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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







29 de mai. de 2014

FINITOS E BREVES

Aquele trecho do livro a fez suspirar resignada: “Finitos e breves perdemos oportunidades raras na vida, como se fôssemos eternos e o tempo que resta beijasse o infinito. Amar é raro, a melhor experiência da vida. Amar e ser amado, a mais perfeita das coincidências. Não desperdice o amor de sua vida, porque a vida passa e um dia tudo termina”.
Ela fechou o livro, recostou-se no travesseiro, puxou o edredom na tentativa de se aquecer. Quem dera o amor a compreendesse, lesse suas linhas, seus pensamentos, quem dera o amor voltasse e a salvasse do turbilhão de tristeza que a cercava. Adormeceu com o livro caído ao seu lado, a luz do abajur acesa.

Nos sonhos o amor é infinito e eterno, nos sonhos o amor não morre jamais.

PARA FALAR DE AMOR


Amor? Palavra curtinha, sonora. Bonita em vários idiomas: love, liebe, amour, amore. 
Ah, o amor... É redondinho, dá tantas voltas! É alado, iluminado, tão quentinho que lembra os pontos de tricô de um cachecol colorido. O amor faz laços indestrutíveis, sem amarras, salva vidas.
Doce e tão bom quanto brigadeiro de colher. O amor alimenta a alma e abre sorrisos sem fim. 
Amor pra você, amor pra mim.

23 de mai. de 2014

GOSTINHO DE HORTELÃ


A vida é bailarina na pontinha dos pés. Seus gestos são de menina que imagina o infinito aqui. 
Coração que bate, laço de fita, amar é tão bom que lembra algodão doce e batom de cor carmim. 
Beijo roubado com gostinho de bala de hortelã, quando foi que te perdi? 
A vida me faz rir, sou hortelã, sou bailarina, meu coração é laço de fita, te amar é algodão doce e um dia ainda vou te roubar pra mim.

22 de mai. de 2014

SONHO DE UMA NOITE SEM FIM

Insônia, ela sempre acordava pontualmente às duas horas da manhã e depois o sono parecia desaparecer. Pensamentos a visitavam, ideias surgiam e nada de adormecer novamente. Naquela noite abraçou o travesseiro e viajou ao passado, lembranças que pareciam esquecidas visitaram sua vigília.
Amor, como saber o que teria acontecido se não tivesse saído batendo a porta? Se ele tivesse corrido atrás e impedido sua partida? Como saber se estariam juntos, se seriam felizes? Teriam viajado pela Europa? Feito amor à luz de velas? Adotado uma criança? Estariam mais, ou menos ricos? Quantos amigos em comum teriam feito? A dor em seu peito não existiria? E se? E se?
Por fim, às quatro e quinze da manhã ela adormeceu e sonhou. Lá estavam eles dois a dançar descalços na praia. O céu estrelado, a lua crescente. Felizes, tão felizes que flutuaram sobre o oceano em um bailado que tocava de leve as ondas do mar. Um mundo mais do que perfeito, sintonia de almas
Acordou feliz, nos sonhos o amor não tinha barreiras. Teria sido tão perfeito assim se não tivessem se separado? Como saber? Assim é a vida, as escolhas difíceis tiram o sono, mas as possibilidades de felicidade fazem sonhar.

DIA DO ABRAÇO


O abraço que acolhe, conforta, ampara, protege, acaricia, deseja, saúda, salva, alimenta, expressa o afeto. Laço de gente.

Feliz dia do abraço!

