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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







11 de jan. de 2012

VERÃO ZOADO!


Pensei e pensei em um adjetivo que definisse meu estado matinal. Finalmente encontrei a palavra que expressa minha situação atual: zoada!
Amanheci zoada!
O clima do verão costumava ser quente, com chuvas que chegavam durante a tarde. À noite tudo voltava ao normal, noites dignas de passeios ao luar. No dia seguinte, lá estava o sol a brilhar novamente. Podíamos nos estender na areia da praia, para colorir a pele com o bronzeado da cor do pecado. Tudo isso sem protetor solar, sem manchas na pele, sem envelhecimento precoce. Nem celulite existia!
Agora tudo mudou. Tem a tal da La Niña, irmãzinha do El Niño. Os dias de verão são chuvosos, nuvens sem fim a esconder o azul do céu. Quando o sol ocasionalmente brilha, vem com força total e parece querer fritar de modo inclemente os terráqueos. E dá-lhe camadas e mais camadas de filtro solar, óculos escuros, alertas sobre o perigo de contrair câncer de pele.
Zoada, com dor de garganta, dor no corpo, nariz entupido, vontade de voltar pra cama e só sair de lá à noite, depois de tomar um chá quente com aspirina. Gripe em pleno verão! Mas, que verão? Verão com temperatura muito abaixo do esperado! O acessório indispensável é o guarda-chuva! Até hoje não usei as sandálias novas, nem os vestidinhos de tecido leve e alcinha!
Lembrei de Santa Clara: Santa Clara, clareai! Pensei em São Pedro: Meu santinho, tenha dó de nós, que de tanta chuva logo viraremos peixes, criaremos escamas sobre nossa humana epiderme!
E, enquanto isso, lá no guarda-roupa, jaz a coleção de verão que adquiri com tanta vontade de aproveitar as férias de janeiro. Dentro de poucos dias o Oceano Atlântico será o meu tapete, rumo ao sul, rumo à caliente Buenos Aires, à doce Montevideo. Divo e eu, algo romântico, um cruzeiro para celebrar a nossa recente união. Porém, diz aquela mocinha da previsão do tempo que não há o menor sinal de estiagem, isso de acordo com as imagens de um tal de satélite meteorológico. Começo a me preocupar!
Enquanto digito, meus dedos doem, a moleza no corpo me faz empurrar o notebook pra longe. Admiro o texto a certa distância, entre um gole e outro de suco de laranja. Febril, provavelmente. Aproveito o delírio gripal para planejar o que levarei na bagagem desse cruzeiro. Casaco, capa de chuva, botas, cachecol, luvas e não posso esquecer do já mencionado guarda-chuva! Biquini? Isso é coisa que não me pertence mais! Bermuda? Nem pensar, não pretendo congelar as pernas. Será que servirão vinho quente à bordo? Um cruzeiro na neve! Poderei fazer de conta que outra vez é Natal e cantarei qualquer coisa do tipo Jingle Bell, acabou papel!

Que o mau tempo vá embora. Merecemos dias ensolarados, alegria quente, coisas típicas do verão. Tomara! Espero que o Universo desculpe o meu delírio, que isso não atraia mais nuvens pra cima de nossas cabeças. Escrevo enrolada em uma mantinha quente, meus pés dentro de pantufinhas felpudas, usando pijaminha de cor lilás. A febre, já verifiquei, é de 38 graus. Acho, tenho que ir ao pediatra. Sim, ao pediatra, afinal na última vez que pensei em ir a um geriatra, o cara me receitou tanta vitamina, tanta bomba, que em um mês eu estava mais doida do que o habitual. Um pediatra poderá receitar um xarope pra minha tosse, verificar minha carteirinha de vacinação!

Entre um espirro aqui, uma tossidinha ali, termino o texto. Que o verão se apresente, que deixe de fazer graça e depressa se faça! Não, Senhor Rei Sol, isso não é um convite para vir nos visitar. Isso é uma intimação! Compareça com urgência, no prazo máximo de 24 horas e traga com você temperaturas quentes, azul anil para pintar o nosso céu. Não esqueça de amornar a água do mar. E, se você não vier, prometo me tornar adepta dos esportes de inverno, na costa brasileira. Essa será a sua pena, por ter descumprido o prometido e nos deixado trancados em casa, em pleno janeiro. Órfãos do verão!

Diva em pleno delírio febril se despede dos leitores. Até a próxima crônica! Atchim!

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