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Outro dia estava lendo sobre "micos" que, vez ou outra, pagamos. A matéria da revista contava episódios engraçados, narrados por gente anônima, com o nome trocado ou apenas iniciais de nomes. Micos anônimos.
Lembrei algo que ocorreu há muitos anos. Fui convidada para um casamento, a igreja suntuosa, em um bairro nobre da cidade de São Paulo. Toda produzida, lá fui eu. Cheguei no horário marcado no convite, procurei sentar-me em um lugar que permitisse assistir a tudo de modo confortável. O tempo foi passando, não conseguia encontrar pessoas conhecidas. Gente estranha.
Sozinha, não tinha sequer com quem desabafar as minhas muitas dúvidas. Quem era aquele noivo, de fraque, esperando a Laurinha, a noiva que foi minha colega de escola? Lembrava do Renan, aquele não se parecia nada com ele. Pior, eu conhecia os pais da Laurinha e aquele casal de meia idade não eram seus pais. Eis que veio o soar dos clarins. A porta da igreja abriu-se e, ao som da marcha nupcial, entrou uma noiva que eu jamais tinha visto em minha vida. Não era a Laurinha.
Esperei até o final da cerimônia, quem sabe o casamento da minha amiga fosse o próximo? Ledo engano. Quando terminou, a muvuca instalou-se. Todos se dirigiram para o salão de festas da igreja, eu praticamente fui carregada de modo involuntário, a igreja estava lotadíssima. Cumprimentei os noivos, acho que a noiva imaginou que eu fosse amiga do noivo. O noivo imaginou que eu fosse amiga da noiva. Uma sensação indescritível. Peruérrima, de vestido longo, tentei não perder a elegância. Sorrindo a cada cumprimento estranho, dei uma escapadinha e liguei pra minha casa. Pedi à minha mãe que olhasse mais uma vez o que estava escrito no convite de casamento. Foi então que descobri que a Laurinha se casaria no dia 02 de março e não no dia 02 de fevereiro. Já que estava ali, saboreei um pedacinho de bolo.
Tudo parecia perfeito quando escutei: - “Diva? O que você está fazendo aqui?”. Era a minha vizinha, Leninha. Eu não sabia o que responder. Dei uma desculpa e sumi do lugar o mais depressa que pude.
No dia seguinte, não teve jeito. Leninha parou na porta da minha casa e perguntou: - “e aí? Ontem você estava linda! Diz uma coisa, você é amiga da Iara ou do Beto?”. Eu respondi que era amiga da Iara. Pra quê? Iara era amiga da Leninha. Desse dia em diante, fugi da vizinha sempre que a via passar na frente da minha casa.
Tantos anos depois, lembrei do meu último "mico": caí no porto. Sim, caí de um ônibus no porto de Santos. Eram tantas sacolas em minhas mãos. Não estava usando óculos, não notei o último degrau do busão. Feito jaca madura, lá estava eu esborrachada entre passageiros e navegantes em geral. Nenhum marinheiro me socorreu! Até hoje não posso usar salto 15.
Micos... Quem nunca teve os seus?
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
2 de fev. de 2011
MICOS, CADA UM COM OS SEUS
Outro dia estava lendo sobre "micos" que, vez ou outra, pagamos. A matéria da revista contava episódios engraçados, narrados por gente anônima, com o nome trocado ou apenas iniciais de nomes. Micos anônimos.
Lembrei algo que ocorreu há muitos anos. Fui convidada para um casamento, a igreja suntuosa, em um bairro nobre da cidade de São Paulo. Toda produzida, lá fui eu. Cheguei no horário marcado no convite, procurei sentar-me em um lugar que permitisse assistir a tudo de modo confortável. O tempo foi passando, não conseguia encontrar pessoas conhecidas. Gente estranha.
Sozinha, não tinha sequer com quem desabafar as minhas muitas dúvidas. Quem era aquele noivo, de fraque, esperando a Laurinha, a noiva que foi minha colega de escola? Lembrava do Renan, aquele não se parecia nada com ele. Pior, eu conhecia os pais da Laurinha e aquele casal de meia idade não eram seus pais. Eis que veio o soar dos clarins. A porta da igreja abriu-se e, ao som da marcha nupcial, entrou uma noiva que eu jamais tinha visto em minha vida. Não era a Laurinha.
Esperei até o final da cerimônia, quem sabe o casamento da minha amiga fosse o próximo? Ledo engano. Quando terminou, a muvuca instalou-se. Todos se dirigiram para o salão de festas da igreja, eu praticamente fui carregada de modo involuntário, a igreja estava lotadíssima. Cumprimentei os noivos, acho que a noiva imaginou que eu fosse amiga do noivo. O noivo imaginou que eu fosse amiga da noiva. Uma sensação indescritível. Peruérrima, de vestido longo, tentei não perder a elegância. Sorrindo a cada cumprimento estranho, dei uma escapadinha e liguei pra minha casa. Pedi à minha mãe que olhasse mais uma vez o que estava escrito no convite de casamento. Foi então que descobri que a Laurinha se casaria no dia 02 de março e não no dia 02 de fevereiro. Já que estava ali, saboreei um pedacinho de bolo.
Tudo parecia perfeito quando escutei: - “Diva? O que você está fazendo aqui?”. Era a minha vizinha, Leninha. Eu não sabia o que responder. Dei uma desculpa e sumi do lugar o mais depressa que pude.
No dia seguinte, não teve jeito. Leninha parou na porta da minha casa e perguntou: - “e aí? Ontem você estava linda! Diz uma coisa, você é amiga da Iara ou do Beto?”. Eu respondi que era amiga da Iara. Pra quê? Iara era amiga da Leninha. Desse dia em diante, fugi da vizinha sempre que a via passar na frente da minha casa.
Tantos anos depois, lembrei do meu último "mico": caí no porto. Sim, caí de um ônibus no porto de Santos. Eram tantas sacolas em minhas mãos. Não estava usando óculos, não notei o último degrau do busão. Feito jaca madura, lá estava eu esborrachada entre passageiros e navegantes em geral. Nenhum marinheiro me socorreu! Até hoje não posso usar salto 15.
Micos... Quem nunca teve os seus?
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Um comentário:
Pô Diva, ganhou de mim com a história do sabonete..kkkkkkkkkkkkkkkk beijos!
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