20 de mai. de 2014

AMOR, MAR, AMAR

Mergulhou no mar, sem se importar com o dia friozinho e nublado. Mergulhou e segurou a respiração até sentir que seus pulmões imploravam oxigênio. Emergiu e provou o sabor do sal misturado às lágrimas. Deixou que todos seus pensamentos fossem levados pelas ondas agitadas, um frenesi que denunciava temporal em alto mar.
Se pudesse, nadaria até o horizonte, se perderia naquela linha sem fim. Deu algumas braçadas e uma gota de lucidez a deteve, poderia afogar-se. Com dificuldade voltou à areia e deitou-se, sem se importar com os grãos fininhos a pinicar a pele. 
Admirou o céu, cinza com a tonalidade de final de outono. Sentiu frio, observou suas mãos. Os dedos enrugados de tanta água, as unhas arroxeadas. Melhor voltar! Caminhou suja de areia, despenteada, os cabelos a escorrer água salgada. Chegou em casa e tentou despistar a ideia anterior: vontade de enterrar seu coração no fundo do oceano. Amor, o amor a fez mudar de planos.
Adormeceu entre lembranças e esperança. Amanheceu ao anoitecer, com a alma renovada, a cabeça mais leve, os pensamentos ensolarados. Decidiu viver e amar.

18 de mai. de 2014

O SOL ESCONDIDO DE MIM

Assisti ao amanhecer sentada na primeira fila da fria plateia do terraço. Aos poucos, as poucas luzes deram lugar à claridade matinal. 
Busquei uma xícara de café e meu olhar beijou o horizonte, a manhã começou entre nuvens, o sol escondido de mim. 
Bom dia!

16 de mai. de 2014

MOMENTO BUCÓLICO

Caminhar é uma terapia eficaz. Espanta o mau humor, deixa o corpo em boa forma e ajuda muito a pensar. E lá fui eu me exercitar, jogar o mau humor no lixo e pensar. Pensei em mim, afinal sou a primeira pessoa do meu mundo singular. Depois, pensei em você e em nós. Então, pensei neles todos. Tramei um novo texto enquanto queimava calorias.
Equação difícil de solucionar, contas e contos, cálculos inexatos, rabiscos feitos no ar. Personagens reais e fictícios povoaram meus passos apressados, um a um. Eu sei, falei sozinha, fui flagrada por gente vestida com roupa de academia, gente esquisita, suada, carrancuda. Vontade de gritar: - Tá olhando o quê? Eu não sou doida, apenas sou escritora!
Sentei-me à sombra de uma árvore, tentativa bucólica de capturar encantamento ao meu redor. Estava tão cansada que não reparei no formigueiro. Por sorte eu as vi, miudinhas formigas a carregar folhas que pareciam gigantescas. Pulei como quem comemorava um gol de placa. Consegui me livrar de algumas, outras tantas devoraram meu tornozelo. Desisti do parque, completei apenas três voltas. Não é tão pouco, meus pés estavam tão torturados quanto meu cérebro giratório.
Ruim da cabeça, ruim do pé. Que situação complicada, de ponta a ponta, do meu norte ao meu sul. E tudo o que eu queria era me exercitar, jogar o mau humor no lixo e pensar. Pensei, ainda bem.

15 de mai. de 2014

ROMANTISMO ALHEIO, FELICIDADE EMPRESTADA

Observei o casal sentado no café. O olhar de um derramado sobre o olhar do outro. Ele tocou a mão muito branca, esmalte de cor clarinha, dedos longos, mão repousada sobre a mesa.. Rapidamente ela se ajeitou na cadeira. Passou os dedos pelos cabelos, afastou do rosto a franja que caía sobre os olhos, cruzou os braços, como quem tentava se proteger.
Beberam o café sem trocar uma só palavra. Gole a gole, sem pressa. Novos olhares, ele disse algo que a fez sorrir. O que de tão mágico ele teria dito à moça impermeável? Ela abaixou a cabeça, os dois em novo silêncio. Mais uma tentativa, ele segurou a mão da moça, como quem capturava uma presa. Enfim ela não se esquivou e finalmente sorriu.
Pediram a conta, se levantaram, saíram com passos apressados, ela em disparada e ele a tentar alcançá-la. Lá na calçada um abraço, um cumprimento formal de despedida. Ele a puxou pra si e o beijo que trocaram foi cinematográfico. Provavelmente um beijo roubado. Foram embora separados, cada um para um lado.Minha imaginação atiçada e a borbulhar. 
Meu café esfriou enquanto eu rabiscava novas ideias no bloquinho de anotações. Novo texto, cena vespertina, personagens anônimos, felicidade emprestada. Suspirei, o romantismo alheio estava no ar.

