Há algumas semanas recebo mensagens diversas de leitores
deste blog com a seguinte reclamação: DIVA LATÍVIA, ONDE ESTÃO SEUS NOVOS
TEXTOS?
Boa pergunta, queridos leitores.Os meus novos textos
estão...Hã... Estão... Não sei onde eles foram parar. Já comecei frases que
deletei, já joguei na lixeira do computador ( e na lixeira de papel) textos que
reli e não gostei. Às vezes, surge uma ideia nova. Porém, essa ideia nova
costuma ser inoportuna, teima em surgir em meio a uma reunião de trabalho, por
exemplo. Não anotá-la é o suficiente para que a danada vá embora, sem deixar um
só rastro de lembrança em minha cabecinha ocupadíssima com os afazeres diários.E
assim, em minha rotina, deixo os textos em algum lugar.
Estava sentada na varanda de casa, em uma noite enluarada.
As luzes da cidade de São Paulo apagam as estrelas. Sentei-me na rede e comecei
a matutar. Viver em uma grande cidade compromete não apenas os pulmões, mas
também a saúde emocional de qualquer ser vivo. A poluição do ar, da água, a
poluição visual e sonora. O trânsito, o medo de sair de casa e sofrer alguma
espécie de violência. Os alimentos comprados em hipermercados, a falta de
qualidade das frutas, legumes e verduras. Quanto agrotóxico! Mais e mais estou descontente com esse modo
de vida que, pra mim, fez sentido enquanto eu era jovem, estudava e trabalhava
nesta imensidão de concreto cinza.
Quero o mato. Quero pisar descalça na grama úmida do orvalho
da manhã. Quero observar o voo de pássaros e insetos em meu pomar. Quero sentar-me
sob uma mangueira e me lambuzar com seus frutos suculentos, sem me importar com
o dia da semana, ou o horário. Quero,
preciso com urgência, fugir da cidade de São Paulo, definitivamente.
Meus novos textos residem em alguma cidadezinha pacata,
entre montanhas. As letrinhas aguardam ansiosas para serem por mim reunidas em
frases, feito um campo de flores a enfeitar o olhar de quem o admira. Textos à
beira do fogão à lenha, textos artesanais, sem corantes, conservantes,
saudáveis e naturais. Essa a morada de meus textos, ali eles estão. Enquanto
esse dia não chega, eu me conformo com o pequeno palmo de céu que consigo
visualizar da sacada do meu apartamento. Segue aqui, para vocês, mais um texto urbano, semente que lanço em direção à serra.
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