Deu claustrofobia nela. Olhou pela janela, lá fora um final de tarde lindo na cidade de São Paulo. Observou as nuvens espalhadinhas no céu, feito fiapinhos. O azul escondidinho por detrás daquele algodão doce, parecia brincar de esconde-esconde. Passou um avião barulhento. Uma criança riu feliz em alguma casa vizinha. Um cão latiu.
Pôs-se a imaginar a felicidade alheia. O televisor ligado, estava desatenta à programação. Suspirou resignada. Quando tinha sido feliz? Lembrou do calor da areia sob seus pés, o mar morninho tocando seus tornozelos. O sorriso de seu filho ainda pequeno. O abraço caloroso de sua mãe. O sabor do bolo de aniversário recheado com doce de leite e ameixas pretas. O aroma dos livros na biblioteca de seu avô. A brincadeira com os irmãos no jardim de casa. O sabor do primeiro beijo. Aterrissou no brinde feliz do último revéillon.
Encostou o nariz na vidraça da sala. Lá fora parecia ser mais feliz que dentro de casa. O passado mais feliz que o presente. Sentou-se na frente do computador e escreveu. Publicou no blog, feito prece. Uma oração ou um apelo. Murmurou tão baixinho que só seu coração ouviu: e agora, o que será de mim?
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