10 de mai. de 2014

A CHAMA DA PAIXÃO

Talvez eu, há algum tempo, tenha lhes contado sobre o incêndio na lavanderia de meu apartamento, em um bairro da cidade de São Paulo. Talvez sim, talvez não.
Creio que a grande quantidade de textos, vez ou outra, confunde esta blogueira que teima em contar-lhes casos e "causos". Mesmo assim, contarei essa história ocorrida há uns... Dez, doze anos? Não sei ao certo, quem sabe isso tenha acontecido há quinze anos?
Jamais tive tendência suicida, muito menos fui piromaníaca. Talvez, o ensinamento de minha mãe tenha sido válido durante algumas décadas de minha existência. Algo mais ou menos assim: "criança que mexe com fogo faz xixi na cama". Medrosa, sempre tive receio de me queimar. Até mesmo para utilizar o fogão sempre fui até demais cautelosa. Mas, naquela tarde eu estava tão desconsolada, tão desorientada por conta do fim do relacionamento que escutei o conselho de uma prima e decidi por fim em todos os papéis, em todas as lembrancinhas miudinhas que havia ganhado do meu ex-namorado. Uma espécie de ritual da despedida, eu deveria repetir mentalmente que o passado se transformava em cinzas, que eu estava ali para queimar as lembranças e abrir-me para um futuro novo e promissor.Isso é que foi desespero, não é mesmo caro leitor? Pois é. Realmente, eu precisava virar a página e, tão desparafusada que estava, achei excelente a ideia do ritual pirotécnico.
Apartamentos são gaiolas amontoadas vertical e horizontalmente. Naquele edifício residiam, mais ou menos, oitenta famílias. Multiplique isso por três, ou seja, ao menos três pessoas em cada apartamento. Portanto, duzentas e quarenta pessoas eram minhas vizinhas naquele mesmo prédio.
Aos prantos, recolhi tudo o que me fazia lembrar do dito cujo. Uma poesia de Neruda, fotografias de momentos felizes, um CD de músicas românticas, uma blusinha de cor azul que ele tinha me dado no dia dos namorados, um vidro de perfume que ele trouxe de algum free shop por aí e percebam esse detalhe: fiz isso depois de beber sozinha uma garrafa inteirinha do melhor vinho tinto, também oferta generosa do rapaz. A garrafa eu lancei dentro do tanque de lavar roupas, que naquela altura dos acontecimentos era o recipiente escolhido para o início da queimação do meu carma. Assim eu pensava: eu ia queimar o meu carma amoroso com aquela criatura.
Aos prantos, busquei a caixa de fósforos. Piquei miudinho, mas bem picadinho, cada pedacinho de papel. A caixa do CD, enquanto eu soluçava descontroladamente, pisei e esmigalhei com meus pés. O CD não partia nem com reza brava, desisti e também mandei pra dentro do tanque. A blusa eu ainda piquei com uma tesoura. Enfim, uma cena digna de algum desses quadros humorísticos televisivos, mas ai de quem naquele instante ousasse rir de mim, creio que eu estava tão pirada que seria capaz de cometer outras muitas loucuras. Tudo pra dentro do tanque, risquei o fósforo. Rapidamente as chamas começaram a consumir tudo aquilo. O material plástico do CD produziu uma fumaça escura, com forte cheiro. Depressa abri a janela da área de serviço. Lá embaixo, na garagem, alguém notou a fumaça e começou a gritar: - Fogo!
Eu tentei apressar o pequeno incêndio, para evitar alguma confusão, mas era tarde demais.O vidro de perfume explodiu. O apartamento estava coberto de fumaça e eu tossia sem parar. Não demorou muito, ouvi a sirene dos bombeiros. Tentei me desfazer das provas, mas eu estava bêbada, intoxicada com a fumaça e não conseguia fazer nada senão, naquela altura, rir e chorar. Sim, eu ria e chorava ao mesmo tempo.
Bombeiros, ao menos aqueles bombeiros do meu incêndio, são muito simpáticos. Fui levada a um hospital público, desses hospitais caóticos. O tempo todo o sargento do Corpo de Bombeiros ao meu lado. Papo vai, papo vem, contei o motivo do incêndio que havia provocado. Solidário, o rapaz apenas sorria como quem diz: coitada, está bêbada e é doida de pedra.
Nem preciso dizer que levei multa do condomínio, não é? Mas, o ritual funcionou. Sim, funcionou. Sem mais ter aquele CD que entoava canções memoráveis, sem mais ter a blusinha azul que eu vestia pra dormir e me sentir por ele abraçada, sem mais ter a poesia de Neruda escrita com a caligrafia dele, sem mais ter o perfume que eu usava e passava o dia todo a lembrar de quem já era. Apenas lamentei ter destruído a mangueira da máquina de lavar roupas, isso deu trabalho no dia seguinte.
Fiquei com fama de maluca no prédio, algo que me deixou um tanto orgulhosa. Nada melhor do que ser doida, isso deixa os curiosos distantes e os faladores com medo de retaliação.
Se eu o esqueci? Não exatamente. Superei, o que é muito melhor do que esquecer. Lembro, claro que sim, mas o associo a esse ritual. Portanto, quando lembro da criatura eu começo a rir sem parar. Eu, a maluca incendiária que quase botou fogo no edifício inteiro. Coisa de mulher apaixonada e que não mede as consequências. Leitor, leitora, jamais tente fazer o mesmo em casa.




