
De uma família de mulheres que cozinham maravilhosamente bem, eu nasci ovelha negra. Não sei distinguir farinha de rosca de farinha de mandioca. Não me perguntem se aquele tempero é majericão ou orégano. Aviso logo ao príncipe encantado: se chegar em casa com fome, no máximo eu terei preparado miojo com muito amor e carinho. Com essa fama, jamais eu deveria ter sido convidada pra acampar com meus sobrinhos. Porém, o convite chegou. Comprei lanterna, pilhas, repelente pra mosquitos, protetor solar. Levei um daqueles sacos pra dormir e não esqueci o meu travesseiro. Pareceu tudo perfeito. Lá fomos nós, a tia com uma garotada que curte balada e já deu muitas histórias pra contar.
Lá chegando, a barraca arrumadinha, a moçada toda feliz, surgiu não sei de onde um fogareiro e uma panela, salsichas, um pacote de macarrão e umas latas de molho de tomate pronto. Olhei aquilo com dó da criançada. Isso lá era comida que se aproveitasse? Resolvi melhorar o rango.
– Pode deixar, pessoal, a tia vai preparar o almoço de vocês!
O que sei é que fiquei sozinha, ao meu redor apenas o mato, os mosquitos e o céu azul. Olhei pros ingredientes como quem olha pra um alienígena. Meu primeiro almoço, feito com minhas próprias mãos! Emocionante? Não, aquilo pareceu assustador. Pra acender o fogareiro eu risquei quase uma caixa toda de fósforos, com medo do pequenino botijão de gás explodir. Lasquei uma unha, sujei minha blusinha branca de molho, minhas costas começaram a doer, tamanha era a ansiedade. Dizem que o trabalho dignifica o ser humano, mas aquilo me pareceu uma tarefa semelhante a uma gincana. Cozinhar, muito mais fácil deve ser pilotar uma astronave rumo à Lua.
Primeira etapa vencida, fogo aceso, eu deixei aquilo cozinhar durante alguns minutos. Provei, estava horrível o sabor. Dentro joguei sal, as salsichas e o macarrão. Acho que eu deveria ter cozinhado o macarrão separado, mas achei que assim ficaria mais suculento. Quando começou tudo a grudar no fundo da panela, coloquei água. Mexi, remexi. Já viram papinha de bebê, aquelas com sabor cenoura? Não é que ficou parecido? O resultado foi que todos estavam tão famintos que adoraram. Agora o prato tem nome: “gororoba da Tia Diva”. A receita está aqui, é só copiar:
- 1 pacote de talharini;
- 2 embalagens de salsicha;
- 2 latas de molho de tomate pronto.
- Sal
Primeiro deixe ferver as latas de molho de tomate, jogue dentro da panela o sal, as salsichas e o macarrão. Começou a grudar, coloque água suficiente pra fazer com que se pareça uma sopa cozinhando. E mexa, mexa, mexa, até virar uma gororoba. Pronto.
P.S: Está vendo só querido Santo Antônio? Aprendi a cozinhar, agora eu já posso casar!
7 comentários:
Lindinha
Acho que em breve teremos um livro de receitas publicado. Maravilhoso.
bjs
Anjo
Anjo,
Pra acompanhar esse prato da Diva Latívia eu recomendo sal de frutas ...rsss
Beijo
Eca....deve ficar um horror !!!
Beijo
Afe!
Pudim de salsicha?
O que não faz a fome...kkkk
Olha....sabe que não me bateu aquela vontade de tentar? rsrsrs
bjk!
Se vocês tomarem hepatovis, poderão comer o meu "pudim de salsicha", gostei, Gi! E olhem que nem publiquei que a sobremesa foi sorvete de quiabo!
Diva,
2 dicas IMPRESCINDÍVEIS para quem quer fazer sucesso:
1º - coloque o macarrão em água FERVENTE, e mexa até cozinhar. Antes de comer, jogue a água fora e misture com azeite.
Opção em caso de dificuldade: faça um miojo.
2º nunca, mas NUNCA MAIS publique uma estória que mostre essa sua aptidão culinária, se vc está a fim de casar. Aliás, nunca cozinhe para o seu amado antes do casório. Mostre seus dotes somente depois. Vai por mim.
Da sua sempre amiga,
Gisele.
Pra falar a verdade, eu acho que sapo merece esse tipo de quitute. Regado a muita pimenta!
Pobre Diva, sonhadora. Ainda bem que a autora é um pouco menos inapta pra cozinhar, porém, foi-se o tempo de conquistar marido via estômago. Hoje é preciso trabalhar, pra dividir as contas. Isso sim os deixa maravilhados. E há de surgir uma "princesa" que conteste a minha teoria..rss
Beijo, obrigada pelos comentários!
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