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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







2 de set. de 2011

PAPO DE MULHER


Perdi o sono de madrugada. Chá de camomila, leite morno, nada parecia resolver o problema. Quando isso acontece, evito ligar o notebook, pois jogar paciência é o meu vício. Mais perco do que ganho, isso me irrita. Liguei o abajur da sala, busquei uma manta quentinha, ajeitei as almofadas no sofá. Havia duas opções: ler ou ligar o televisor. A primeira alternativa, devido à recuperação de uma cirurgia recente nos olhos, pareceu inadequada. Controle remoto em mãos, fui trocando os canais da TV a cabo. Muita porcaria na programação, de filmes pornôs a leilão de gado. E eis que parei em um filme. Passei três anos da vida sem quase assisti-los. Minha mãe, na época muito doente, era o meu foco principal, não havia tempo pra quase nada. Às vezes, quando assisto algo que considero novo, as pessoas se surpreendem. Por exemplo, os últimos filmes de Harry Potter, de quem sou fã. E foi esse o caso, passava na televisão o filme “Garota da Vitrine”, um filme de três ou quatro anos atrás. Atenta, o tema pareceu muito interessante. Adormeci antes da mocinha mandar o mocinho para aquele lugar. Soube que o final foi assim, pois uma amiga generosamente me contou o desfecho da trama. O tema desse filme é o relacionamento casual, o desencontro das intenções amorosas, a paixão. Talvez, vocês tenham assistido. Pra quem não viu, acho que vez ou outra vai ao ar no Telecine.
Aquele filme, no dia seguinte, me deixou a pensar na vida. É comum que homens recém-separados encantem-se com uma nova mulher. Comum que mulheres se encantem com homens mais velhos. Mais comum ainda alguns homens não assumirem qualquer tipo de compromisso, afinal acabaram de sair de um ônibus lotado: o casamento, ou um namoro sério. Pior ainda, tem aqueles que se dizem separados, mas estão apenas traindo a esposa, a namorada. Há os que brigaram com a amada e estão dando um tempinho no relacionamento. Ainda de luto, apesar de negarem essa condição até sob tortura, eles precisam encontrar alguém que faça curativo em seu coração dodói. Há aqueles que querem mesmo é curtir, precisam lustrar sua cara-de-pau, vulgo ego. Eis que surge a versão mais moderna e branda do “lobo mau”. No filme, o lobo mau é interpretado por Steve Martin. Coroa simpático, boa presença, cheio de charme, com grana no bolso. Paga jantar, tem casa bonita, paga viagem pra NY. Tudo de bom, não é mesmo? Nem tanto. Ela se apaixona, ele fica todo confuso. E ele transa com outra, afinal não tem compromisso, não deve fidelidade ou exclusividade à mocinha. É o próprio galo velho dentro de um galinheiro.
É duro quando alguém escuta o seguinte: você se envolveu comigo porque quis, eu não te prometi nada. Alguém já ouviu algo assim? Isso é chavão desses tiozinhos de meia-idade. Vamos com calma, esse é outro slogan bastante utilizado. E as desculpas para desvencilhar-se dessa nova mulher são infindáveis. Viagens, doenças, problemas criativos e variados. Por fim, um dia ele simplesmente diz: adeus. Ou pior: some!
Nessa história, a Garota da Vitrine, ela foi mais rápida no gatilho, foi ela quem o dispensou. E eu, quando soube disso dois dias depois de ver o filme, vibrei de alegria. Isso mesmo! Um bom exemplo, assim deveriam agir todas as mulheres que servem de band-aid para esses desencontrados, perdidos, que apenas buscam passatempo ou cura para sua dor de cotovelo.
Nada contra quem se propõe a um relacionamento casual. A questão é outra. Tem quem entre em um relacionamento sabendo seduzir, quem ofereça algo verdadeiramente bom, adquira a confiança da mulher e, de repente, pule fora, porque não está mesmo a fim de se envolver, não quer compromisso. Canalha? Muitas vezes, sim!
Assisto a esse filme fora da televisão. Muitos relatos chegam por e-mail. Além disso, a estrada até chegar ao meu Divo Latívio foi íngreme. Esse tipo de coroa bonitão, recém-separado, que não quer se comprometer é a pior roubada. Se eu pudesse alertar cada mulher carente e doida pra ter um namorado, eu faria isso. Infelizmente, nem todas leem o meu blog.
Tive muita sorte de conhecer meu Divo. Muita mesmo. Mas, isso não aconteceu à toa. Eu sabia o que queria, ele também sabia o que queria. Havia coincidência de intenções. Fosse diferente, não estaríamos juntos.
Acho que o melhor antídoto, para não cair em armadilhas amorosas, é não procurar o amor de sua vida. Isso não se procura, é algo que acontece ou não acontece. Talvez, o ideal seja conhecer alguém sem qualquer tipo de idealização, sem jogar sobre os ombros dessa pessoa a carência, as expectativas acumuladas. Ver o homem como ele é, sem projetar nele um namorado, um marido. Não é preciso ter um homem ao lado para ser feliz. Felicidade é algo demais subjetivo, significa estar bem consigo mesma, ainda que temporariamente desacompanhada.
Creio, aqueles anos insones, cuidando de minha mãe, renderam não apenas dois blogs, mas um pouco mais de paz em meu coração. Quando descobri que estar sozinha não significava ser solitária, Divo surgiu no meu caminho, feito um raio de sol. Fazia poucos dias, eu tinha decidido me aposentar, mudar de São Paulo, morar no campo, cultivar meus amigos. Feito aquela música do Zé Rodrix: onde eu possa plantar meus amigos, meus livros, meus discos e nada mais. O destino é caprichoso, percebeu minha intenção e me apresentou aquele que, pra mim, é mais que companheiro: é o amor da minha vida.
Por isso mesmo, garotas, esse papo de mulher, essa conversa que só mesmo nós sabemos ter umas com as outras, eu adoraria que acontecesse pessoalmente. Via blog, eis a minha experiência, eis a minha impressão a respeito desses desfechos nos relacionamentos breves, equivocados, que causam dor e mágoa.
Quem quiser se relacionar casualmente, deve fazê-lo de modo aberto, claro, mas isso deve valer pro homem e pra mulher. E quando ela encontrar alguém bem melhor que aquele velho babão, com certeza estará pronta para viver um relacionamento bom e de verdade. E ele? Bem... Dizem as minhas estatísticas que eles envelhecem sozinhos, ou acabam arranjando alguém para empurrá-los pro sol.

2 comentários:

Peu disse...

Gostei muitooo!

Cláudia Cavalcanti disse...

Peu,

Muito obrigada! Venha sempre ler minhas histórias!

Um beijo