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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







9 de ago. de 2012

OUTRA VEZ


Tem saudade que é escancarada, pública e parece bem-vinda aos olhos da sociedade. Saudade do tempo de infância, saudade de  um parente que morreu, saudade do filho que viajou, casou e mudou de endereço. Tem saudade que só faz sentido se existir escondidinha, se viajar clandestina nos porões de nossa consciência. Saudade do primeiro beijo, saudade do(a) ex-namorado(a), saudade de quando era solteiro(a), saudade de quando era casado(a). Para evitar problemas, confusões, micos em geral, é melhor deixar a saudade bem guardada, de preferência amarrada e amordaçada no calabouço das lembranças.
A vida costuma fugir do controle, ela não segue um roteiro. A saudade mal-vinda, quando resolve quebrar as correntes e urrar ferozmente, pode causar revoluções e confusões, com resultados imprevisíveis.  Ir ao encontro da ex, ou do ex. Abandonar a atual parceira, ou o atual parceiro. Não voltar pra casa e ir direto pra balada com os saudosos amigos dos tempos de solteirice. Largar tudo e voltar pra cidadezinha de outrora, com uma mão na frente, a outra atrás. Saudade feroz não mede consequências e não contabiliza prejuízos.
Eles dois passaram quase relando no braço um do outro, isso na Avenida Paulista, em pleno horário de almoço. Apressados. Ele subia em direção à Consolação e ela voltava da Rua Augusta. Sofreram o mesmo golpe paralisante quando seus olhares se cruzaram em uma fração de segundo. Ela apressou os passos, ele foi mais ousado e correu na sua direção. -  Beatriz?
Era quarta-feira, véspera de feriado. Eles dois não voltaram pro trabalho, nem voltaram pra casa. Ex, bicho trancado na jaula das lembranças contidas. Duas feras soltas se encontraram casualmente, para viver o que restava de um amor mal resolvido do passado. Reataram.
Saudade inconfessável, não admitida à luz do sol, saudade proibida, complicada, que fere e maltrata. Amor das asinhas quebradas, os dois voaram rumo à felicidade. De ex se tornaram par, outra vez.

Texto em homenagem aos poucos e loucos.

2 comentários:

Ulisses Vasconcellos disse...

Se ainda existe a possibilidade, por que não tentar, né?!


(Sei que não é bonito, mas vou confessar: tô sumido daqui porque o blogger foi bloqueado no computador do trabalho. Pode demorar, mas eu sempre venho dar uma conferida nas suas criações).

Cláudia Cavalcanti disse...

Amor é tudo! Na prática não é nada fácil. Tem o orgulho pra atrapalhar.

Ulisses do Céu! Como que o blogger foi bloqueado e, por isso, você não tem dado as caras? Menino, tecnologia já!!!!!!!!!!! Um escritor feito você precisa disso!!!

Já pensou em publicar um livro?

Beijo de sua leitora assídua!