Na vida aprendi algumas coisas. Truques novos, truques
antigos e já descobertos por outros habitantes terrenos. Uma das novidades que descobri
, algo relativamente recente, é que para escrever é preciso ser meio maluco. Quem
escreve imagina coisas, ouve vozes, vê vultos, ri, chora, se zanga, perdoa, se
apaixona, nasce, morre e fala sozinho.
Quem escreve chega a sentir aromas, alguns totalmente estranhos. Cheiro
de mato, de perfume barato, de pratos preparados para si durante a infância. Sente dor, frio, calor. Volta
o passado, desenterra os mortos. Amanhece adolescente, renasce dolorosamente,
no final do dia dá à luz um novo texto e depois adormece um ancião, carregado de
sabedoria. Eu, que escrevo, sou uma e tantos outros, cada qual à sua maneira,
sou homens e sou mulheres, com personalidades e anseios diversos: personagens!
Assusta-me a viagem que faço para dentro de mim, seguida das
crises de total ausência de atenção a coisas banais durante o dia. Lá estava
eu, a trabalhar, quando algo me chamou a atenção. Um antigo peso de papel,
daqueles com formato de bola de vidro. Viajei nas asas da imaginação, a
observar o objeto contra a luminosidade que vinha da janela. Lembrei do peso de
papel do escritório do meu avô, eu com quatro, cinco anos de idade. Admirei o
reflexo raiado de sol e cores diversas, como se sentiria aquele peso de papel?
Voltei para o mundo sendo observada por alguém que, certamente, achou que eu
estava tendo uma crise psicótica, ou algo assim. Eu estava longe dali, tão
longe que exclamei sozinha, em alto e bom som : - Achei! Vou contar a história
do antigo escritório do Vovô! Quem ali me observava franziu a testa e murmurou algo frio, incompreensível: - Diva, você está bem? E foi assim que aterrissei na realidade, eu estava ali, no escritório, tramando um novo texto. Terei falado sozinha? Terei feito careta? Impossível saber, a inspiração me leva a uma espécie de transe, eu esqueço de mim, abstraio quem está ao meu redor.
Diva Latívia, ela viaja em pensamento e esquece: a panela no
fogão, o horário marcado no dentista, esquece até mesmo de carregar a bateria
de seu instrumento de trabalho, o computador. Um mundo paralelo, no qual os
finais podem ser trágicos, patéticos, hilários, românticos. Um mundo que imita
a realidade, regido pela ponta dos meus dedos a dedilhar frases que definem o
destino de gente que ganha vida a cada frase. Para escrever é preciso ser meio
doido, ou fica tudo muito chato. Ler um texto chato, ninguém merece. O
leitor quer entrar no texto e se deliciar, lambuzar-se divertida, ou dramaticamente. Diva torna-se guia turística de viagens
literárias.
Amanheci cheia de ideias, doida pra escrever. Escreverei sobre a edícula de minha casa de infância, o antigo escritório de advocacia de meu avô. Um dia, quando eu menos esperar, essa história tomará conta de mim e eu, que poderei estar trabalhando, cozinhando, visitando alguém, ficarei meio fora do ar, a matutar o novo texto. Normal,
amanheci com meus personagens a esperar ansiosos pela sua participação em minhas
estórias que, ocasionalmente, são histórias assim escritas, com “h”. Histórias
que são filhas prediletas, que pari ao longo da vida e aqui amamento em prosa e
versos. Mãe dos meus textos, esta sou eu, Diva Latívia.
2 comentários:
Você não é escritora e seu blog não é obra literária. Acho isso aqui um lixo e é melhor você ir lavar louça
Olá, Anônimo, ou Anônima!
Antes de publicar seu comentariozinho ( atente para o INHO), lembrei dos ensinamentos que recebi de meu Webmaster e editor: ainda que o comentário seja indelicado, imbecil, ou idiota, publique-o, afinal estamos em uma democracia e até mesmo os parvos têm o direito a manifestar-se.
Eis o seu comentariozinho, por mim respondido. Volte sempre a este... lixo?... Ainda que para despejar suas tolices.
( Aos leitores peço desculpas, mas paciência é uma virtude que me falta ultimamente).
DIVA LATÍVIA
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