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Quem me conhece sabe que, quando estou sentada à frente do televisor, não assisto à programação. Um ritual de relaxamento, talvez. A oportunidade de pensar em uma série de situações, tomar algumas decisões. Uso a TV para me desligar. Não adianta me perguntar quem matou Salomão Ayala, quem casou com quem no final da novela. Apenas sei que tem novelas no ar.
Por falar em ar, dá vontade de prender a respiração até ficar roxa quando volto à realidade e percebo que estão, novamente, transmitindo aquele tal de Big B... Brasil. B? B pode ser brother, bonde, burro ou aquela outra coisa que começa com B, mas considero deselegante aqui escrever. Que bosta!
O meu programa favorito na TV saiu do ar. Será que continua sendo transmitido em algum canal fechado? Peixinhos nadando em um aquário. Coloridos, tranquilos, nadando pra lá e pra cá, calmante. Durante minutos, talvez durante horas, lá ficava eu, telespectadora atenta, aguardando o desfecho da história. Um aquário televisivo. Nada melhor que isso pra refrigerar o calor do cérebro.
Ontem, mais uma vez desligada na frente do televisor, percebi que estão transmitindo uma novela diferente das anteriores. Nessa, a mocinha caiu do avião. Será que caiu no avião? Ou o avião caiu em sua cabeça? Não prestei atenção. Não sobreviveu, claro. Porém, o mocinho está vivo, não pode andar. Boa oportunidade para os direitos dos deficientes serem divulgados, mas sou capaz de jurar que, no final, o cara vai estar correndo, pulando, sem marcas ou consequências de tamanho desastre.
Nas novelas o final é feliz. Por vezes, o final é feliz até mesmo pro bandido, pra vilã. Na vida real o bicho pega pra valer. Sem trilha sonora, sem créditos com o nome dos personagens, sem direção. Assim é o dia-a-dia. Não há intervalo, nem muitos aplausos. É a realidade. Coisa boa que é sentar-se na sala, controle remoto em mãos, não saber o que está sendo transmitido e, pra completar, tramar um novo texto pra você ler.
Nesse avesso do faz de conta, o mocinho e a mocinha tecem o final feliz, que não acontece feito passe de mágica, afinal a vida real é feita de ações, decisões e resultados.
Cá deste lado não há fada madrinha, não há um justiceiro com o corpo sarado que chega em seu cavalo branco. A felicidade real depende de esforço, méritos e uma pitada de sorte. Desliguei o televisor e vim curtir a vida.
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
1 de fev. de 2011
VIDA REAL
Quem me conhece sabe que, quando estou sentada à frente do televisor, não assisto à programação. Um ritual de relaxamento, talvez. A oportunidade de pensar em uma série de situações, tomar algumas decisões. Uso a TV para me desligar. Não adianta me perguntar quem matou Salomão Ayala, quem casou com quem no final da novela. Apenas sei que tem novelas no ar.
Por falar em ar, dá vontade de prender a respiração até ficar roxa quando volto à realidade e percebo que estão, novamente, transmitindo aquele tal de Big B... Brasil. B? B pode ser brother, bonde, burro ou aquela outra coisa que começa com B, mas considero deselegante aqui escrever. Que bosta!
O meu programa favorito na TV saiu do ar. Será que continua sendo transmitido em algum canal fechado? Peixinhos nadando em um aquário. Coloridos, tranquilos, nadando pra lá e pra cá, calmante. Durante minutos, talvez durante horas, lá ficava eu, telespectadora atenta, aguardando o desfecho da história. Um aquário televisivo. Nada melhor que isso pra refrigerar o calor do cérebro.
Ontem, mais uma vez desligada na frente do televisor, percebi que estão transmitindo uma novela diferente das anteriores. Nessa, a mocinha caiu do avião. Será que caiu no avião? Ou o avião caiu em sua cabeça? Não prestei atenção. Não sobreviveu, claro. Porém, o mocinho está vivo, não pode andar. Boa oportunidade para os direitos dos deficientes serem divulgados, mas sou capaz de jurar que, no final, o cara vai estar correndo, pulando, sem marcas ou consequências de tamanho desastre.
Nas novelas o final é feliz. Por vezes, o final é feliz até mesmo pro bandido, pra vilã. Na vida real o bicho pega pra valer. Sem trilha sonora, sem créditos com o nome dos personagens, sem direção. Assim é o dia-a-dia. Não há intervalo, nem muitos aplausos. É a realidade. Coisa boa que é sentar-se na sala, controle remoto em mãos, não saber o que está sendo transmitido e, pra completar, tramar um novo texto pra você ler.
Nesse avesso do faz de conta, o mocinho e a mocinha tecem o final feliz, que não acontece feito passe de mágica, afinal a vida real é feita de ações, decisões e resultados.
Cá deste lado não há fada madrinha, não há um justiceiro com o corpo sarado que chega em seu cavalo branco. A felicidade real depende de esforço, méritos e uma pitada de sorte. Desliguei o televisor e vim curtir a vida.
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