
Acomodei-me na cadeira, o computador diante de mim. Tirei os óculos, estiquei o corpo. Falei sozinha: - ai, vida!
Estive relendo no histórico do MSN a longa troca de mensagens com meu amigo Abílio.
Anos de amizade, dois blogs - entre eles este aqui. Muitos planos, muitos sonhos, cumplicidade, carinho, respeito. E ele, sem aviso prévio, morreu.
Reli a nossa última conversa, ele em "lua-de-papel" em Itacaré. Tinha encontrado a Geanni, com quem pretendia viver um longo e feliz relacionamento. Voltariam dentro de dois dias. Abílio não voltou.
Lembrei do nosso último abraço, na porta da minha casa. Disse o seguinte: - Vamos nos encontrar muitas vezes ainda.
Sinceramente, minha fé passou por uma prova de fogo após esse episódio. Durante algum tempo eu me recusei a entrar na igreja que frequento. Olhei muitas vezes pro céu, tentando dimensionar o tamanho do infinito. Não mais depositei flores no túmulo da minha mãe, não mais fiz o sinal da cruz. Nada. Prepotência de minha parte, provavelmente.
Assim prossegui até o dia que meu namorado me pegou pelas mãos e me conduziu até à igreja. Lá a emoção tomou conta de mim, estava na casa do Cara, aquele que conhece todas as minhas tristezas, medos, esperanças. O mesmo que levou embora o Abílio pra algum lugar. Foi nesse dia que sepultei meu amigo, finalmente. Eu o deixei ir.
Morte física, fragilidade, finitude. É por isso que decidi escrever mais, amar de peito aberto, cortei os cabelos, passei a andar descalça mais vezes, rir muito de mim mesma e me esforço pra perdoar os erros meus e alheios.
Não há tempo a perder. Vida breve!
Um comentário:
É verdade!... O tempo voa!... Voa!...
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