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- Adivinha o que eu comprei?
Na hora preferi não arriscar palpites, mas pensei em um tablet, em passagens pra Paris, quem sabe uma garrafa de champagne do bom, para brindarmos? Ele continuava sorridente, ansioso pra que eu acertasse o que havia dentro daquela caixa.
- Vamos, meu bem, diga o que acha que comprei pra você?
Estava curiosa. Quem sabe, ele tivesse comprado aquela bolsa de grife que namorei na vitrine da loja? Talvez, o presente fosse apenas de valor sentimental: um quadro feito com nossas fotos!
A caixa era de tamanho médio, dessas de papelão de cor parda. Nada escrito que pudesse identificar seu conteúdo. Ousei balançá-la, estava levinha!
Depois de cinco minutos, enfrentei o receio de me desapontar e lancei a primeira pergunta: - é um presente pra mim, ou um presente pra nossa casa?
- Se eu disser você vai descobrir. É algo que você sonha em ganhar faz tempo!
Sempre sonhei com um par de alianças de ouro 18k. Algo simples, nossos nomes gravados e a data do nosso primeiro encontro ali, do jeito mais romântico possível. Será que ele saberia comprar aliança do tamanho certinho do meu dedo? Estava a admirar minha mão, a imaginar ali a bela aliança, quando ele me interrompeu. - E então? Quer que eu diga com que letra começa?
- Letra A!
A é uma letra muito bonita. Com A a gente escreve amigo, amor, alegria e azul! Mas, aliança também começa com A! Eu já estava com lágrimas de emoção a se derramarem dos meus olhos.
- Querido, você comprou aquilo o que eu mais sonhava em ter?
Abri a caixa de um jeito estabanado e, juro, não amasse o Divo tanto assim, eu teria feito as malas e partido pra sempre do nosso novo apartamento. O presente era um avental, desses de cozinha. Meu nome bordado com linha cor-de-rosa e uns lacinhos e babadinhos brancos a enfeitá-lo.
- Mas, querida, você é uma ótima dona de casa, sei que está de férias, mas que perfeição as camisas que você passou! E aquela carne assada que você preparou estava maravilhosa! O avental é uma homenagem pra minha rainha do lar!
Há momentos na vida em que agradeço aos Céus ter boa audição. Melhor ouvir do que ser surda!
Lembrei das revistas antigas de minha mãe, coisa de quando eu era criança. Aquelas dicas femininas para agarrar o marido: não reclame se ele chegar tarde, cale-se se ele falar, obedeça sem resmungar. Senti ódio de Divo, acho que me transformei em um monstro, uma bruxa, algo assim. Não disse mais nenhuma palavra, porque se eu falasse tudo aquilo o que pensava e sentia, eu o detonaria!
Dormir na sala de TV é algo desconfortável. Quando acordei, meu pescoço estalou. O restante do dia passei torta, acho que eu estava emperrada. Dois dias evitei cozinhar, limpar, passar, a casa se transformou em uma espécie de caos. Isso não se parecia com as férias que sonhei, não depois de um ano de trabalho duro no escritório!
Eis que ontem ele chegou em casa com um envelope, pediu que eu o abrisse. Sorriso meio apalermado a estampar o rosto. – Amor, seu presente começa com a letra V! Fui sarcástica: -Já sei o que tem aí dentro! É um vale-vassoura?
Abri. Eram vouchers de viagem de navio. De tão contente que fiquei, finalmente usei o avental e preparei um prato especial para jantarmos. Pudera, nada como um bom incentivo para que eu vá pra cozinha! Letra V, de vitória! Se eu soubesse que o remorso o faria correr pra uma agência de viagens, teria caprichado um pouco mais na greve doméstica que promovi. Por uma viagem à Polinésia eu ficaria contente ao receber um jogo de panelas! Quem sabe, seja esse o meu próximo presente?
