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Aqui em casa, sabadão, assistindo pela centésima vez Em Algum Lugar do Passado, pra ver se meu espírito assimila a coisa e encontra quem está perdido no presente e olhando pro passado.
Ouvi um som de mensagem chegando no MSN. Minha sobrinha pra me convidar pra ir à balada, ela e vários amigos. O mais velho com 23 anos. Pensei depressa no trabalhão que teria pra escolher uma roupa menos “careta”, me produzir com um estilo menos “quarentona”. Agradeci, desejei boa diversão. Ela insistiu. – “Tia, vai ser legal, você pode encontrar um tio da sua idade!”. Foi assim que avaliei a segunda possibilidade: ir!
Escolhi um jeans justinho, blusinha branca, sandália de salto altíssimo. Soltei os cabelos, caprichei pra caramba na maquiagem. E lá fomos todos. Jovens parecem bando de passarinhos, são alegres, riem muito, falam alto. Quando chegamos à danceteria calculei que ficaria surda uma semana, lá da esquina ouvia-se o TUM TUM TUM da música eletrônica no último volume. Pobres vizinhos da danceteria!
Há uns vinte anos eu não ia a um lugar assim. Enferrujada, a tia estava ali: na balada! Dancei, bebi cerveja. Estava sentada no meu cantinho distraída quando ouvi:- “quer dançar?”. Olhei bem pra criaturinha, um garoto com uns... 20 anos menos que eu. Tentei não ser formal na resposta, pra não denunciar naquela penumbra o D.N.A. (data de aniversário avançada). Mandei algo assim: – “Ô, legal, valeu, fica pra depois, tá?”. Acho que ele só escutou o “tá”, saiu me puxando pela mão até à pista de dança. Tocava algo estilo “TÁ TUM PÁ BUM”!!!! E luzes piscando me fizeram recordar as discotecas dos anos 70.
Acho que o D.N.A. foi renovado, eu estava me sentindo uma gatinha de 20 anos! Embalada pela cervejinha a mais e pelo gatinho quase recém-nascido, voltei à mesa saltitante e pedi licença pra ir ao banheiro. Nessa fui rápida, porque se eu falasse “toillete” entregava mesmo a minha idade. Quando voltei, pasmem, o garotão sentado na minha mesa com uma gatinha, se atracando aos beijos. Até procurei meus óculos de grau na bolsa pra enxergar melhor quem era quem. Deixei essa de “falsa gatinha” de lado e emendei um: -“ moçada, desculpa a interrupção, mas vão dando licença aí que a tia está cansada e precisa sentar!”.
O resto da noite foi sentada e recusando um ou outro convite de infantes menores de 30 me convidando pra dar uma balançadinha na pista de dança. Finalmente, 3 da matina, a sobrinhada resolveu ir embora. Paramos em uma padoca 24 horas, tomamos café com leite e pão com manteiga na chapa patrocinado pela tia aqui.
Fui dormir morta, meus pés pareciam ter sido atropelados. Dia seguinte, a maior dor de cabeça, ainda surda, recebi o seguinte recado no MSN: “Tia, você é um barato! Semana que vem vamos acampar, quer vir?”. Gente, preciso comprar correndo um livrinho de “sobrevivência na selva”!
(Texto de minha autoria, anteriormente publicado no blog Janela das Loucas).
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
9 de mai. de 2010
TIA NA BALADA - parte 1
Aqui em casa, sabadão, assistindo pela centésima vez Em Algum Lugar do Passado, pra ver se meu espírito assimila a coisa e encontra quem está perdido no presente e olhando pro passado.
Ouvi um som de mensagem chegando no MSN. Minha sobrinha pra me convidar pra ir à balada, ela e vários amigos. O mais velho com 23 anos. Pensei depressa no trabalhão que teria pra escolher uma roupa menos “careta”, me produzir com um estilo menos “quarentona”. Agradeci, desejei boa diversão. Ela insistiu. – “Tia, vai ser legal, você pode encontrar um tio da sua idade!”. Foi assim que avaliei a segunda possibilidade: ir!
Escolhi um jeans justinho, blusinha branca, sandália de salto altíssimo. Soltei os cabelos, caprichei pra caramba na maquiagem. E lá fomos todos. Jovens parecem bando de passarinhos, são alegres, riem muito, falam alto. Quando chegamos à danceteria calculei que ficaria surda uma semana, lá da esquina ouvia-se o TUM TUM TUM da música eletrônica no último volume. Pobres vizinhos da danceteria!
Há uns vinte anos eu não ia a um lugar assim. Enferrujada, a tia estava ali: na balada! Dancei, bebi cerveja. Estava sentada no meu cantinho distraída quando ouvi:- “quer dançar?”. Olhei bem pra criaturinha, um garoto com uns... 20 anos menos que eu. Tentei não ser formal na resposta, pra não denunciar naquela penumbra o D.N.A. (data de aniversário avançada). Mandei algo assim: – “Ô, legal, valeu, fica pra depois, tá?”. Acho que ele só escutou o “tá”, saiu me puxando pela mão até à pista de dança. Tocava algo estilo “TÁ TUM PÁ BUM”!!!! E luzes piscando me fizeram recordar as discotecas dos anos 70.
Acho que o D.N.A. foi renovado, eu estava me sentindo uma gatinha de 20 anos! Embalada pela cervejinha a mais e pelo gatinho quase recém-nascido, voltei à mesa saltitante e pedi licença pra ir ao banheiro. Nessa fui rápida, porque se eu falasse “toillete” entregava mesmo a minha idade. Quando voltei, pasmem, o garotão sentado na minha mesa com uma gatinha, se atracando aos beijos. Até procurei meus óculos de grau na bolsa pra enxergar melhor quem era quem. Deixei essa de “falsa gatinha” de lado e emendei um: -“ moçada, desculpa a interrupção, mas vão dando licença aí que a tia está cansada e precisa sentar!”.
O resto da noite foi sentada e recusando um ou outro convite de infantes menores de 30 me convidando pra dar uma balançadinha na pista de dança. Finalmente, 3 da matina, a sobrinhada resolveu ir embora. Paramos em uma padoca 24 horas, tomamos café com leite e pão com manteiga na chapa patrocinado pela tia aqui.
Fui dormir morta, meus pés pareciam ter sido atropelados. Dia seguinte, a maior dor de cabeça, ainda surda, recebi o seguinte recado no MSN: “Tia, você é um barato! Semana que vem vamos acampar, quer vir?”. Gente, preciso comprar correndo um livrinho de “sobrevivência na selva”!
(Texto de minha autoria, anteriormente publicado no blog Janela das Loucas).
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