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- Ai que fofo! Você já pode até casar. Parabéns!
Amália quase soltou a forma de bolo no chão quando escutou a mãe de Luís Teodoro, seu namorado, falar assim. A palavra casamento lhe causava uma espécie de pânico. Apreciava a vida do jeito que era, cada um em sua casa, morando com seus respectivos pais. Nada de compromisso mais sério ou anel no anular esquerdo. Liberdade pra ela era sinônimo de solteirice.
Quando conheceu Luís, Amália ainda cursava o colégio de freiras. Ela usava uniforme, daqueles de sainha xadrez e blusa branca com o emblema da escola. E ele morava bem em frente ao lugar, seu hobby era assistir às idas e vindas das alunas, um deleite para o seu olhar.
No dia choveu tanto que o trânsito da cidade ficou parado, Amália precisou esperar mais de uma hora pela chegada de sua mãe, que costumava ser pontual nessa missão, mas quem pode com um engarrafamento? Assim, aproveitou o tempo de espera e junto com Lurdinha, sua melhor amiga, foi à doceria que ficava na esquina. Tortas de morango, sua constante perdição. Daquelas com creme no recheio e cobertura de chantilly. Irresistível! Lá estavam as duas amigas, fazendo hora enquanto chovia lá fora, quando Luís ingressou no local. Olhares trocados, sorrisos sincronizados. Paixão à primeira vista da parte dele, polimento na vaidade dela. Dias depois já eram namorados.
Cinco anos depois, na cozinha de Dona Élide, mãe do namorado e quase sogra. A forma de bolo ainda quente, preparado com o talento natural para elaborar pratos doces e salgados. Luís, que nem tanto apreciava doces, a tudo observava, especialmente a reação reiterada de sua amada, sempre avessa ao matrimônio.
Não era raro alguém especular a respeito de suas intenções futuras. Perguntas do tipo: quando vão se casar? Isso havia se tornado comum. Luís, há dois anos no dia dos namorados, deu-lhe um anel de compromisso. Usava de vez em quando, esquecia sobre a mesa, o criado-mudo e uma vez foi parar dentro do aspirador de pó, tal o seu relaxo com o objeto, que considerava antiquado e claustrofóbico.
Neste dia dos namorados, Luís Teodoro prepara para Amália uma surpresa. Incauto e romântico comprou um par de alianças em uma joalheria. Mandou gravar o nome de Amália e a data: 12.06.2011. Pretende na mesma oportunidade propor o noivado. Mal sabe que sua pretendida tem passagem somente de ida para Londres, onde fará um curso de inglês com duração de dois meses. Depois espera ganhar o mundo, sem pouso ou regresso.
O amor e seus desencontros. Uns oferecem muito, outros recebem além do necessário. E quem poderá entender os mistérios e caprichos do coração?
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
25 de mai. de 2011
AMOR DESENCONTRADO
- Ai que fofo! Você já pode até casar. Parabéns!
Amália quase soltou a forma de bolo no chão quando escutou a mãe de Luís Teodoro, seu namorado, falar assim. A palavra casamento lhe causava uma espécie de pânico. Apreciava a vida do jeito que era, cada um em sua casa, morando com seus respectivos pais. Nada de compromisso mais sério ou anel no anular esquerdo. Liberdade pra ela era sinônimo de solteirice.
Quando conheceu Luís, Amália ainda cursava o colégio de freiras. Ela usava uniforme, daqueles de sainha xadrez e blusa branca com o emblema da escola. E ele morava bem em frente ao lugar, seu hobby era assistir às idas e vindas das alunas, um deleite para o seu olhar.
No dia choveu tanto que o trânsito da cidade ficou parado, Amália precisou esperar mais de uma hora pela chegada de sua mãe, que costumava ser pontual nessa missão, mas quem pode com um engarrafamento? Assim, aproveitou o tempo de espera e junto com Lurdinha, sua melhor amiga, foi à doceria que ficava na esquina. Tortas de morango, sua constante perdição. Daquelas com creme no recheio e cobertura de chantilly. Irresistível! Lá estavam as duas amigas, fazendo hora enquanto chovia lá fora, quando Luís ingressou no local. Olhares trocados, sorrisos sincronizados. Paixão à primeira vista da parte dele, polimento na vaidade dela. Dias depois já eram namorados.
Cinco anos depois, na cozinha de Dona Élide, mãe do namorado e quase sogra. A forma de bolo ainda quente, preparado com o talento natural para elaborar pratos doces e salgados. Luís, que nem tanto apreciava doces, a tudo observava, especialmente a reação reiterada de sua amada, sempre avessa ao matrimônio.
Não era raro alguém especular a respeito de suas intenções futuras. Perguntas do tipo: quando vão se casar? Isso havia se tornado comum. Luís, há dois anos no dia dos namorados, deu-lhe um anel de compromisso. Usava de vez em quando, esquecia sobre a mesa, o criado-mudo e uma vez foi parar dentro do aspirador de pó, tal o seu relaxo com o objeto, que considerava antiquado e claustrofóbico.
Neste dia dos namorados, Luís Teodoro prepara para Amália uma surpresa. Incauto e romântico comprou um par de alianças em uma joalheria. Mandou gravar o nome de Amália e a data: 12.06.2011. Pretende na mesma oportunidade propor o noivado. Mal sabe que sua pretendida tem passagem somente de ida para Londres, onde fará um curso de inglês com duração de dois meses. Depois espera ganhar o mundo, sem pouso ou regresso.
O amor e seus desencontros. Uns oferecem muito, outros recebem além do necessário. E quem poderá entender os mistérios e caprichos do coração?
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