8 de mai. de 2014

A BURSA DA SUNTINHA

Admirei longamente as fotos antigas. Um tanto empoeiradas, sei disso, amareladas pelo tempo também, mas fiz uma viagem incrível ao passado.
A casa de praia, os amigos do tempo de infância e adolescência. As festas de Natal, meus irmãos e primos. Eis que encontrei aquela fotografia, Ana Assunta e eu. Ana Assunta, a Suntinha, era minha amiga dos tempos do ginásio, ou ensino fundamental como se diz agora. Ruiva de olhos muito verdes, aquelas sardas em seu nariz a tornaram a garota mais bonita do colégio. Sabe lá o que é ser a amiga inseparável da garota mais bonita do colégio? Isso significa que eu estava cercada de gatinhos lindos, todos de olho nela e não em mim. Eu, no máximo, era a vela, a mala, a amiga legal da garota mais bonita do colégio. Eu legal? Esqueçam! Eu, alta demais, loira demais, sem sardas demais, olhos azuis demais, não era nem ruiva, nem sardenta e muito menos fazia o sucesso da Suntinha. Complexei!
Todo garoto que me interessava estava, de fato, interessado na minha amiga. Eu era o trampolim para alcançar a profundeza daquele olhar verde, tão verde quanto o verde de nossas matas. Quando algum deles estava a fim da Suntinha logo se aproximava de mim, caminho rápido para alcançá-la. As festinhas, os encontros da turma, todos os eventos da moçada lá estávamos as duas. Eu, toda produzida, ela de cara lavada, jeans e camiseta e arrasando na pista. Sim, ela dançava muito bem. E eu? Eu era desajeitada, desengonçada, sem ritmo nem compasso e, no máximo, atraía a atenção do Júlio Henrique, o nerd da classe. Adorava minhas poesias, achava minha caligrafia linda e nem se importava com meus reincidentes erros aritméticos. Detalhe: ele era baixinho e tinha mau hálito.
Até que eu era bonitinha, mas talvez as grossas lentes de meus óculos de grau escondessem minha formosura. Meus cabelos, sempre indisciplinados, a mania de amarrar o blusão do uniforme na cintura para esconder o tamanho da bunda. Enfim, eu era o oposto da Suntinha. Pra completar, eu jamais perdia a piada, adorava fazer piada. Isso me tornava a garota legal e divertida. Legal e sem namorado.
Depois desse tempo de colégio, cada uma seguiu seu caminho. Suntinha foi pra faculdade de artes e eu fui estudar letras. Durante um longo período perdemos o contato. Naquele tempo não existia e-mail, celular, nem Facebook. Até que um dia nos encontramos no metrô, ela voltando da faculdade e eu indo pra biblioteca, onde fazia um bico para ajudar a pagar meu curso universitário. Papo vai, papo vem, ela me contou que andava com dor no joelho, coisa de ex-bailarina. Trocamos nossos números de telefone fixo e duas semanas depois ela telefonou pra mim. Combinamos irmos juntas à consulta médica com um ortopedista, ela precisava apurar a causa da dor e inflamação no joelho. Lá fomos as duas, ela a contar suas aventuras, os gatinhos que colecionava aos montes, pra variar. E eu só tinha um assunto: livros, livros e mais livros. Notei o quanto meu papo estava desinteressante, mas o que mais eu poderia falar com alguém que não via há exatos três anos?
