
Depois de alguns anos descobri que aquele perfume suave e tão gostoso de sua pele era pó de arroz. Maquiagem leve, rostinho de menina. Lembro bem de um abraço que ofertei. Meus braços curtinhos, ela estava em pé. Abracei suas pernas. Estava vestida com uma saia de lãzinha, xadrez discreto, tons marfim e rosa. Brincar com suas bijuterias era mais do que diversão. Um aprendizado, foi isso. Aprendi a combinar pérolas com seda, a identificar pedras, metais. Calçar seus sapatos, aqueles scarpins de bico fino e, meio cambaleante, apresentar-me cheia de orgulho à minha doce protagonista: Mami. Com ela aprendi pontos de tricô. Ponto meia, ponto arroz, tranças. Aprendi a bordar, a pregar botões, vidrilhos, cristais delicados e miudinhos. Aprendi a preparar alguns pratos deliciosos, a usar talher de peixe. Mami tinha modos aristocráticos.
Quando escolhi as flores brancas para ornamentar a sua sepultura, o aroma que chegou na brisa foi de pó de arroz. Voltei no tempo, a saudade apertou tanto que precisei ajoelhar-me no gramado do cemitério do Morumbi e tentar me recompor. Estava coberto de razão quem primeiro disse que “mãe é mãe”. Pra mim, não importa o quanto ela possa ter errado, ela foi a minha mãe: Mami. Será o segundo ano sem a sua presença no Dia das Mães. Pra compensar, o destino me trouxe uma sogra que tem os olhinhos claros, que entende de alta costura, que foi criada ao modo europeu. Ela se parece muito com minha mãe. Acho, Deus quis amenizar a minha dor. E é pra ela que seguirá a minha homenagem nesse dia.
Mãe não é gente. Mãe é Anjo. Mãe arrisca a própria vida pra trazer um filho ao mundo. Mãe se desdobra, se desmancha e não se cansa. Também sou mãe, sei que o amor que tenho pelo meu filho se aproxima do Amor de Deus.
Saudade da minha querida. No Dia das Mães estarei ao lado da minha outra Mami, aquela que me recebeu de braços e coração abertos. A vida leva, a vida traz. Feito o aroma gostoso de pó de arroz, que sempre ficará na minha lembrança.
A você que é Mãe, parabéns pelo seu dia.
A você, que foi minha Mãe aqui na Terra, que está juntinho do Papai do Céu, segue a minha saudade, o meu Amor e mais este texto. Te amo, Mãe!
6 comentários:
Mana, além do texto estar muito bonito, essa é a verdade mais linda e real que li sobre mãe:"Mãe não é gente. Mãe é Anjo".
Bjs
Você não assinou a mensagem, mas eu sei quem escreveu: Zeca!
Saudade da mamãe!
Obrigada, Mano, pelo seu comentário. E sim, Mães são Anjos, por isso, onde a nossa Mãe agora estiver, merece de todos nós uma prece e todo o Amor que pudermos enviar em pensamento.
Beijo
Entre "tapas e beijos",ainda bem que vc tem um sogra querida.Sorte a sua!Belo dia das mães!
Alana
Alana,
Entre tapas e beijos? Onde leu isso nesse texto? Além disso, jamais levei um tapa, ao contrário. Estou cercada de beijos afetuosos, de pessoas que amo e retribuem de modo muito bonito esse amor. Sim, tenho sogra muito querida! Não acho que é sorte, mas sim merecimento. EU MEREÇO!
Obrigada pelo seu comentário, volte sempre!
Cláudia ( Diva Latívia)
Diva,hj fui mostrar para minha irmã o lindo texto que escreveu para seu namorado Álvaro há 2 ou 3 dias,qdo não mais o vejo aqui.Será que meu notebook enlouquece?O texto sumiu ou foi retirado?Fiquei frustrada,pois há mto não escrevia algo tão bonito e,minha irmã ficou só na curiosidade.bjs carinhosos Alice
Oi, Alice!
Devo uma explicação a você e a todos os meus leitores. Porém, acho que o inexplicável precisa de muitas explicações. Assim que li seu comentário, que chegou via e-mail, fiquei surpresa! Entrei aqui e... cadê o texto que fiz pro Álvaro? Tinha simplesmente sumido. Estava no rascunho do blog, sem o vídeo que escolhi. Não sei de foi o Google, possivelmente sim. Por isso, publiquei novamente.
Que bom que você gostou! Espero que sua irmã também goste.
Um beijo e carinho,
Cláu
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