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Pensei e pensei em um adjetivo que definisse meu estado matinal. Finalmente encontrei a palavra que expressa minha situação atual: zoada!
Amanheci zoada!
O clima do verão costumava ser quente, com chuvas que chegavam durante a tarde. À noite tudo voltava ao normal, noites dignas de passeios ao luar. No dia seguinte, lá estava o sol a brilhar novamente. Podíamos nos estender na areia da praia, para colorir a pele com o bronzeado da cor do pecado. Tudo isso sem protetor solar, sem manchas na pele, sem envelhecimento precoce. Nem celulite existia!
Agora tudo mudou. Tem a tal da La Niña, irmãzinha do El Niño. Os dias de verão são chuvosos, nuvens sem fim a esconder o azul do céu. Quando o sol ocasionalmente brilha, vem com força total e parece querer fritar de modo inclemente os terráqueos. E dá-lhe camadas e mais camadas de filtro solar, óculos escuros, alertas sobre o perigo de contrair câncer de pele.
Zoada, com dor de garganta, dor no corpo, nariz entupido, vontade de voltar pra cama e só sair de lá à noite, depois de tomar um chá quente com aspirina. Gripe em pleno verão! Mas, que verão? Verão com temperatura muito abaixo do esperado! O acessório indispensável é o guarda-chuva! Até hoje não usei as sandálias novas, nem os vestidinhos de tecido leve e alcinha!
Lembrei de Santa Clara: Santa Clara, clareai! Pensei em São Pedro: Meu santinho, tenha dó de nós, que de tanta chuva logo viraremos peixes, criaremos escamas sobre nossa humana epiderme!
E, enquanto isso, lá no guarda-roupa, jaz a coleção de verão que adquiri com tanta vontade de aproveitar as férias de janeiro. Dentro de poucos dias o Oceano Atlântico será o meu tapete, rumo ao sul, rumo à caliente Buenos Aires, à doce Montevideo. Divo e eu, algo romântico, um cruzeiro para celebrar a nossa recente união. Porém, diz aquela mocinha da previsão do tempo que não há o menor sinal de estiagem, isso de acordo com as imagens de um tal de satélite meteorológico. Começo a me preocupar!
Enquanto digito, meus dedos doem, a moleza no corpo me faz empurrar o notebook pra longe. Admiro o texto a certa distância, entre um gole e outro de suco de laranja. Febril, provavelmente. Aproveito o delírio gripal para planejar o que levarei na bagagem desse cruzeiro. Casaco, capa de chuva, botas, cachecol, luvas e não posso esquecer do já mencionado guarda-chuva! Biquini? Isso é coisa que não me pertence mais! Bermuda? Nem pensar, não pretendo congelar as pernas. Será que servirão vinho quente à bordo? Um cruzeiro na neve! Poderei fazer de conta que outra vez é Natal e cantarei qualquer coisa do tipo Jingle Bell, acabou papel!
Que o mau tempo vá embora. Merecemos dias ensolarados, alegria quente, coisas típicas do verão. Tomara! Espero que o Universo desculpe o meu delírio, que isso não atraia mais nuvens pra cima de nossas cabeças. Escrevo enrolada em uma mantinha quente, meus pés dentro de pantufinhas felpudas, usando pijaminha de cor lilás. A febre, já verifiquei, é de 38 graus. Acho, tenho que ir ao pediatra. Sim, ao pediatra, afinal na última vez que pensei em ir a um geriatra, o cara me receitou tanta vitamina, tanta bomba, que em um mês eu estava mais doida do que o habitual. Um pediatra poderá receitar um xarope pra minha tosse, verificar minha carteirinha de vacinação!
Entre um espirro aqui, uma tossidinha ali, termino o texto. Que o verão se apresente, que deixe de fazer graça e depressa se faça! Não, Senhor Rei Sol, isso não é um convite para vir nos visitar. Isso é uma intimação! Compareça com urgência, no prazo máximo de 24 horas e traga com você temperaturas quentes, azul anil para pintar o nosso céu. Não esqueça de amornar a água do mar. E, se você não vier, prometo me tornar adepta dos esportes de inverno, na costa brasileira. Essa será a sua pena, por ter descumprido o prometido e nos deixado trancados em casa, em pleno janeiro. Órfãos do verão!
Diva em pleno delírio febril se despede dos leitores. Até a próxima crônica! Atchim!