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
5 de jan. de 2012
V, de VITÓRIA!
- Adivinha o que eu comprei?
Na hora preferi não arriscar palpites, mas pensei em um tablet, em passagens pra Paris, quem sabe uma garrafa de champagne do bom, para brindarmos? Ele continuava sorridente, ansioso pra que eu acertasse o que havia dentro daquela caixa.
- Vamos, meu bem, diga o que acha que comprei pra você?
Estava curiosa. Quem sabe, ele tivesse comprado aquela bolsa de grife que namorei na vitrine da loja? Talvez, o presente fosse apenas de valor sentimental: um quadro feito com nossas fotos!
A caixa era de tamanho médio, dessas de papelão de cor parda. Nada escrito que pudesse identificar seu conteúdo. Ousei balançá-la, estava levinha!
Depois de cinco minutos, enfrentei o receio de me desapontar e lancei a primeira pergunta: - é um presente pra mim, ou um presente pra nossa casa?
- Se eu disser você vai descobrir. É algo que você sonha em ganhar faz tempo!
Sempre sonhei com um par de alianças de ouro 18k. Algo simples, nossos nomes gravados e a data do nosso primeiro encontro ali, do jeito mais romântico possível. Será que ele saberia comprar aliança do tamanho certinho do meu dedo? Estava a admirar minha mão, a imaginar ali a bela aliança, quando ele me interrompeu. - E então? Quer que eu diga com que letra começa?
- Letra A!
A é uma letra muito bonita. Com A a gente escreve amigo, amor, alegria e azul! Mas, aliança também começa com A! Eu já estava com lágrimas de emoção a se derramarem dos meus olhos.
- Querido, você comprou aquilo o que eu mais sonhava em ter?
Abri a caixa de um jeito estabanado e, juro, não amasse o Divo tanto assim, eu teria feito as malas e partido pra sempre do nosso novo apartamento. O presente era um avental, desses de cozinha. Meu nome bordado com linha cor-de-rosa e uns lacinhos e babadinhos brancos a enfeitá-lo.
- Mas, querida, você é uma ótima dona de casa, sei que está de férias, mas que perfeição as camisas que você passou! E aquela carne assada que você preparou estava maravilhosa! O avental é uma homenagem pra minha rainha do lar!
Há momentos na vida em que agradeço aos Céus ter boa audição. Melhor ouvir do que ser surda!
Lembrei das revistas antigas de minha mãe, coisa de quando eu era criança. Aquelas dicas femininas para agarrar o marido: não reclame se ele chegar tarde, cale-se se ele falar, obedeça sem resmungar. Senti ódio de Divo, acho que me transformei em um monstro, uma bruxa, algo assim. Não disse mais nenhuma palavra, porque se eu falasse tudo aquilo o que pensava e sentia, eu o detonaria!
Dormir na sala de TV é algo desconfortável. Quando acordei, meu pescoço estalou. O restante do dia passei torta, acho que eu estava emperrada. Dois dias evitei cozinhar, limpar, passar, a casa se transformou em uma espécie de caos. Isso não se parecia com as férias que sonhei, não depois de um ano de trabalho duro no escritório!
Eis que ontem ele chegou em casa com um envelope, pediu que eu o abrisse. Sorriso meio apalermado a estampar o rosto. – Amor, seu presente começa com a letra V! Fui sarcástica: -Já sei o que tem aí dentro! É um vale-vassoura?
Abri. Eram vouchers de viagem de navio. De tão contente que fiquei, finalmente usei o avental e preparei um prato especial para jantarmos. Pudera, nada como um bom incentivo para que eu vá pra cozinha! Letra V, de vitória! Se eu soubesse que o remorso o faria correr pra uma agência de viagens, teria caprichado um pouco mais na greve doméstica que promovi. Por uma viagem à Polinésia eu ficaria contente ao receber um jogo de panelas! Quem sabe, seja esse o meu próximo presente?
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