Observei o casal sentado no café. O olhar de um derramado
sobre o olhar do outro. Ele tocou a mão muito branca, esmalte de cor clarinha, dedos
longos, mão repousada sobre a mesa.. Rapidamente ela se ajeitou na cadeira. Passou os dedos pelos cabelos, afastou
do rosto a franja que caía sobre os olhos, cruzou os braços, como quem tentava se proteger.
Beberam o café sem trocar uma só palavra. Gole a gole, sem pressa. Novos olhares, ele
disse algo que a fez sorrir. O que de tão mágico ele teria dito à moça
impermeável? Ela abaixou a cabeça, os dois em novo silêncio. Mais uma tentativa, ele
segurou a mão da moça, como quem capturava uma presa. Enfim ela não se esquivou e finalmente sorriu.
Pediram a conta, se levantaram, saíram com passos apressados,
ela em disparada e ele a tentar alcançá-la. Lá na calçada um abraço, um
cumprimento formal de despedida. Ele a puxou pra si e o beijo que trocaram foi
cinematográfico. Provavelmente um beijo roubado. Foram embora separados, cada
um para um lado.Minha imaginação atiçada e a borbulhar.
Meu café esfriou enquanto eu rabiscava novas ideias no
bloquinho de anotações. Novo texto, cena vespertina, personagens anônimos,
felicidade emprestada. Suspirei, o romantismo
alheio estava no ar.
2 comentários:
Uia! foi real?
Smak!
Bete
Oi, Bete, obrigada pelo comentário.
Se foi real? Tudo aquilo o que um escritor cria é real, de um jeito,ou de outro jeito.
Beijo
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