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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







9 de mai. de 2010

TIA NA BALADA - parte 2


Costumo fugir de baladas, mas como resistir ao convite dos meus sobrinhos pra sair? Impossível! No último final de semana me chamaram pra uma festa mexicana na casa de um tal de Rodrigo, primo do Caio, que é amigo da Aninha. Legal, pensei. Não sei quem são todos eles!
Perguntei se era aniversário do Rodrigo, pra eu comprar um presentinho. Quase se mataram de rir, não era aniversário, era pra comemorar que os pais do garoto viajaram e, sabem como é, quando os gatos viajam os ratos fazem a festa.
Primeiro, recusei o convite, imaginei o tamanho da deslealdade com os pais do menino. Viajaram! São todos jovens, o que eu, uma tia com mais de quarenta anos, iria fazer ali, quase uma invasora de domicílio alheio? Porém, insistiram e insistiram. Topei ir!
Cobertura em frente ao Parque do Ibirapuera, daquelas que a gente olha e suspira imaginando como seria bom ganhar na Mega Sena acumulada. O som techno alto, mas tão alto que meus miolos começaram a trepidar no hall de entrada do apartamento. Escoltada por duas sobrinhas, entrei na casa do Rodrigo.
Era tanto moleque com menos de 25 anos! Já que prefiro os cinquentões, fiquei no meu canto observando a mobília, os quadros. A moçada deixando copos sobre móveis que devem custar mais do que o meu salário de um ano de trabalho suado. E a festa mexicana, pensei? Ah sim, tinha tequila!
E a turma ria alto, tão alto quanto a música. Era uma hora da manhã quando veio a reclamação do morador do andar de baixo. E eu só pensando: "isso vai dar merda"...
– "Tia, toma tequila!"
Lá pelo enésimo convite pra experimentar a bebida, aceitei. E gostei, bom aquilo!
– "Legal, tia, toma outra!".
Doida, tomei outra e mais uma. Acordei com o sol batendo na minha cara, deitada em um sofá maior e mais confortável que a minha cama. Ao meu lado um cachorro labrador, que sorriu abanando o rabo, e no chão dormindo e babando o tal do Rodrigo. Putz, pensei! E se os donos da casa chegarem bem agora?
Levantei com a cabeça explodindo, a língua colada no céu da boca. Parecia ter comido superbonder. Fui ao banheiro. A maquiagem borrada, totalmente descabelada.
Foi então que me lembrei das minhas sobrinhas! Andei pelo apartamento procurando. Estavam sabe onde? Em casa, tinham ido embora e me deixado ali, bêbada e chumbada. Saí de lá o mais depressa que pude.
Hoje recebi um e-mail da minha sobrinha: - "Tia Diva, o Rodrigo quer que você vá com a gente no churrasco do final de semana. Ele te achou muito gata!". Ai, meus sais, será que sofro de amnésia alcoólica? Não lembro sequer de ter conversado com o garoto. Olha aqui, tequila, eu juro: não te beberei nunca mais!

Um dos meus textos preferidos, uma espécie de sessão nostalgia que deixo aqui pra vocês, meus leitores.

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