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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







2 de jan. de 2012

A "NHACA" DO ANO NOVO


Tanta gente na ceia do ano novo, quando fiz a lista dos convidados da festa comecei a me preocupar, eu não daria conta dos preparativos sozinha. Pedi ajuda à Zezé, aquela que faz da minha casa um castelinho limpinho e bem organizado. Minha auxiliar chegou disposta a enfrentar dois dias na cozinha, vestida de branco, maquiada, uma verdadeira diva-ajudante!
A única recomendação que fiz, algo que pareceu muito natural, foi a seguinte: Zezé, sirva-se de tudo o que quiser, mas não beba nada alcoólico!
Conforme os convidados chegavam, serviam-se dos quitutes deliciosos preparados com carinho pela Zezé. Casquinha de siri, camarões empanados, canapés variados. A caipirinha, por ela preparada, fez tanto sucesso que diversas rodadas foram pedidas. Tudo perfeito, resolvi aproveitar a festa, sem muito me preocupar.
Lá pelas tantas, assim que a ceia foi servida, notei que a Zezé estava muito animada. Caiu na dança com dois sobrinhos de vinte e poucos anos de idade, até fotografei! Meia noite, entre abraços e cumprimentos felizes, Zezé estava em cima de uma cadeira, segurando uma garrafa do melhor champagne. Não se importou com meu chamado para que voltasse pro chão, ainda tentou subir na mesa. Tirou fotografia com todos os homens presentes à festa, dançou com todos eles e ainda quis beijar meu primo na marra. Minha velha Tia Julieta estava furiosa, Zezé tinha abraçado o Tio Sinésio, de noventa e dois anos de idade, com tamanha euforia, que causou na titia um ciúme irreparável. Tio Sinésio chacoalhava o esqueleto do jeito que podia, parecia feliz da vida.
Precisei pedir licença, pra que ela me devolvesse o Divo, que dançou duas músicas rápidas e outra lenta com a Zezé. Não gostei!
A festa se estendeu até o raiar do dia, comigo na cozinha, afinal alguém precisava dar conta da bagunça. Enquanto isso, Zezé praticamente sumiu. Já tinha amanhecido quando notei que ela tinha dormido no sofá, abraçada a uma almofada.
Decidi acordá-la: - Zezé, vou te levar pra casa, acorde! Tonta, ela se levantou cambaleante, deu um passo pra frente e caiu sentada no sofá. Duas tentativas em vão, resolvi deixá-la dormir ali mesmo. Onze horas da manhã, passei pela sala e ela continuava dormindo serenamente.
O almoço foi por mim servido às duas da tarde. Zezé, a essa altura acordada, já tinha tomado um remédio pra dor de cabeça e outro remédio pra dor de estômago. Resolvi não aliviar seu drama, afinal ela tinha assumido o compromisso de me ajudar. Deixei a pia cheia de louça e avisei: depois guarde tudo no lugar.
Quatro horas da tarde, encontrei Zezé sentada na cozinha, olhar perdido, ar de ressaca. Fui sarcástica: - Aceita uma taça de vinho, Zezé?
Hoje resolvi olhar as fotos na minha câmera fotográfica. Em mais da metade das fotos aparece a Zezé. Eu apareço apenas em uma, ao fundo, lavando pratos.
Já decidi: no próximo ano novo vou viajar, irei pra um hotel onde eu não precise fazer nada, senão aproveitar a festa. Quanto à Zezé, pediu que eu gravasse em DVD as fotos, para mostrar para seus amigos o quanto foi boa a festa na minha casa.
Zezé acabou de passar por mim. - Dona Diva, a senhora é uma santa! Foi o melhor "arreviom" da minha vida!
Bom pra uns, ruim pra outros. Pois é. Dizem que tudo aquilo o que fazemos no primeiro dia do ano levará consigo a energia que irá reger o ano todo. Eu trabalhei duro neste "arreviom", ou melhor, neste Réveillon. Acho, 2020 será, pra mim, um ano de esforço dobrado e resultados inesperados. E tudo isso eu devo a ninguém menos que Zezé, minha valiosa ajudante do lar.

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