou aos pequenos “como foi o casamento do papai”.
- Manhê, que demais, a gente tirou uma foto com o celular, quer ver?
Hesitou alguns instantes, buscou seus óculos de grau e, pasma, visualizou um casal de meia-idade, ela vestida de noiva, parecendo um repolho e não uma couve-flor, e ele com um smoking vermelho, algo que considerou ridículo e quase surreal.
Deu-se por satisfeita, mas já que ex é ex e a natureza é algo imutável, passou a torcer pra que Paris estivesse fria, cinzenta, pra que o elevador da Torre Eiffel sofresse alguma pane momentânea, pra que o corcunda de Notre Dame ressuscitasse inesperadamente e a lua-de-mel se transformasse em puro fel.
A última notícia que teve de seu ex foi na semana passada. Aos quarenta e cinco anos, a tal da fulana está grávida. Agora ela está imaginando com quem vai se parecer a criança. Espera que com a mãe, um pequenino repolho que futuramente vestirá smoking vermelho, igualzinho ao papai.
Por essas e outras, penso o seguinte: a maioria dos(as) ex deveria ser abduzida por alienígenas. Evaporar, sumir!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
25 de out. de 2010
EX!
O notebook diante de si e ela praticamente paralisada, lendo e relendo o e-mail do ex.
Já tinha deletado “o criatura” de seu MSN, Orkut, Facebook e tirado seu e-mail da lista de contatos. Porém, lá estava a mensagem daquele que costumava chamar de “falecido”.
Ele apenas queria comunicar que iria se casar com aquela morena gordinha, baixinha, mais feia que a situação. E que iria viajar em lua-de-mel para a França, um mês inteirinho. Portanto, não poderia visitar as crianças, filhos da extinta união, durante esse período.
Pensou em responder, desejar que ele e aquela gorducha viajassem pro inferno, mas se conteve. E lá estava ela em estado catatônico, olhar fixo no nada, seus pensamentos pareciam ter congelado.
Há quanto tempo não conversavam? Desde que o filho menor caiu na escola, isso há oito meses. A pensão alimentícia ele pagava em dia, as crianças ele buscava em finais de semana alternados. Tocava o interfone, ela atendia, o porteiro avisava que ele estava lá embaixo e ela mandava a empregada levar os pequenos até o pai. Evitava um contato visual com ele, preferia ser a ex-mulher-invisível.
Ficou imaginando: como seria a cerimônia de casamento deles? A mocreia usaria vestido de noiva? Tentou imaginar a futura esposa de seu ex. Certamente ficaria parecida com uma couve-flor, gorducha e cheia de babados e rendas. Riu sozinha, depois sentiu vontade de chorar. França? A lua-de-mel que tiveram, há mais de dez anos, foi no apartamento de seus pais, em Santos. Não tinham dinheiro pra quase nada.
Dois meses depois, ele se casou com a tal da mulher-couve-flor. Não foi convidada, evidentemente. Quando vestiu os dois filhos torceu pra que as crianças não se comportassem durante a cerimônia, chamassem a madrasta de bruxa quando o padre perguntasse se havia alguém que soubesse de algum impedimento. Naquela noite, ela tomou todas. Abriu uma garrafa de vinho e depois mais outra. Dormiu no sofá com o televisor ligado no canal de filmes.
Acordou ao meio-dia, o sol entrando pela vidraça e batendo em seu rosto. A cabeça doía, as costas doíam. Meio cambaleante, aos poucos lembrou da realidade. Na cozinha a empregada já estava preparando o almoço. Os meninos tinham acabado de chegar, trazidos por algum parente.
Não resistiu, perguntou aos pequenos “como foi o casamento do papai”.
- Manhê, que demais, a gente tirou uma foto com o celular, quer ver?
Hesitou alguns instantes, buscou seus óculos de grau e, pasma, visualizou um casal de meia-idade, ela vestida de noiva, parecendo um repolho e não uma couve-flor, e ele com um smoking vermelho, algo que considerou ridículo e quase surreal.
Deu-se por satisfeita, mas já que ex é ex e a natureza é algo imutável, passou a torcer pra que Paris estivesse fria, cinzenta, pra que o elevador da Torre Eiffel sofresse alguma pane momentânea, pra que o corcunda de Notre Dame ressuscitasse inesperadamente e a lua-de-mel se transformasse em puro fel.
A última notícia que teve de seu ex foi na semana passada. Aos quarenta e cinco anos, a tal da fulana está grávida. Agora ela está imaginando com quem vai se parecer a criança. Espera que com a mãe, um pequenino repolho que futuramente vestirá smoking vermelho, igualzinho ao papai.
Por essas e outras, penso o seguinte: a maioria dos(as) ex deveria ser abduzida por alienígenas. Evaporar, sumir!
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6 comentários:
Oi, Cláudia...
Muuito bom o seu blog, suas idéias... Bom gosto e sensibilidade, quando se juntam, produz um ótimo resultado.
Estou te seguindo.
Beijos no coração,
EDU (http://edurjedu.blogspot.com)
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Diva
Também acho que os ex deveriam ser abduzidos. Não que eu seja antisocial, mas é desconfortável, é chato, é estranho cruzar com eles depois do término, o fato de olhar já é terrivelmente difícil, imagine vê-los com outra...rsrs Pena que a gente tbm se torna ex, com esse fato nos tornamos dignas da mesma penitência...o jeito é tolerar amiga e fazer cara de quem não se importa!
Muito bom teu texto...ri demaissss
Beijos Diva!
Edu e Glenda, meus leitores queridos. Obrigada pelos comentários!
Beijo
Tinha que ser Cláudia mesmo pra escrever tão bem!!! (humilde não heiiim,rs)
Parabens pelo Blog, e que leitura gostosa, era como se tivesse com um livro em mãos, deu até aquela vontade de virar p/ver se tinha mais na outra página, rs.
"Ex" que bicho-papão que sempre vai nos acompanhar, eu heiiim, fazer o que ter "ex" e ser "ex" ó vida, rs
ps: agora fiquei curiosa p/ver a foto que as crianças tiram no celular, imaginei o vestido dela, rs...
bjus, lógico que já tô seguindo
Cacau (Cláudia Corrêa)
Ambas Cláudia e ambas Cacau...rss
Cacau, muito obrigada pelo comentário. Pra mim é incentivo pra que eu continue a publicar textos. Que bom que está seguindo, fico muito feliz. Volte sempre e visite também meu outro blog, o Janela das Loucas.
Beijo
Bom será uma honra ter vc tbm no meu, o meu é simples, mas é meu cantinho virtual...aguardo vc!
vou deixar é só clicar: http://soutuanoiva.blogspot.com
bjus, pode deixar que virei conferir sim os textos
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