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
11 de jan. de 2012
VERÃO ZOADO!
Pensei e pensei em um adjetivo que definisse meu estado matinal. Finalmente encontrei a palavra que expressa minha situação atual: zoada!
Amanheci zoada!
O clima do verão costumava ser quente, com chuvas que chegavam durante a tarde. À noite tudo voltava ao normal, noites dignas de passeios ao luar. No dia seguinte, lá estava o sol a brilhar novamente. Podíamos nos estender na areia da praia, para colorir a pele com o bronzeado da cor do pecado. Tudo isso sem protetor solar, sem manchas na pele, sem envelhecimento precoce. Nem celulite existia!
Agora tudo mudou. Tem a tal da La Niña, irmãzinha do El Niño. Os dias de verão são chuvosos, nuvens sem fim a esconder o azul do céu. Quando o sol ocasionalmente brilha, vem com força total e parece querer fritar de modo inclemente os terráqueos. E dá-lhe camadas e mais camadas de filtro solar, óculos escuros, alertas sobre o perigo de contrair câncer de pele.
Zoada, com dor de garganta, dor no corpo, nariz entupido, vontade de voltar pra cama e só sair de lá à noite, depois de tomar um chá quente com aspirina. Gripe em pleno verão! Mas, que verão? Verão com temperatura muito abaixo do esperado! O acessório indispensável é o guarda-chuva! Até hoje não usei as sandálias novas, nem os vestidinhos de tecido leve e alcinha!
Lembrei de Santa Clara: Santa Clara, clareai! Pensei em São Pedro: Meu santinho, tenha dó de nós, que de tanta chuva logo viraremos peixes, criaremos escamas sobre nossa humana epiderme!
E, enquanto isso, lá no guarda-roupa, jaz a coleção de verão que adquiri com tanta vontade de aproveitar as férias de janeiro. Dentro de poucos dias o Oceano Atlântico será o meu tapete, rumo ao sul, rumo à caliente Buenos Aires, à doce Montevideo. Divo e eu, algo romântico, um cruzeiro para celebrar a nossa recente união. Porém, diz aquela mocinha da previsão do tempo que não há o menor sinal de estiagem, isso de acordo com as imagens de um tal de satélite meteorológico. Começo a me preocupar!
Enquanto digito, meus dedos doem, a moleza no corpo me faz empurrar o notebook pra longe. Admiro o texto a certa distância, entre um gole e outro de suco de laranja. Febril, provavelmente. Aproveito o delírio gripal para planejar o que levarei na bagagem desse cruzeiro. Casaco, capa de chuva, botas, cachecol, luvas e não posso esquecer do já mencionado guarda-chuva! Biquini? Isso é coisa que não me pertence mais! Bermuda? Nem pensar, não pretendo congelar as pernas. Será que servirão vinho quente à bordo? Um cruzeiro na neve! Poderei fazer de conta que outra vez é Natal e cantarei qualquer coisa do tipo Jingle Bell, acabou papel!
Que o mau tempo vá embora. Merecemos dias ensolarados, alegria quente, coisas típicas do verão. Tomara! Espero que o Universo desculpe o meu delírio, que isso não atraia mais nuvens pra cima de nossas cabeças. Escrevo enrolada em uma mantinha quente, meus pés dentro de pantufinhas felpudas, usando pijaminha de cor lilás. A febre, já verifiquei, é de 38 graus. Acho, tenho que ir ao pediatra. Sim, ao pediatra, afinal na última vez que pensei em ir a um geriatra, o cara me receitou tanta vitamina, tanta bomba, que em um mês eu estava mais doida do que o habitual. Um pediatra poderá receitar um xarope pra minha tosse, verificar minha carteirinha de vacinação!
Entre um espirro aqui, uma tossidinha ali, termino o texto. Que o verão se apresente, que deixe de fazer graça e depressa se faça! Não, Senhor Rei Sol, isso não é um convite para vir nos visitar. Isso é uma intimação! Compareça com urgência, no prazo máximo de 24 horas e traga com você temperaturas quentes, azul anil para pintar o nosso céu. Não esqueça de amornar a água do mar. E, se você não vier, prometo me tornar adepta dos esportes de inverno, na costa brasileira. Essa será a sua pena, por ter descumprido o prometido e nos deixado trancados em casa, em pleno janeiro. Órfãos do verão!
Diva em pleno delírio febril se despede dos leitores. Até a próxima crônica! Atchim!
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