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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







28 de mai. de 2011

VILLAGE PEOPLE - Tios na Balada


Estávamos reunidos em pleno almoço de domingo quando escutei algo sobre irmos ao show de Village People, aqui em São Paulo, no dia 27 de maio. Sei lá o que me dá, escutei, mas não assimilei a ideia. A surpresa aconteceu na noite em que Divo me entregou um envelope e, dentro dele, alguns pares de ingressos para o show. Coisa chique, acomodações em camarote.
Sexta-feira, dia 27. Divo saiu de casa sem esquecer de um detalhe, especulou sobre eu ter escolhido a roupa que vestiria. Olhei pra malinha que comigo vai e volta diversas vezes durante a semana. Nada especial: jeans, moletons, bota, tênis. Entendi o recado: eu deveria mega-me-produzir!
Quando a noite chegou eu brilhava mais que as estrelas escondidas por detrás das muitas nuvens de frio e chuva do céu paulistano. Preto e lantejoulas, salto altíssimo, maquiagem caprichada. Afinal, tratava-se de um pedacinho da minha história, aquele grupo que embalou muitos bailinhos de garagem, muitos momentos felizes da adolescência e que me trazia lembranças adoráveis. Momento mágico requer alta produção, sempre!
Divo chegou em casa e sorriu contente. Lá estava a sua “garota”, tão enfeitada quanto sonhou encontrá-la. O que veio depois fez valer a minha estampa: uma das noites mais divertidas da minha vida.
Quando ali chegamos, encontramos os irmãos e cunhadas de Divo. Entramos. Tudo meio quieto, era cedo, o público ainda chegava aos pouquinhos. Pediram uma garrafa de vinho, outra de uísque, porçõezinhas para petiscar. Uma taça, duas taças. O calor me obrigou a permanecer sem o casaco e a echarpe de seda. Três taças e eis que começou o show. Macho Man! Fui puxada pela mão, sobre o saltão 10, scarpin de verniz preto, bico finíssimo. Divo, criatura tímida e reservada, era quem mais pulava. In The Navy! E nós dois lá, em meio a irmãos tão empolgados que pareciam ter, no máximo, 18 anos de idade.
Pra quem curtiu Village People na década de 70, algo imperdível. Viajei ao passado, pra antiga casa cor-de-rosa onde nasci e cresci, no bairro de Moema. Ali, meus irmãos e eu tínhamos um espaço reservado, um quarto no andar térreo do apartamento dos fundos do casarão, destinado à alegria: música, amigos e uma mesinha de bilhar. Ainda sonho que estamos ali, curtindo o presente e confiando no futuro. Village People saltou do aparelho de som 3 em 1, pulou do disco de vinil e deu um show ao vivo.
A magia fechou seu ciclo com Y.M.C.A. O índio, eu não podia tirar os olhos dele! Sempre foi o meu preferido! Quantas danceterias, bailinhos, momentos e histórias aquelas músicas me trazem à lembrança? Um elo entre o passado e o presente, momento inesquecível! Hoje, sábado, amanheci um tanto rouca, tal foi a cantoria de ontem. Os pés sobreviveram. Ainda na cama, despertando, ri ao calcular que somos tios na balada. Uma balada com décadas a mais, mas a alma ainda é de uma garota e assim sempre será.
Village People, vocês fazem parte de mim, da minha vida e da minha história! Corri até meus antigos LPS, as bolachonas de vinil. Falta aquele disco. Ah, os irmãos! Alguém levou embora a relíquia, mas a capa do disco não esqueci, ela ilustra este texto. Pedacinhos de lembranças, uma colcha de retalhos que dá sentido à vida. Ontem foi feito ponte, uma via que passou sobre toda minha vida e me tornou de novo adolescente.

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