O consultório do ortopedista era razoável. Razoável significa que não era lá grande coisa, era uma dessas clínicas ortopédicas na área central da cidade, que atendem convênios médicos de todo o tipo. Sala de espera lotada, tratei logo de abrir uma revista e mergulhar na leitura. Suntinha roía as unhas de modo irritante e fazia bolinha com o chiclete. Ela e seu jeito despojado. Um cara não tirava os olhos dela. Um? Não! Acho que todos os caras presentes não tiravam os olhos dela.
Na sala do médico ela explicou seu problema. O joelho esquerdo inchado, vermelho, algo um tanto assustador. Eu ali, a observar sem abrir a boca, afinal eu era apenas companhia para dar um apoio e nada mais. O doutor fez perguntas e mais perguntas e, antes de fazer o pedido de exames arriscou um primeiro diagnóstico: - Aninha... Posso te chamar assim, querida?
E eu só pensando: - Outro que capotou por ela, que trouxa!... Dãr!
O doutor continuou: - Ao que tudo indica, você tem um problema na “bursa”.
Juro, quando eu escutei isso, que ela tinha um problema na “bursa”, comecei a rir descontroladamente. O homem ficou sério, ela um tanto enfurecida.
Bursa? Logo imaginei que de tanto colecionar gatinhos o problema fosse uma doença venérea que tivesse descido até o joelho.
Precisei sair da sala, de tanto rir eu quase perdi o ar. Não conseguia parar de pensar na palavra engraçada: bursa!
Na sala de espera, dez minutos depois, chegou uma Suntinha revoltadíssima. – Bursa, sua maldosa, não é isso o que você está imaginando. Estou muito ofendida e muito arrependida de ter te chamado pra vir aqui. Sua invejosa!
Foi a última vez que encontrei a Suntinha. Nos despedimos na porta do consultório, ela muito zangada. Quando cheguei em casa, já que naquele tempo não existia o Google, procurei na Enciclopédia Barsa o que queria dizer bursa. Resposta: “é uma pequena bolsa cheia de líquido (sinóvia) localizada no ponto em que um músculo ou tendão roça um osso”.
O que posso fazer? Um nome horrível desses, eu pensei o mesmo que muita gente pensaria! Juro que não comecei a rir por mal! Jamais senti inveja, nem das sardas, muito menos da bursa dela!
Já são mais de vinte anos. Onde estará a Suntinha, como estará sua bursa?

É nisso o que dá rever essas fotos, voltei ao tempo da Barsa!

PARABÉNS, MAMÃES!

Nós as chamamos assim: Mãe, mamãe, mãezinha, mainha, mami, mamis. Ela representa o nosso primeiro beijo, o primeiro sorriso, primeiro colo. A voz que entoou a primeira canção, o abraço seguro que acalentou nosso sono, acalmou nosso choro, afastou nossos medos, as mãos delicadas que curaram nossas feridas.
Aquela que nos ensinou as primeiras palavras, que afastou os perigos, que amparou nossos primeiros passos. Mãe que passou longas noites a cuidar de nossas febres, que alimentou nossas bocas, que deu bronca, insistiu para que estudássemos. Mãe que torceu pelo nosso sucesso e não mediu esforços para que realizássemos os nossos sonhos.
Para elas, as mães, sempre seremos crianças. São fadas doadoras de afeto interminável, estão sempre prontas para oferecer a própria vida em troca do bem estar de seus filhos. Mãe, sinônimo de devoção. Mãe, amor infinito.
Mães são eternas, ainda que a vida diga que não.

Parabéns a vocês, mamães.