Domingo é gerúndio e parece lenga-lenga. A gente acorda e
não tem telejornal, metade do mundo parece ainda dormir, até o cachorro dorme
até mais tarde no domingo. Amanheci sonolenta, rabugenta, perambulei pelo
apartamento. Um helicóptero causou meu despertar. Helicópteros, tão modernos,
deveriam ter um silenciador em seu rabo, quiçá em seu nariz. O que estaria
tentando fazer esse piloto? Rodou, rodou, bisbilhotou os telhados do meu bairro
longamente. Ingo, em pleno domingo! Por fim, lá pelas tantas, pude observar
vizinhos do meu condomínio, vestidos em seus pijamas, caras amassadas, cabelos
desalinhados, a buscar no céu a origem do barulhão que, feito a mim, os
despertou.
Nada mais que fazer, preparei um café forte. Vim ao
computador. Sem novos e-mails, sem novos comentários no blog, sem notícias
interessantes. Ingo, é a chatice do domingo! Liguei o televisor. A programação
domingueira é péssima, mas há exceções: Discovery History, Animal Planet.
Girafas e seus longos pescoços, belo exagero da natureza. O helicóptero,
finalmente, satisfez-se com o mal feito e partiu, rumo a outro bairro, para
despertar outras gentes.
Mau humor! Domingo, dia de macarrão, não suporto frango! Dia
de ler os jornais, visitar parentes, preparar pudim de leite condensado. Silvio
Santos vem aí! Há coisa pior,famosos dançam, desafortunados recebem presentes e
reencontram parentes, quase todos os times de futebol entram em campo! Tudo isso arrasta consigo o dia de domingo.
Antigamente eu ia à missa dominical. Disse que ia, porque
não mais voltei à igreja no dia em que o padre fez um longo sermão abençoando
casais que permaneciam casados até que a morte os pegasse e levasse sabe-se lá pra
onde. Problema deles, que tinha, ou tenho eu com isso? Porém, o padre disse que
os divorciados, separados, os que vivem em união estável estão em pecado.
Pecadora que sou, saí da igreja pisando duro, esqueci que o local é a casa de
Deus e proferi uns nomes feios. Eu, pecadora? Hipocrisia! Decidi rezar em
outras paradas.
Dia desses fui convidada a dançar. Dançar em um baile da
saudade, em uma tarde de domingo. Não pude aceitar o convite, mas viajei no
colo da minha imaginação, ao som do bolero, tudo para espantar o lero-lero. Domingo,
saudade da infância. A casa cheia de parentes e amigos, das panelas o aroma de
comida dominical.
A esta altura da
manhã todos despertaram em minha casa, tudo preparado para a largada da corrida
de domingo. Ingo, serei feliz, oh domingo? Admiro o dia de tempo seco, ao longe a serra
que parece enevoada. Saudade de outros tempos. Onde estarão adormecidos os doces domingos?
4 comentários:
Pergunta: sobrou um pouco do pudim de leite condensado?!Rsrs
Débora,
Sua magra de ruindade! Você ontem comeu feijoada, baguete, queijos variados, berinjela em conserva, tomou sorvete com cobertura e repetiu duas, ou três vezes! Sem comentar o licorzinho de saideira e a véspera... Ah, a véspera, regada a muita cerveja, golinhos no drink meia de seda e petiscos variados. E ainda quer pudim de leite condensado??? KKKK
Beijo.
Salve, salve, Cláudia Cavalcanti. Ingo, comecei a seguir voce nessa noite de domingo. Um grande abraço.
Akira,
Seja bem-vindo!
Um abraço.
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