Na ponta dos pés ela se aproximou do espelho do banheiro. Seus
olhos brilharam, tocou seu reflexo com a
ponta dos dedos. Subiu na cadeira e alcançou o estojo de cor dourada que estava
sobre a prateleira, abriu-o e tirou de dentro vários objetos, espalhou tudo na pia.
Um tubo de cor preta foi a sua primeira escolha, passou ao
redor dos olhos a tinta escura. Piscou os olhos diversas vezes a se
admirar. Um pincel maior que seu nariz espalhou um pó de cor rosada nas maçãs
do rosto. Ultrapassou os contornos dos lábios em tom carmim.
Nos cabelos prendeu um coque desarrumado.
Passos ligeiros, foi ao quarto e se enfiou em um vestido
vermelho, que escondeu seus pés. Calçou um par de sapatos de
salto alto maior que seu número. O colar de contas negras alcançava seus joelhos e a echarpe azul de bolinhas amarelas teimava em cair de seus ombros.
Ao som de Madonna ( Vogue), segurou a barra do vestido, a passadeira do corredor
era a sua passarela. Deu uma voltinha desajeitada e seus pés miúdos a conduziram até a plateia sentada na sala de casa: pais, tios e avós. Flashes das câmeras dos celulares, aplausos, risos consanguíneos: sonho de crescer top model.
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