Caminhar é uma terapia eficaz. Espanta o mau humor, deixa o
corpo em boa forma e ajuda muito a pensar. E lá fui eu me exercitar, jogar o
mau humor no lixo e pensar. Pensei em mim, afinal sou a primeira pessoa do meu
mundo singular. Depois, pensei em você e em nós. Então, pensei neles todos. Tramei um novo
texto enquanto queimava calorias.
Equação difícil de solucionar, contas e contos, cálculos inexatos,
rabiscos feitos no ar. Personagens reais e fictícios povoaram meus passos
apressados, um a um. Eu sei, falei sozinha, fui flagrada por gente vestida com roupa de academia, gente esquisita, suada, carrancuda. Vontade de gritar: - Tá olhando o quê? Eu não
sou doida, apenas sou escritora!
Sentei-me à sombra de uma árvore, tentativa bucólica de
capturar encantamento ao meu redor. Estava tão cansada que não reparei no
formigueiro. Por sorte eu as vi, miudinhas formigas a carregar folhas que
pareciam gigantescas. Pulei como quem comemorava um gol de placa. Consegui me
livrar de algumas, outras tantas devoraram meu tornozelo. Desisti do parque, completei apenas três voltas. Não é tão pouco, meus pés estavam tão torturados quanto meu cérebro giratório.
Ruim da cabeça, ruim do pé. Que situação complicada, de
ponta a ponta, do meu norte ao meu sul. E tudo o que eu queria era me
exercitar, jogar o mau humor no lixo e pensar. Pensei, ainda bem.
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