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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







4 de jan. de 2012

É A IDADE!


Quantos carneirinhos podem ser contatos em uma noite? Não sei, perdi as contas. Na noite anterior, contei todos os carneirinhos, todas as formiguinhas que passeavam pelo gramado e, depois, comecei a contar de novo os carneirinhos. Insônia!
Há um mês, quando precisei do auxílio de uma escada para alcançar uma prateleira alta na cozinha, meus joelhos doeram e fizeram algo mais ou menos assim: créc! Logo pensei: artrose!
A barriguinha, que já foi cinturinha de pilão, transformou-se recentemente em cinturinha de barril. Nada de excessos, mas atrapalha, especialmente quando tento vestir aquela calça jeans novinha, que não fecha por mais que eu insista.
Noite amena, coberta com um lençol fininho. Divo, desde que compramos uma cama tamanho king size, tem espaço suficiente para dormir em sua posição preferida: X! Espaçoso, não tem mais incomodado meu saudoso sono. Mesmo assim, acordei às duas da manhã com um calor que vinha das minhas entranhas. Pude entender como um prato se sente dentro do forno micro-ondas. O calor vinha de dentro pra fora e cozinhava meu juízo. Eu transpirava e não conseguia raciocinar. Louca, talvez?
Logo cedo resolvi telefonar pro médico. – Doutor, acho que estou enlouquecendo. O riso do homem pareceu confirmar que, realmente, é por aí o diagnóstico.
Fui à consulta médica temendo o pior. Imaginei meus dias, até o fim da vida, amarrada a uma camisa de força e sem mais poder divagar neste blog. Loucura!
- Diva, há quanto tempo tem esses sintomas?
A memória horrível. Aliás, a falta de memória atingiu meus e-mails. Esqueci a senha e comecei a chorar compulsivamente, como se o mundo tivesse acabado.
- Não lembro, doutor.
- Suas articulações doem?
- Somente os joelhos, tornozelos, quadris, mãos, pulsos, pescoço e...
- Diva, como está a sua libido?
Libido é quase um palavrão, eita palavra feia para explicar algo tão simples: tesão!
- Morreu, doutor. A missa de sétimo dia da minha libido aconteceu não lembro quando.
- Que horror, Diva. Por que não marcou logo a consulta comigo?
- É que eu perdi seu telefone, não lembrava seu sobrenome.
- Já tenho o diagnóstico.
- Eu me ajeitei na cadeira, minhas mãos suavam, tamanha era minha aflição. Teria que tomar algum remédio tarja preta, provavelmente.
- Menopausa.
- Quê?!
- Na sua idade, esses sintomas são muito normais. Vou receitar alguns remédios, um hormônio gel para você aplicar diariamente na pele, vou pedir alguns exames.
- Saí do consultório e entrei direto na farmácia. Quem disse que consegui lembrar a senha do cartão, na hora de pagar a conta? Tentei uma, duas, três vezes. O banco bloqueou meu cartão de débito, que por sinal tem dupla finalidade: débito e crédito.
Expliquei pra moça do caixa: - Moça, estou na menopausa, minha memória está sem libido.
Fui olhada com um misto de perplexidade e piedade.
- Podemos reservar os medicamentos para quando a senhora voltar aqui.
Eu já teria ido à farmácia buscar o que comprei, mas não levei. O problema é que eu tenho que ir primeiro ao chaveiro, mandar fazer cópias da chave de casa. Perdi as chaves, não sei onde.
E eu que imaginava que menopausa fosse apenas calores, coisas da vovó!

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