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Ainda vou conseguir compreender por que as pessoas estão começando a se relacionar e já querem descobrir se a criatura-alvo é fiel ou infiel. Foi assim que a Isabel pegou a agenda telefônica do José Alberto, que conheceu no Brejo Perfeito.
Ele ainda dormindo. A agenda de papel sobre a mesa lateral da sala. Depressa, olhou todos os nomes de mulheres começados com a letra M, afinal, calculou, M é de Maria e metade das mulheres do Brasil tem Maria no nome.
Então viu lá: Mariana. Pensou: “desgraçada, pra essa eu vou ligar agora!”. E discou. Atendeu uma telefonista e disse: - “Colégio Nossa Senhora do Perdão, boa tarde”. Sem saber o que fazer, desligou.
Viu então o nome Maria Assunta. Falou em alto e bom som: “achei a filha da mãe!”. Ligou. Atendeu uma criança, o barulho era de TV ligada, tinha um cachorro latindo. Conseguiu dizer: - “garoto, chama a Maria Assunta pra mim”. O menino do outro lado berrou: - “vó, telefone pra senhora!”. Desligou depressa.
Resolveu mudar de letra. Escolheu A, porque toda Ana começa com A. E lá estava o nome Aline. Atendeu uma voz doce e jovial. Com ódio, perguntou se ela era a Aline. Resposta: - “sim”. Trêmula e quase aos prantos, perguntou se ela conhecia o José Alberto, seu namorado. Resposta: - " ele é o meu pai”. Desligou o telefone e pensou: “cruzes, me ferrei, o que faço agora?".
Em seguida o telefone tocou. Era a Aline querendo saber cadê o pai dela. Fez a voz fanhosa e disse: - “eu sou a faxineira, meu nome é Edilaine, seu pai liga pra você quando acordar”.
Ficou tentando imaginar o que fazer pra apagar os traços de todos os telefonemas que fez. Foi deletando as ligações feitas, mas o aparelho apitava a cada apagão bem sucedido. Com receio de acordar José Alberto, teve uma ideia: pegou o telefone sem fio e jogou dentro do vaso sanitário.
Quando o incauto pretendente acordou, ela esboçou um sorriso e disse: - “Benzinho, você nem imagina que tragédia aconteceu. Eu estava falando com a minha mãe no seu telefone e sem querer ele caiu dentro da privada”.
Meia hora depois tocou o celular do José Alberto. Era a filha, Aline, querendo saber se a Edilaine faxineira deu pra ele o recado.
Foi assim que o José Alberto terminou o quase-futuro-namoro com a Isabel. Já comprou um novo telefone sem fio e agora só faz agenda telefônica no celular, que ele não solta nem mesmo pra dormir.
(Texto de minha autoria, publicado no blog Janela das Loucas).
Aqui você encontrará temas ligados a comportamento, relacionamentos e cotidiano.
É proibida a reprodução não autorizada dos textos deste blog, de acordo com a Lei nº9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais.
Apresentação
Este blog nasceu no blog Janela das Loucas, onde assinava "Diva Latívia". Ali permaneci durante muito tempo, como autora principal das crônicas do blog. Redescobri que escrever é vital pra mim, guiada e editada por Abílio Manoel, cantor, compositor, cineasta e meu querido amigo. O Janela das Loucas não existe mais, Abílio foi embora pro Céu. Escrevo porque tenho esse dom divino, mas devo ao Abílio este blog, devo ao Abílio a saudade que me acompanha diariamente. Fiz e faço deste blog uma homenagem a aquele que se tornou meu irmão, de alma e coração. Aqui o tema é variado: cotidiano, relacionamentos e comportamento, em prosa e versos.
21 de jun. de 2010
ALÔ?!
Ainda vou conseguir compreender por que as pessoas estão começando a se relacionar e já querem descobrir se a criatura-alvo é fiel ou infiel. Foi assim que a Isabel pegou a agenda telefônica do José Alberto, que conheceu no Brejo Perfeito.
Ele ainda dormindo. A agenda de papel sobre a mesa lateral da sala. Depressa, olhou todos os nomes de mulheres começados com a letra M, afinal, calculou, M é de Maria e metade das mulheres do Brasil tem Maria no nome.
Então viu lá: Mariana. Pensou: “desgraçada, pra essa eu vou ligar agora!”. E discou. Atendeu uma telefonista e disse: - “Colégio Nossa Senhora do Perdão, boa tarde”. Sem saber o que fazer, desligou.
Viu então o nome Maria Assunta. Falou em alto e bom som: “achei a filha da mãe!”. Ligou. Atendeu uma criança, o barulho era de TV ligada, tinha um cachorro latindo. Conseguiu dizer: - “garoto, chama a Maria Assunta pra mim”. O menino do outro lado berrou: - “vó, telefone pra senhora!”. Desligou depressa.
Resolveu mudar de letra. Escolheu A, porque toda Ana começa com A. E lá estava o nome Aline. Atendeu uma voz doce e jovial. Com ódio, perguntou se ela era a Aline. Resposta: - “sim”. Trêmula e quase aos prantos, perguntou se ela conhecia o José Alberto, seu namorado. Resposta: - " ele é o meu pai”. Desligou o telefone e pensou: “cruzes, me ferrei, o que faço agora?".
Em seguida o telefone tocou. Era a Aline querendo saber cadê o pai dela. Fez a voz fanhosa e disse: - “eu sou a faxineira, meu nome é Edilaine, seu pai liga pra você quando acordar”.
Ficou tentando imaginar o que fazer pra apagar os traços de todos os telefonemas que fez. Foi deletando as ligações feitas, mas o aparelho apitava a cada apagão bem sucedido. Com receio de acordar José Alberto, teve uma ideia: pegou o telefone sem fio e jogou dentro do vaso sanitário.
Quando o incauto pretendente acordou, ela esboçou um sorriso e disse: - “Benzinho, você nem imagina que tragédia aconteceu. Eu estava falando com a minha mãe no seu telefone e sem querer ele caiu dentro da privada”.
Meia hora depois tocou o celular do José Alberto. Era a filha, Aline, querendo saber se a Edilaine faxineira deu pra ele o recado.
Foi assim que o José Alberto terminou o quase-futuro-namoro com a Isabel. Já comprou um novo telefone sem fio e agora só faz agenda telefônica no celular, que ele não solta nem mesmo pra dormir.
(Texto de minha autoria, publicado no blog Janela das Loucas).
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3 comentários:
Lindinha
Ainda bem que é apenas uma história,e isso não iria acontecer com voce, pois pelo que me parece voce não é tão ciumenta.
Bjs
Anjo
Ciumenta? Basta não dar motivos, Anjo..RSSS
Beijos
O que faz o ciúme....hahaha
Adorei texto!!!
Beijo
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