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Apresentação

Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.







21 de jun. de 2010

ALÔ?!


Ainda vou conseguir compreender por que as pessoas estão começando a se relacionar e já querem descobrir se a criatura-alvo é fiel ou infiel. Foi assim que a Isabel pegou a agenda telefônica do José Alberto, que conheceu no Brejo Perfeito.
Ele ainda dormindo. A agenda de papel sobre a mesa lateral da sala. Depressa, olhou todos os nomes de mulheres começados com a letra M, afinal, calculou, M é de Maria e metade das mulheres do Brasil tem Maria no nome.
Então viu lá: Mariana. Pensou: “desgraçada, pra essa eu vou ligar agora!”. E discou. Atendeu uma telefonista e disse: - “Colégio Nossa Senhora do Perdão, boa tarde”. Sem saber o que fazer, desligou.
Viu então o nome Maria Assunta. Falou em alto e bom som: “achei a filha da mãe!”. Ligou. Atendeu uma criança, o barulho era de TV ligada, tinha um cachorro latindo. Conseguiu dizer: - “garoto, chama a Maria Assunta pra mim”. O menino do outro lado berrou: - “vó, telefone pra senhora!”. Desligou depressa.
Resolveu mudar de letra. Escolheu A, porque toda Ana começa com A. E lá estava o nome Aline. Atendeu uma voz doce e jovial. Com ódio, perguntou se ela era a Aline. Resposta: - “sim”. Trêmula e quase aos prantos, perguntou se ela conhecia o José Alberto, seu namorado. Resposta: - " ele é o meu pai”. Desligou o telefone e pensou: “cruzes, me ferrei, o que faço agora?".
Em seguida o telefone tocou. Era a Aline querendo saber cadê o pai dela. Fez a voz fanhosa e disse: - “eu sou a faxineira, meu nome é Edilaine, seu pai liga pra você quando acordar”.
Ficou tentando imaginar o que fazer pra apagar os traços de todos os telefonemas que fez. Foi deletando as ligações feitas, mas o aparelho apitava a cada apagão bem sucedido. Com receio de acordar José Alberto, teve uma ideia: pegou o telefone sem fio e jogou dentro do vaso sanitário.
Quando o incauto pretendente acordou, ela esboçou um sorriso e disse: - “Benzinho, você nem imagina que tragédia aconteceu. Eu estava falando com a minha mãe no seu telefone e sem querer ele caiu dentro da privada”.
Meia hora depois tocou o celular do José Alberto. Era a filha, Aline, querendo saber se a Edilaine faxineira deu pra ele o recado.
Foi assim que o José Alberto terminou o quase-futuro-namoro com a Isabel. Já comprou um novo telefone sem fio e agora só faz agenda telefônica no celular, que ele não solta nem mesmo pra dormir.
(Texto de minha autoria, publicado no blog Janela das Loucas).

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindinha


Ainda bem que é apenas uma história,e isso não iria acontecer com voce, pois pelo que me parece voce não é tão ciumenta.

Bjs
Anjo

Cláudia Cavalcanti disse...

Ciumenta? Basta não dar motivos, Anjo..RSSS

Beijos

Isis disse...

O que faz o ciúme....hahaha
Adorei texto!!!
Beijo